Com  cenário de dúvida, única certeza é a cautela

Nem a maior feira de agronegócios do país, a 23ª Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), que acontece desta segunda a sexta-feira em Ribeirão Preto/SP, escapou da incerteza política e econômica. O setor, que até poucos meses mostrava uma ‘confiança’, agora “está pisando em ovos”, segundo o presidente de honra do evento, Maurílio Biagi.

Nesta segunda-feira (25), durante conferência de abertura os organizadores demonstraram preocupação com o futuro do setor no país. “Vai mudar, não vai mudar, o que pode acontecer? Nós não sabemos”, disse Biagi.

Com a valorização do câmbio, o setor também espera uma maior exportação em 2016. Mas, a preocupação ainda é a segurança jurídica. “Sem isso, não existe um custo de capital adequado a atividade agrícola, ou seja, cada vez mais se cria riscos, criando riscos precisa trazer mais subsídios. Queremos ao contrário, que diminuam os riscos, que o mercado vai conseguir atuar, e o governo liberar  recursos para outras atividades que não estejam no mesmo nível de desenvolvimento”, pontua o presidente  da SRB (Sociedade Rural Brasileira), Gustavo Junqueira.

Maurício da Silva é produtor rural no interior de São Paulo há mais de 10 anos, e foi a feira ver as novidades, mas não confirma investimentos em máquinas neste ano. “A gente vem ver as novidades do mercado, vê como está o desenvolvimento do setor, mas os problemas com a crise no país fazem a gente frear um pouco. Vamos ver bem, e pesquisar, quem sabe”, afirma.

Em 2015, a Agrishow, segundo presidente  do evento, Fábio Meirelles, sofreu queda de 30% nas vendas, e a explicação foi a incerteza política e os altos juros. Neste ano, os organizadores esperam que passem 160 mil pessoas pelo evento, e que o ganho seja maior que no ano anterior.

“O impacto do dólar é altamente positivo para o produtor porque parte dos custos ele faz em reais, e a valorização do câmbio impacta diretamente os preços das commodities. Porém, no campo das máquinas, o mercado tem se apresentado com uma significativa redução, e por conta disso não há aumento de preços. Estamos com valor de juros altamente convidativo, uma taxa Selic de 14,25% com juros de 7,5%, não tem como não comprar. Agora é o momento”, ressalta Maturro. 

Plano Safra

O Plano Agrícola e Pecuário 2016/2017, que garante  investimentos estratégicos aos produtores, ainda gera dúvidas no setor. Durante conferência de abertura, o vice-presidente da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), Francisco Matturro, afirmou que não haver á problemas e os recursos serão suficientes.

A certeza não é levantada por todos. “Sabemos que o plano está, tecnicamente, bem avançado dentro dos ministérios, falta a chancela do governo”, finaliza o presidente da Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos), Carlos Pastoriza.