Temporais e ondas de calor fizeram sul-mato-grossense sentir na pele caos climático em 2023
Clima atípico e inédito de 2023 deixou sul-mato-grossenses de boca aberta
Fábio Oruê –
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O clima instável em Mato Grosso do Sul neste 2023 fez os sul-mato-grossenses sentirem na pele como é ir do ‘céu ao inferno’, no sentido figurativo da frase. Enquanto janeiro ficou marcado pelas tempestades – que deixaram estragos em várias cidades do Estado -, nos últimos meses, a população ansiava por uma ‘chuvinha’ para amenizar as ondas de calor.
Se você acredita em astrologia, as previsões para este ano traziam Saturno em peixes, que indicavam imprevistos que fugiam do alcance do planejamento, como desastres naturais e outras ocorrências que faziam com que nem sempre consigam realizar todo o planejado.
Para os céticos, porém, a crença que resta é que o caos climático vivido ao longo dos últimos 12 meses é aviso de pé no freio para políticas ambientais sérias e urgentes, sob o risco do imprevisível.
O imprevisível, a propósito, já chegou. Disparidades na temperatura e no clima foram materializadas em tragédias ambientais, dos alagamentos aos incêndios, casos de hipertermia e gente que morreu de frio. Imprevisível e instável.: palavras-chave de 2023 nessa seara.
2023 começou com chuva destrutiva
Água não faltou nos primeiros meses do ano – tanto que Campo Grande sofre com seus estragos até hoje. Talvez, o problema mais emblemático e visível, ao menos para quem está na zona urbana, seja o da região do Lago do Amor.
No dia 4 de janeiro, forte chuva inundou completamente o trecho do lago, resultando no desmoronamento de parte da passarela lateral de um lado da Avenida Filinto Muller. Entretanto, 11 meses depois, a população ainda sente as consequências daqueles estragos.
A Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) só finalizou as obras de recuperação da passarela no último dia 9 de dezembro, ao custo de R$ 3,8 milhões. Esse local mobilizou equipes da prefeitura durante todo o ano, desde a interdição até os diversos problemas que apareceram durante e após a finalização.
Isso porque a obra foi entregue primeiro em setembro, após contratação de empresa prestadora de serviço em contrato emergencial, ou seja, sem licitação. Contudo, cerca de 30 dias depois, a calçada milionária começou a ceder e precisou de nova intervenção. O local recebeu a recomposição estrutural do aterro, vertedouro, muro de contenção e seus complementos.
Estragos continuaram castigando MS
Nem só a Capital sofreu com as fortes chuvas no primeiro semestre de 2023. No final de abril, poucas horas de temporal foram suficientes para deixar Sidrolândia debaixo d’água e sem energia elétrica. O acumulado de chuva chegou a 72 milímetros.
Simultaneamente, Maracaju sofreu o mesmo. A chuva forte alagou ruas e derrubou árvores. A água inclusive invadiu casas e comércio. Os estragos causados pelos temporais desde o fim de março fizeram o governador Eduardo Riedel (PSDB) reconhecer situação de emergência em mais de 18 municípios do Estado.
2023: o ano da água e do fogo
O ciclo do tempo de 2023 em Mato Grosso do Sul passou por dois elementos naturais que historicamente ‘vivem’ em guerra. Enquanto o primeiro semestre foi marcado pela água, o segundo foi dominado pelo fogo.
A paz reinou em agosto, chuva, frio e calor equilibrados. Mas a chegada de setembro surpreendeu com a primeira do que seriam as ondas de calor que ainda torturam os sul-mato-grossenses. Por conta do fenômeno El Niño, a partir desta época, as chuvas também sumiram por meses.
Por exemplo: Porto Murtinho ganhou destaque seguidamente ao bater os próprios recordes de temperaturas máximas, chegando a 43,4°C. Inclusive, o município ocupou o pódio da cidade mais quente do país. Setembro eo e outubro foram os meses mais quentes do ano, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
Surpresa na conta de luz
Assim como o frio, o calorão exagerado também mudou a rotina da população, que sentiu o calor na pele e o peso no bolso. Isso porque aumentou o uso dos ventiladores e aparelhos de ar-condicionado, impactando diretamente na conta de luz e também no consumo de energia.
Energia é necessária e indispensável para suportar as ondas de calor praticamente inéditas. Durante o calorão, para se refrescar, o morador busca alternativas, o que acaba gerando maior gasto de energia elétrica. E o grande “vilão no consumo” foi o ar-condicionado.
