Enfermeiros cumprem suspensão de greve e sindicato denuncia prática antissindical

Para categoria, a decisão foi ‘arbitrária e inconsequente’

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Faixas em várias unidades de saúde avisam a população sobre a greve da enfermagem. UPA Vila Almeida. (Foto: Henrique Arakaki/Jornal Midiamax)

O Sinte/PMCG (Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Enfermagem do Município de Campo Grande) confirmou, na manhã desta terça-feira (28), que a greve dos enfermeiros está suspensa. A categoria diz que tomou conhecimento sobre a decisão do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), que barrou o movimento grevista, pela imprensa. Para o sindicato, a determinação é uma prática antissindical e promete denunciar a suposta irregularidade ao MPMS (Ministério Público Estadual).

A nota pública emitida pelo Sinte nesta manhã informa que a decisão da gestão municipal e do judiciário são ‘arbitrárias e inconsequentes’. O sindicato também critica decisão do município em impedir que os enfermeiros grevistas façam escala de plantão, que rende horas extras aos profissionais. O sindicato diz que, mesmo em greve, os plantões foram respeitados.

“A decisão judicial foi cumprida assim que foi divulgada pela mídia, demostrando que nós não somos afeitos [acostumados] a chicanas e estrategemas jurídicos, todavia, é preciso ressaltar que o município, do contrário, mentiu quando levou a informação de que havíamos decidido unilateralmente pela operacionalização da greve, mentira que será desvelada no curso do processo”, pontua.

O sindicato pretende denunciar ao MPE prática supostamente antissindical, que consiste em cassar o direito de greve, assim como à Promotoria da Saúde por “vocação ignominiosa da gestão em afetar a saúde da população”.

Ângelo Macedo, presidente do sindicato, assina a nota que menciona a publicidade em outdoors na cidade para denunciar o caos na saúde.

“Gasta-se um terço do orçamento público para sucatear o serviço e abandonar os trabalhadores. Informo que somente não aderimos ao pagamento da multa para não colocar em risco os trabalhadores, pois aderir à greve suspensa pela Justiça pode decorrer em processo administrativo e ético. Todas as medidas judiciais serão adotadas, como defesa da greve para satisfação do direito perseguido”.

Multa em caso de descumprimento

Na tarde de segunda-feira (27), a decisão do TJMS determinava a suspensão da paralisação sob pena diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento por parte do sindicato e profissionais. A Prefeitura de Campo Grande pediu multa diária de R$ 200 mil caso o movimento grevista não fosse encerrado.

A categoria deflagrou às 10h de segunda-feira uma greve para exigir do município a negociação com adicional de insalubridade, enquadramento no Plano de Cargos e Carreira da categoria e implementação do piso nacional. O movimento foi aprovado em assembleia do sindicato na semana passada.

Volta do atendimento

No dia seguinte à decisão da Justiça que barrou a greve de técnicos de enfermagem e enfermeiros servidores da Prefeitura Municipal, os profissionais voltam ao trabalho na manhã desta terça-feira (28), em Campo Grande. Mesmo sem notificação da decisão judicial ao sindicato da categoria, a reportagem apurou em unidades de saúde que o atendimento está normalizado.

Na UPA da Vila Almeida, servidores afirmaram que o atendimento seguia sem interrupções. Também não havia filas e pacientes aguardando por muito tempo.

Na UPA Santa Mônica a equipe de enfermagem garantiu que pacientes estavam sendo atendidos conforme o grau de gravidade. Nesta unidade, a reportagem do Jornal Midiamax flagrou a retirada de um cartaz informativo sobre a greve.

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