Mato Grosso do Sul tem 5.979 leitos hospitalares para internação de pacientes, dos quais 4.056 são leitos de atendimento público, via SUS. A média é de 1,5 leito hospitalar público a cada mil habitantes no Estado, enquanto o recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) é de 3 a 5 leitos para cada mil habitantes.

Os dados do Ministério da Saúde revelam o motivo pelo qual hospitais com atendimento público em Mato Grosso do Sul vivem superlotados. O número de leitos disponíveis em hospitais que atendem SUS está muito aquém do necessário para atender os 2,8 milhões de habitantes.

O fechamento de leitos ao longo dos anos também agrava a situação. Para se ter ideia, em outubro de 2005 existiam 4.888 leitos SUS no Mato Grosso do Sul. Os dados do Ministério da Saúde mostram que em cinco anos foram fechados 1.160 leitos hospitalares, chegando a 3.728 leitos em 2010.

Entre 2010 e abril de 2023, foram abertos apenas 328 leitos hospitalares em Mato Grosso do Sul. Mas neste mesmo período o Estado ganhou mais de 390 mil habitantes, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Sindicato estima que MS precisa de 8 mil leitos

Presidente do Sinmed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Marcelo Santana estima que o número de leitos hospitalares deveria pelo menos dobrar, para atender a população com mais qualidade. “Imagino que considerando o que preconiza a OMS, precisaríamos ter em torno de 8 mil leitos hospitalares”, afirma.

As variáveis de fechamento de leitos com aumento populacional criam o cenário de superlotação e caos nos hospitais. Marcelo lembra que o último hospital inaugurado em Campo Grande foi o Regional, em 1997, o que mostra que em mais de 20 anos a Capital não abriu nenhum hospital com atendimento SUS.

“Conforme a população cresce, precisamos ampliar o serviço. Campo Grande tem se tornado uma cidade com uma população considerável e temos apenas três hospitais, com atendimento público e que atendem toda a demanda do Estado. Temos uma carência no atendimento e precisamos ampliar a rede terciária”, afirma o presidente do Sindicato.

Além disso, Campo Grande não tem nenhum hospital municipal para atender os mais de 900 mil habitantes. “Evoluímos para uma situação de caos, com certeza”.

Hospitais superlotados e pacientes nos corredores

O Hospital Regional de Mato Grosso do Sul enfrenta superlotação, chegando a ter 50 pacientes sendo atendidos nos corredores nos últimos dias, devido à falta de leitos disponíveis. A situação não é isolada, já que a Santa Casa enfrenta o mesmo problema.

Desde o dia 3 de abril deste ano, a Santa Casa aponta dificuldades para atender a alta demanda e solicita apoio do poder público para desafogar os atendimentos. Na época, o hospital chegou a fechar as portas para novos pacientes.