Assim, com ventiladores, condicionadores de ar, climatizadores e geladeiras funcionando a todo vapor, a rede elétrica não suportou. Resultado: moradores ficaram sem energia por diversas vezes.
Além da conta, a venda desses itens também aumentou chegando a esgotar o estoque das lojas em Campo Grande. Os efeitos do calor não param por aí. Além da pele e do bolso, a saúde também mostrou a conta. O clima também impacta em outros setores da vida cotidiana – como a saúde (com doenças sazonais).
Frio de -3,9°C
Antes da onda de calor dar um sol para cada um, o frio congelante deu as caras em MS, na metade do ano. Quem ficou feliz mesmo foram os vendedores de casacos, que faturaram alto com as diversas frentes frias que marcaram aqueles meses.
A gerente de uma loja na Rua 14 de Julho, Jaqueline Santana, disse ao Jornal Midiamax que as vendas aumentaram em 50% de um dia pra o outro por causa do frio. “Nós já deixamos o estoque preparado para o inverno”, afirmou, na ocasião.
Já em uma loja de vestuário na Rua Barão do Rio Branco, a gerente Ana Claudia Correa disse que muitos clientes anteciparam as compras em uma semana – o que também elevou as vendas em 50%.
Isso porque a intensidade do frio pegou todos desprevenidos. “De ontem para hoje o pessoal entrou em desespero porque foi todo mundo pego de surpresa”, relatou.
As frentes frias mais severas já começaram desde maio, com as temperaturas atingindo 4°C naquele mês, em Iguatemi. Em junho, campo-grandenses foram surpreendidos com neblina que tomou conta da cidade ao longo de toda o dia 12 – o primeiro dia daquela frente fria. Os prédios encobertos pela gélida ‘cortina branca’ fizeram sucesso e rechearam as redes sociais com os mais diversos ângulos.
Porém, o frio chegou com tudo mesmo em julho e fez Campo Grande marcar sensação térmica de -3,9°C às 6h do dia 14.
Até tornado teve em 2023
Se a destruição pela chuva, a neblina louca durante todo o dia e as insuportáveis ondas de calor não foram suficientes, Mato Grosso do Sul também registrou um tornado neste ano.
No último dia 21 de novembro, moradores de Taquarussu foram surpreendidos com um fenômeno no céu que costuma ser uma nuvem funil. Rastro de destruição deixado na área rural surpreendeu até os meteorologistas.
Moradores do município fizeram vários vídeos que mostram o fenômeno que se parecia com o tornado, na entrada do município. Em propriedades rurais da região, foram barracões e casas destelhadas, galhos de árvores caídos e objetos que foram arremessados longe.
Na propriedade rural de um vereador do município, imagens mostram um barracão das máquinas agrícolas, que teve a lona do telhado arrancada em “cinco segundos”. No mesmo local, uma casa acabou destelhada.
Na época, em contato com a reportagem, o meteorologista do Cemtec/MS (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), Vinícius Sperling, surpreendeu-se com as imagens e afirmou que elas podem ser, sim, de um tornado – cuja principal característica é tocar o solo e causar destruição.
“Parece que ele toca o solo sim e um redemoinho de vento não causaria estragos, como o destelhamento de uma casa. Então tudo indica que é, sim, um tornado”, explicou o meteorologista.
O que esperar de 2024?
De acordo com previsão do Cemtec/MS, os próximos três meses serão de muito calor e pouca chuva em MS. Até fevereiro de 2024, o fenômeno El Niño, que tem contribuído para o aumento das temperaturas, deve atingir sua intensidade máxima.
Isso significa que as temperaturas podem aumentar ainda mais. Há possibilidade de novas ondas de calor e tempestades catastróficas também podem ocorrer.
Dessa forma, os meteorologistas esperam um início de ano “bem mais quente que o normal”, com temperaturas entre 40°C e 43°C no Mato Grosso do Sul. As temperaturas devem superar as da primavera, até agora caracterizada pelas intensas e constantes ondas de calor.
Dezembro e janeiro são normalmente caracterizados pelas ‘chuvas de verão’, sempre no fim da tarde e depois de um dia quente. Mas o cenário não deve ser esse na estação que tem início nesta semana, já que a previsão aponta para um período mais seco.
Seja com base na astrologia ou na ciência, o mais certo é que seguiremos a ferver.
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