Vazamento nos EUA deixa o Brasil em alerta

O acidente com a plataforma de petróleo Deepwater Horizon nos Estados Unidos, que completa dois meses neste domingo (20), deixou o Brasil em alerta. O país utiliza em suas plataformas em alto-mar a mesma tecnologia que poderia ter evitado o vazamento no golfo do México, que se transformou na pior tragédia ambiental do gênero na história americana.

O exato problema que provocou a explosão e o posterior afundamento da Deepwater Horizon ainda é um mistério. O analista ambiental e assessor do gabinete do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Robson Calixto, aguarda a conclusão das investigações.

– Poderíamos ter o mesmo problema com o equipamento no Brasil. Agora vamos esperar as investigações apontando qual foi a falha.

O equipamento ao qual Calixto se refere é o BOP, adotado pelo Brasil e por outros países que exploram petróleo em águas profundas. Trata-se de um aparelho responsável por controlar a pressão no fluxo de gás do poço. Ele pode ser acionado em casos extremos para evitar vazamentos de óleo e uma possível explosão.

– Antes uma falha no BOP era apenas hipótese, hoje é uma realidade.

O Ibama também afirmou que seus três técnicos viajaram ao golfo do México entre os dias 22 e 30 de maio.

O vazamento na plataforma operada pela British Petroleum (BP) começou no último dia 20 de abril. Estima-se que sejam liberados no mar entre 30 mil e 60 mil barris de petróleo por dia (de 4,8 a 9,5 milhões de litros). Os dados foram divulgados na última quinta-feira pelo comandante da Guarda Costeira americana, Thad Allen.

Além do auxílio brasileiro, os EUA apresentaram um segundo pedido de ajuda no começo de junho à União Europeia. O país também já recebeu equipamentos de países como o Canadá e México.

Acidente faz Brasil atualizar plano

Preocupados com as consequências do vazamento no golfo do México, a bancada de ambientalista do Congresso brasileiro, representantes do MMA e do setor produtivo do petróleo vêm debatendo propostas para conter um desastre ambiental de mesma proporção no Brasil, caso ele aconteça.

No último dia 9 de junho, foi convocada uma reunião em Brasília para atualizar o Plano Nacional de Contingência para Derramamento de Óleo, projeto encabeçado pelo MMA em parceria com a Marinha.

O assessor Robson Calixto, do MMA, esteve no encontro.

– Geralmente quando acontece um acidente grave como este ocorrem mudanças na legislação. Ela fica mais firme, e as regras para seguros e indenizações ficam mais claras.

O plano tem como objetivo definir papeis e estratégias de várias instituições do governo no caso de acidente em uma plataforma de petróleo, além de estabelecer ações preventivas. O projeto se encontra em fase final de elaboração e deve ser encaminhado para votação entre julho e agosto desse ano.

– O governo tem que estar preparado e saber agir caso aconteça desastres como o dos EUA.