Marcas no corpo de jovem que morreu em presídio afastam hipótese de suicídio, dizem familiares

Wellinton, que estava sob custódia da Agepen desde 15 de setembro, faltou a uma audiência no Fórum na quinta-feira (18) e um dia depois foi encontrado morto na cela disciplinar do Presídio de Trânsito. Família não acredita na hipótese de suicídio.

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Wellinton, que estava sob custódia da Agepen desde 15 de setembro, faltou a uma audiência no Fórum na quinta-feira (18) e um dia depois foi encontrado morto na cela disciplinar do Presídio de Trânsito. Família não acredita na hipótese de suicídio.

Pés quebrados, unhas arrancadas e lesões na cabeça. Marcas que, segundo a família de Wellinton de Arruda Corrêa, 19 anos, descartam a hipótese de suicídio. O rapaz foi encontrado morto na cela disciplinar do Presídio de Trânsito de Campo Grande na sexta-feira (19), um dia depois ter faltado a uma audiência na 2ª Vara Criminal.

Para a avó de Wellinton, Aparecida Corrêa, que o visitava com frequência, a versão de suicídio não explica as marcas encontradas no corpo do neto. Ela diz que foi avisada da situação pelos próprios presos, e que em nenhum momento os agentes penitenciários deram notícia aos parentes de que Wellinton estava na cela disciplinar.

Os familiares também consideram estranho o fato de ter sido encontrada uma corda ao lado do corpo do rapaz, que estava em uma cela disciplinar, ou seja, totalmente isolada.

Ana Paula de Oliveira, que seria testemunha de defesa na audiência, também rejeita a possibilidade de suicídio. “Nós vimos as fotos da perícia, a janela é mais baixa do que a altura do corpo”, relata.

Aparecida diz ainda que, no dia da audiência, o juiz Olivar Augusto Roberto Coneglian foi informado de que não havia escolta disponível para conduzir o rapaz, mas outros detidos no Presídio de Trânsito foram levados no mesmo dia até o fórum.

A avó afirma que o rapaz era dependente químico desde os 12 anos de idade, mas fazia tratamento no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) e tomava medicamentos controlados. Apesar disso, ele sofria de convulsões na cela. “Ele não precisava de cadeia, precisava era de cuidados”, diz Aparecida.

O mais velho de oito irmãos, “Tom”, como era chamado Wellinton, vendia produtos de limpeza para ajudar a avó que mora no bairro Aero Rancho. Mas o crack era mais forte e frequentemente afastava o rapaz da família. “Eu quero justiça, que sejam feitos exames para esclarecer a morte do Tom”, pede a avó.

O tio do pai de Wellinton, Orivaldo Mengual, quer que o governo se responsabilize pela morte do rapaz. “Ele jamais cometeria suicídio. Tiram ele da família e nos entregam morto”, desabafou.

Wellinton foi preso em flagrante pela PM no dia 31 de agosto, depois de roubar um celular na Vila Progresso, na Capital. Segundo a Polícia Civil, o jovem simulou ter uma faca na cintura e com isso ordenou que a vítima, um jovem de 15 anos entregasse o aparelho telefônico.

Moradores perseguiram o rapaz, que foi preso e conduzido pela PM para a Derf (Delegacia Especializada em Roubos e Furtos). Ele foi encaminhado para o PTran no dia último dia 15 de setembro.

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