Foi ainda nos anos 90 que a microempreendedora Vera Rossatte, de 54 anos, teve a sacada que mais tarde se tornaria a principal fonte de renda. Costureira, passou a comprar linha e zíper em quantidade maior do que usava, tudo para não ter que sair de casa sempre que precisasse dos materiais. Da situação corriqueira, criada para fugir das frequentes idas e vindas ao Centro de , a trabalhadora viu despontar os primeiros passos rumo ao próprio negócio. 

“Outras costureiras do bairro me viam no ônibus trazendo os produtos, com o tempo, começaram a bater na minha porta pedindo para comprar. Elas também não queriam ter que sair do bairro e ir até o Centro”, lembra.

Analisando a demanda das companheiras de profissão, somada à vantagem de conseguir fornecer os materiais que procuravam, Vera decidiu unir o útil ao agradável e viu brotar o primeiro pensamento empreendedor. “Eu comprava acima de 10 itens e ganhava desconto de atacado na loja. Como as outras costureiras vinham com frequência atrás de uma coisa ou outra, surgiu a ideia de pegar para revender”, explica.

Em 2019, loja foi reaberta na Avenida principal do Bairro Zé Pereira. (Foto: Arquivo Pessoal)

A coisa deu tão certo que a trabalhadora passou a comercializar todo tipo de aviamento, com o passar do tempo, o que começou por um acaso foi elevado a um patamar 100% profissional. Na incubadora do Bairro Zé Pereira, onde mora até hoje, Vera fez cursos que a ajudaram a entender e formatar seu negócio.

Registro de MEI 

Depois de muito estudo e anos colocando em prática o que aprendeu, em 1998 veio o registro de MEI (Microempreendedor Individual): nascia oficialmente a loja Vera Aviamentos e Cosméticos do Bairro Zé Pereira, inclusive, com catálogo de ofertas ampliado para incluir variados tipos de produtos para higiene e cuidado do corpo.

“Comecei tudo na sala da minha casa e com o tempo a coisa foi ampliando. Em abril de 2019, eu já tinha bastante mercadoria e surgiu a possibilidade de abrir um ponto na avenida principal do bairro”, comenta. 

Competitividade em Campo Grande

Com mais de 20 anos de história e atuante no mercado, a microempresária Vera Rossatte retrata a realidade do empreendedorismo em Campo Grande, que tem apresentado bons resultados nacionais.

De acordo com balanço que avalia a concorrência dos municípios brasileiros, a Capital de é a nona do País com melhores condições para quem quer ser dono do próprio negócio. A análise, feita pelo Ministério da Economia, considerou contextos aplicados na cidade para abertura e manutenção de estabelecimentos econômicos durante o ano de 2022.

Com 64,62 pontos, em uma escala que varia de 0 a 100, Campo Grande fica atrás apenas de (79,40), (64,88), Recife (74,22), Salvador (70,34), (78,94), Curitiba (78,98), Florianópolis (73,23) e Porto Alegre (74,87). No ranking da região Centro-Oeste, Cuiabá tem 46,54 pontos e Goiânia, 45,51. 

No relatório apresentado, o Ministério da Economia pontuou que avaliou, entre outros pontos, as “diferentes estruturas organizacionais locais, com suas particularidades e desafios, que influenciam na efetiva implantação das medidas de simplificação pactuadas em nível federal”. 

Por fim, considerou que “um bom ambiente de negócios é aquele que permite a abertura de empresas de forma simples, ágil e de maneira eletrônica, confiando no empreendedor e o desonerando do tempo e custo causados pelos procedimentos demasiadamente burocráticos”.