Em evento público, prefeito ataca promotoria por vistoriar postos de saúde

O prefeito de Campo Grande Nelsinho Trad (PMDB) atacou hoje a atitude Promotoria de Justiça da Cidadania do Ministério Público Estadual que realizou vistorias em unidades da rede pública de saúde da Capital. Ao chegar para a entrega de kits escolares em um centro de educação infantil no Jardim Itamaracá reclamou de “insensatez” e “hipocrisia”. […]

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O prefeito de Campo Grande Nelsinho Trad (PMDB) atacou hoje a atitude Promotoria de Justiça da Cidadania do Ministério Público Estadual que realizou vistorias em unidades da rede pública de saúde da Capital. Ao chegar para a entrega de kits escolares em um centro de educação infantil no Jardim Itamaracá reclamou de “insensatez” e “hipocrisia”.

A verificação da Promotoria que durou toda a quinta-feira, começou de madrugada. “Qualquer dia desses eu também vou visitar o Ministério Público às 5 horas”, disse Nelsinho aos repórteres. O relatório preliminar da Promotoria apontou irregularidades como “omissão” no atendimento à população, notícia que deixou o prefeito visivelmente irritado.

A Promotora de Justiça Sara Francisco Silva esteve no Hospital Santa Casa; no Centro Especializado Municipal; no Centro Regional de Saúde (Dr. Germano Barros de Souza) e Unidade Básica de Saúde do Bairro Universitário; no Centro Regional de Saúde do Bairro Guanandy e na Unidade Básica de Saúde Dona Neta.

Foram constatadas reclamações de várias pessoas. Uma delas disse que para receber atendimento se deslocou para a UBS às 22 horas do dia anterior. Um idoso com 72 anos estava na fila desde as 1h40 e as fichas de atendimento só começaram a ser entregues a partir das 6h30. Outro detalhe é que alguns pacientes foram dispensados por falta de médios especializados para a sua consulta.

O prefeito reconheceu que o Ministério Público está trabalhando dentro de suas atribuições, mas agiu de maneira errada. Ademais destacou que a prefeitura tem trabalhado em um “projeto modelo” para distribuir melhor os pacientes de acordo com suas necessidades e evitar longas esperas.

“É uma atitude insensata. Não é assim que se consegue as coisas (…) Fazer uma ação como esta só para tentar pegar alguma coisa, às 4 horas da manhã (…) Não é assim que as coisas funcionam. Porque é que não vai lá na Secretaria de Saúde para ver como está se informatizando o processo. Eu tenho o direito de achar que está errado”, desabafou.

O prefeito se queixou ainda que não se toma qualquer atitude quanto à vinda de pacientes de outros municípios que sobrecarregam o sistema de saúde local. “Porque não fica lá nas portas de entrada da cidade para ver quantos pacientes que chegam de outros municípios por dia. É uma hipocrisia achar que saúde toda a responsabilidade tem que cair nas costas do prefeito”, reclamou.

Nelsinho também conclamou os membros do Ministério Público a se somarem à prefeitura na reivindicação pela regulamentação da Emenda 29 que redistribui os recursos para área da saúde pública.

Outra bandeira é a criação da CSS (Contribuição, Social para Saúde). “ Tem um lobby violento dos grandes empresários que não querem a CSS. A contribuição seria o maior pente fino na fiscalização do Imposto de Renda. Se você falar para a população, ela não se negará a pagar a CSS, mas o empresariado não quer”, mencionou.

Situação das UBS

Apesar da problemática encontrada pela Promotora ela destacou a situação do CRS Universitária e da UBS Dona Neta. “Verifica-se que a UBS está flagrantemente e elogiavelmente em situação superior ao um CRS, tanto em humanização quanto organização no atendimento à população”, diz a promotora.

Porém, ela diz ter ficado alardeada com os horários que a população tem que se submeter para conseguir atendimento. “As filas na madrugada e a ausência de atendimento são práticas arcaicas que não correspondem ao SUS nem ao século XXI com toda informatização disponível nos centros e unidades de saúde”.

De acordo com a Promotora Sara também foram visitados o CRS Vila Almeida e UBS Tiradentes. Porém ela se pronunciará detalhadamente sobre todas as visitas no relatório final que deverá apontar a melhor solução para apurar as devidas responsabilidades, seja através da instauração de um Inquérito ou de uma Ação Civil Pública.

(Com informações da Assessoria da MPE)

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