Catadora de recicláveis é despejada e agora espera por ajuda morando em calçada
Maria Vieira dos Santos, 43 anos, morava havia dez anos numa casa em um bairro de classe média de Campo Grande, o Santa Fé. A história de dificuldades dessa mulher começou aos três anos, quando a mãe dela morreu. Depois, aos 13, foi o pai que faleceu. Desde então ela resolveu sair pelo mundo em busca […]
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Maria Vieira dos Santos, 43 anos, morava havia dez anos numa casa em um bairro de classe média de Campo Grande, o Santa Fé.
A história de dificuldades dessa mulher começou aos três anos, quando a mãe dela morreu. Depois, aos 13, foi o pai que faleceu. Desde então ela resolveu sair pelo mundo em busca do próprio sustento coletando materiais recicláveis. Após dois anos de tolerância o proprietário do imóvel que ela alugava por R$ 100,00 entrou com uma ação de despejo e a mulher teve que ir para a calçada.
Embora tenha desocupado a casa que, inclusive, já passa por obras, Maria Vieira tem até o final da tarde desta segunda-feira (24) para retirar todo seu material e encontrar outro lugar para morar. Enquanto não encontra um local, ela está na calçada com suas pilhas de produtos recolhidos em lixeiras e terrenos baldios. Nos últimos dias cumpriu a determinação de desocupar o imóvel, mas continuou dormindo do lado de fora, ao relento, e durante o dia sua peregrinação em busca de mais recicláveis continuou.
Maria que era uma moradora de bairro nobre, embora com mínimas condições para se alimentar pelo pouco dinheiro que conseguia arrecadar com a venda dos recicláveis, média de R$ 15 ou menos por dia, diz não mais conseguir chorar contando sua história de vida. “Eu saí de São Paulo depois que meu pai morreu. Ainda nova e sem juízo preferi tentar me manter e foi mexendo com lixo que cheguei até aqui, depois de morar um tempo em Três Lagoas”, conta.
Com mãos calejadas que parecem mais de trabalhadores da roça, Maria Vieira relata que trabalha os três turnos em busca de materiais para poder vender. Ela não consegue descrever quantos quilômetros anda por dia com seu carrinho, mas acredita que são mais de 50. “Ainda pra piorar outro dia passaram aqui dois motoqueiros e roubaram uns produtos que eu tinha recolhido. Tenho certeza que eles não precisavam disto, fizeram de sacanagem mesmo”, lamenta.
Questionada sobre seu desejo mais urgente neste momento, a catadora de recicláveis diz que em primeiro lugar o respeito das pessoas porque muitos olham para ela como uma pessoa não digna de confiança. “Tem gente que acha que porque estou nesta condição sou ladra. Não vivo assim porque quero, mas porque não consegui emprego, até porque a escolaridade deixa a desejar”, admite. O segundo pedido é por um local que consiga pagar um baixo valor de aluguel. Além disso, se encontrasse um emprego para doméstica ou até mesmo cuidar de uma chácara, Maria Vieira diz que estaria realizada.
Enquanto nenhum desejo de ajuda não chega, a catadora de produtos recicláveis diz que vai tentar uma vaga num albergue para não ficar na rua. Até o final da tarde quem quiser ajudar a dona Maria Vieira pode procurá-la na Rua Zezé Flores quase esquina com a Manoel Inácio de Souza, pois celular ela não tem.
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