O Banco Central conseguiu acalmar pontualmente o estresse no mercado de câmbio na tarde desta segunda-feira, 11, ao fazer intervenção de US$ 500 milhões em swap (venda de dólar no mercado futuro), mas não impediu que a moeda americana terminasse o dia no maior valor em mais de dois meses. Em dia de fuga de ativos de risco no mercado internacional, por conta do avanço dos casos de , os ativos brasileiros, incluindo o real, foram especialmente penalizados pelos investidores, por conta da incerteza fiscal e da falta de definição sobre o processo de vacinação nacional. Com isso, o real teve um dos piores desempenhos do dia no mercado internacional.

No pior momento da segunda-feira, o dólar chegou a encostar em R$ 5,52, o que não acontecia desde meados de novembro. No fechamento, o dólar à vista terminou o dia em alta de 1,61%, a R$ 5,5036, o maior valor desde 5 de novembro (R$ 5,54). No mercado futuro, o dólar para fevereiro subiu 1,23%, a R$ 5,4910.

“Tem duas coisas fundamentais para o Brasil, o teto de gastos e a vacinação. Se conseguir manter o teto e vacinar, vamos ter um ano muito melhor”, afirmou o economista-chefe da Genial Investimentos, José Marcio Camargo. Em live nesta tarde, ele observou que tem uma forte pressão no Congresso para estender o , movimento que vai prosseguir mesmo após a definição dos presidentes de Câmara e Senado, que, segundo Camargo, devem enfrentar eleição bastante disputada.

Sobre a vacinação, Camargo destaca que o Brasil está atrasado neste processo, o que causa intranquilidade. Ao mesmo tempo, o economista lembra que o Brasil tem tradição em vacinar e pode conseguir fazer o processo rapidamente, enquanto países avançados estão tendo dificuldade de avançar na velocidade que o mercado esperava. “O Brasil tem estrutura de vacinação muito bem desenvolvida. O problema é a falta de vacina.”

Os estrategistas em Nova York do Citigroup avaliam que com o recente avanço dos casos de coronavírus no Brasil, cresceu a preocupação do aumento de gastos públicos para lidar com a pandemia, especialmente em programas de distribuição de renda, como a prorrogação do auxílio emergencial. O Citi comenta que a pressão por medidas sociais aumentou e senadores em passaram a coletar assinaturas para discutir o novo auxílio aos mais pobres. O banco americano calcula que, se o pagamento mensal ficar até em R$ 300,00, o impacto fiscal seria de R$ 25 bilhões por mês, ou 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) ao mês.

No exterior, o dólar teve novo dia de valorização ante moedas fortes e emergentes. O analista sênior do banco Western Union, Joe Manimbo, observa que o crescimento de casos de coronavírus, agora também ma China, ajuda a embaralhar o cenário econômico. Além disso, o ambiente de tensão política em não ajuda. Com isso, o dólar testou as máximas em três semanas ante o euro e subiu de forma generalizada nos emergentes, enquanto a curva de juros futuros dos Estados Unidos passou a ficar ainda mais inclinada.