Mulheres indígenas cobram qualidade na educação e saúde das comunidades

Audiência pública ocorreu na tarde desta segunda-feira e contou com 21 lideranças indígenas da Capital

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Pessoas na Câmara Municipal durante debate sobre os ‘direitos e políticas públicas para o bem viver de mulheres indígenas’ (Karine Alencar, Midiamax)

Em audiência pública na Câmara Municipal de Campo Grande, o debate ‘Políticas Públicas para Mulheres Indígenas”, na tarde desta segunda-feira (2), reuniu lideranças que pediram por mais qualidade de vida, educação e saúde das comunidades.

A presidente da Associação dos Trabalhadores Indígenas Culturais, de Mato Grosso do Sul, Silvana de Souza de Albuquerque, conta que a discussão vem de encontro com as necessidades de quem vive na Capital.

“Necessitamos ecoar a voz das mulheres indígenas aqui no município, por direito à educação, à saúde, um tratamento diferenciado nos postos de saúde, nas Emeis que precisam ter um profissional, mulheres indígena trabalhando lá. São vários bairros que têm a população indígena aqui e precisam disso, como Marçal de Souza, Água Bonita, Água Funda, Jardim Noroeste”, enumera.

“Então, nosso povo está nas periferias de Campo Grande, do lado das Emêis, do lado das escolas, e precisamos ter esse diferencial, para que a gente seja inserido de verdade. A comunidade realmente precisa do profissional da língua materna, porque é importante ter um profissional lá que entenda a língua”, conta.

Silvana revela que junto de outras mulheres vai entregar um documento para os vereadores “vamos entregar um ofício dizendo que nós precisamos de políticas públicas para as mulheres indígenas em Campo Grande em todas essas áreas”.

Professora e mãe de criança com TEA (transtorno do espectro autista), Luciana Baltasar conta que também foi à Câmara para reivindicar a formação de profissionais frente à educação especial nas aldeias. “Nossas comunidade indígena precisa de professores especializados. Receber e acolher essas mães que têm filhos com deficiência e dizer que elas não estão só, que existe aqui uma pessoa que também abraça essa luta e quer que as coisas sejam modificadas nas escolas, que haja verdadeira inclusão. A gente vê que já é difícil nas escolas de modo geral, imagina nas comunidades?”, questiona.

O vice-presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, André Luis (Rede) detalha que cada demanda será encaminhada de forma específica para as secretarias, poder executivo municipal e estadual, conforme necessário.

“A gente vai encaminhar e trazer para dentro da discussão da nossa Comissão das Causas Indígenas também. Dependendo da pauta, a gente vai encaminhar, dependendo da situação até, a gente marca um horário com o secretário responsável e a gente leva a demanda”, explica.

“A partir desse debate a gente vai descobrindo o problema, revelando a limitação, a gente vai atrás da solução. E aí ver exatamente qual é o problema, diretamente com a prefeita, com a secretaria A ou B, tem intervenção do Estado, o governo federal também participa dessa questão, Ministério Público pode auxiliar, então tudo isso a gente vai fazer encaminhamento a partir da discussão”, disse.

Ao todo, 21 lideranças indígenas participar do debate, e dezenas de pessoas acompanharam a sessão presencialmente. A discussão também foi reproduzida pelos perfis oficiais da Câmara no Facebook e YouTube.

A Comissão de Saúde da Câmara convocou a reunião. Presidida pelo vereador Victor Rocha (PP), o grupo tem André Luis (Rede) como vice-presidente e Dr. Jamal (MDB), Tabosa (PDT) e Dr. Loester (MDB) como membros.

Audiência pública

São reuniões realizadas por grupos de parlamentares, que normalmente formam comissões nas Casas de Leis, com representantes da sociedade civil. Os encontros visam debater assuntos relevantes de interesse público.

Por isso, pessoas diretamente afetadas pelo tema são convocadas e ouvidas durante o encontro. Projetos de lei e propostas legislativas podem ser resultados de audiências públicas.

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