Glauco Vilas Boas e Raoni são enterrados em dia de sol

Em um dia de muito sol e calor, com temperatura em torno de 32ºC, foram enterrados hoje os corpos do cartunista Glauco Vilas Boas, 53, e de seu filho Raoni, 25, no cemitério Gethsêmani Anhanguera, zona norte de São Paulo. Centenas de amigos e familiares foram se despedir do cartunista no velório e no enterro. […]

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Em um dia de muito sol e calor, com temperatura em torno de 32ºC, foram enterrados hoje os corpos do cartunista Glauco Vilas Boas, 53, e de seu filho Raoni, 25, no cemitério Gethsêmani Anhanguera, zona norte de São Paulo. Centenas de amigos e familiares foram se despedir do cartunista no velório e no enterro. Glauco deixa um legado de criticidade antológica em sua vasta obra.
A viúva de Glauco, Beatriz Galvão, conhecida como Madrinha Bia na igreja que liderava ao lado do marido, estava inconsolável e abatida, apesar de confortada por amigos. Houve comoção durante a cerimônia, o caixão do cartunista da Folha ficou coberto com um bandeira do Corinthians, e posteriormente com outra do Santo Daime, que contém uma cruz e uma estrela de seis pontas); o caixão de Raoni levava uma bandeira do São Paulo.
Durante toda a cerimônia fúnebre, fiéis daimistas entoaram os cânticos do Santo Daime, especialmente os contidos nos hinários compostos por Glauco.
O cortejo com os corpos chegou ao cemitério às 9h30. O velório começara quase 18 horas antes, na tarde de sexta-feira (12). Ocorreu na igreja Céu de Maria, da qual Glauco é fundador. A igreja ficava ao lado de sua casa e do local em que foram assassinados Glauco e seu filho, Raoni.
O principal suspeito de ter cometido os crimes é Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24, que era conhecido da família. Até o momento da publicação deste texto, ele continua foragido.
O delegado afirma que o suspeito estava acompanhado de mais um homem, que dirigiu um Gol cinza usado na fuga. Inicialmente suspeitava-se que havia um terceiro criminoso, hipótese descartada neste momento.
O suspeito, que já tem passagem na polícia por porte de entorpecentes, aparentava estar sob efeito de drogas durante o crime, disseram testemunhas, que também afirmaram que ele estava em “delírio”, dizendo ser Jesus.
Uma enteada de Glauco, que presenciou o crime, detalhou à polícia como o cartunista foi morto. Além dela, o concunhado Douglas Pinheiro e outro vizinho que chegou à casa após o crime contaram o que viram.

 

Segundo as testemunhas, o suspeito chegou à chácara e rendeu a enteada de Glauco, que mora em uma casa no mesmo terreno. O artista e sua mulher, Bia, ouviram gritos, foram ao quintal e começaram a conversar com Nunes.
Ele era conhecido da família por já ter frequentado a igreja Céu de Maria. Segundo o relato dessas testemunhas, Cadu, como era conhecido o suspeito, delirava e queria levar todos para a casa de sua mãe, no Pacaembu, em São Paulo, com o objetivo de contarem a ela que ele era Jesus Cristo. Ele estava armado com uma pistola automática e uma faca.
Glauco tentou negociar com Nunes para ir sozinho, e chegou a ser agredido. De acordo com o delegado Archimedes Veras Júnior, responsável pela investigação, Glauco não reagiu e mesmo assim foi baleado quatro vezes no tórax.
No meio da discussão, segundo a polícia, Raoni chegou ao local de carro e acabou baleado também, outras quatro vezes. Os dois chegaram a ser levados ao hospital, mas morreram.
“Ele [Raoni] não teve nem a chance de partir pra cima. Quando o Raoni chegou, o Cadu já estava atirando [em Glauco]”, disse Veras Júnior.
Nunes deve ser indiciado por duplo homicídio doloso (com intenção); seu comparsa deverá responder por envolvimento no crime.
O pai e o avô de Nunes prestaram depoimento à polícia e disseram que o jovem usava drogas e tinha problemas psicológicos, mas que não era agressivo. À polícia disseram que Glauco era homem bom e dava conselhos ao jovem.
Carreira
Nascido em Jandaia do Sul, interior do Paraná, Glauco começou a publicar suas tirinhas no ‘Diário da Manhã’, de Ribeirão Preto, no começo dos anos 70.
Em 1976, foi premiado no Salão de Humor de Piracicaba e, no ano seguinte, começou a publicar seus trabalhos na Folha de maneira esporádica. A partir de 1984, Glauco passou a publicar suas tiras regularmente no jornal.
Entre seus personagens estão Geraldão, Cacique Jaraguá, Nojinsk, Dona Marta, Zé do Apocalipse, Doy Jorge, Ficadinha, entre outros.
Em 2006, ele lançou o livro “Política Zero”, reunião de 64 charges políticas sobre o Governo Lula publicadas na página 2 da Folha.

 

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