Corumbá realiza ações de combate à dengue

Com quase 500 notificações suspeitas; 78 casos confirmados e uma morte, segundo dados da Secretaria Executiva de Saúde Pública – apurados até o início desta semana –, Corumbá vem desenvolvendo diversas e simultâneas ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. As iniciativas visam mobilizar e conscientizar a população sobre o que pode […]

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Com quase 500 notificações suspeitas; 78 casos confirmados e uma morte, segundo dados da Secretaria Executiva de Saúde Pública – apurados até o início desta semana –, Corumbá vem desenvolvendo diversas e simultâneas ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. As iniciativas visam mobilizar e conscientizar a população sobre o que pode ser feito para evitar a evolução da doença. Entre as orientações estão a limpeza dos quintais, armazenamento adequado de materiais como garrafas, pneus e plantas.

As pessoas até que escutam, mas a prática cotidiana pede passos mais amplos. Como mobilizar o dono de uma casa que está há vários anos trancada? Como mobilizar os proprietários dos terrenos baldios? Com o intuito de responder a estes questionamentos, a Secretaria Executiva de Saúde Pública vem reunindo equipes para atuar na limpeza destes terrenos e visitas aos imóveis. É que o descaso traz riscos aos vizinhos e acaba se tornando um problema para toda uma cidade.

Balbino de Arruda, 83 anos, sabe muito bem o que é depender da limpeza do quintal alheio. No começo do ano, ele contraiu a doença e sentiu na pele a agonia que ela traz. “Pensei que fosse morrer, pensei que meu corpo fosse se quebrar de tanta dor, ou que minha cabeça fosse rachar, é insuportável”, contou ao lembrar os sintomas que o afligiram durante uma semana. Arruda disse que não entendeu as razões de ter contraído dengue, já que seu quintal é cimentado e apesar da idade, ele sempre cuida da limpeza. “Em minha casa gosto de tudo limpo e arrumado, não tenho plantas, nem animais para ter água parada em vasilhas. Limpo até meu telhado para evitar acúmulo de sujeira, mas em contraposição, tem um terreno baldio atrás de minha casa, outro na esquina e também ao lado de minha casa. Estou cercado pelos focos do mosquito, meu medo é pegar dengue novamente pois minha idade não me ajuda muito em resistir à doença”, frisou Balbino ao Diário.

Mesmo com os 83 anos e certas impossibilidades, “seu” Balbino, morador do Centro de Corumbá, faz questão de cuidar pessoalmente de toda a limpeza da casa. “Hoje já capinei a frente de minha casa pois estava muito suja, as pessoas jogam coisas aí no terreno ao lado e os animais carregam e deixam sacolas, garrafas pet, latinhas, muita coisa se acumula e tenho que limpar. Para manter o local limpo, só capinando”, disse.

O comerciante Valmir Antunes, 34 anos, teme que seu nome seja incluído nas estatísticas da dengue, não pelo fato dele não tomar suas providências, mas pelos quintais que o rodeiam. “Há três anos aluguei este comércio e aqui tenho morado e tirado meu sustento, mas a situação está complicada, pelos vizinhos que me cercam, ou até pela falta deles, pois se pessoas estivessem morando no local, talvez minha preocupação fosse menor.”

Valmir é morador do bairro universitário, mora na rua da Candelária e vive cercado de terrenos baldios, que mesmo com as placas que indicam a proibição de se jogar resíduos na área, os moradores da redondeza não respeitam. “O problema é que as pessoas jogam o lixo à noite. Para mim é mais complicado ainda porque tenho comércio e já ocorreu de terem jogado animais mortos ao lado de casa, me deixando constrangido com meus clientes pelo mau cheiro. Parar de trabalhar não posso, tenho que abrir meu comércio seja do jeito que for. Se as pessoas tivessem um pouco mais de higiene e consciência, estas situações não estariam acontecendo, afinal, o mosquito da dengue tem facilidade de procriar onde há acúmulo de entulhos e água parada”, afirmou.

O bairro Universitário e o Centro da cidade são as áreas que apresentam maior índice de casos de notificações da doença, segundo o levantamento da Secretaria de Saúde Pública. O Centro apresentou 80 notificações e 20 casos confirmados até o dia 25 de fevereiro. Já o Universitário registrou 73 notificações e 21 confirmações.

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