Apesar das altas temperaturas serem comuns ao longo do ano, a onda de calorão que deve elevar os termômetros para quase 45°C em Mato Grosso do Sul nesta semana é considerado atípica. Países que enfrentaram intensa massa de calor semelhantes registraram mortes por hipertermia, como o México, Canadá e Estados Unidos. Portanto, profissionais da saúde indicam hábitos que podem amenizar o desconforto nesse período no Estado.

Manter a hidratação é a principal recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde). A nutricionista Jackeline Stacy de Alcântara explica que nos períodos de altas temperaturas o corpo segue a natureza de tentar regular a temperatura, sendo assim, esse processo exige mais do metabolismo, que precisa eliminar mais água para o controle.

A alimentação influencia na maneira positiva ou negativa, a desregulação do hábito saudável acarreta episódios de má digestão, desidratação e sobrecarga renal.

“O ideal seria focar na hidratação, tomar bastante água e não vale o tereré, sucos de preferência da fruta, chás gelados, mas evitando os diuréticos, como o hibisco, chá-verde, cavalinha, etc., frutas com bastante teor de água também são ótimas, por exemplo, a melancia, melão, laranja e abacaxi. Aumentar o consumo de legumes e verduras é importante também porque são alimentos fontes de alguns minerais que perdemos com o excesso de transpiração, além de facilitar a digestão”.

A profissional também recomenda evitar os alimentos embutidos, industrializados com o teor alto em sódio, carboidratos, frituras e gorduras, pois tendem a atrapalhar a digestão. “A ideia em geral é focar em uma alimentação mais leve, para auxiliar aumento de energia, disposição e hidratação nesses dias de calor intenso”, reforça.

Idosos e crianças sofrem mais

Intensificar a atenção na alimentação e hidratação de idosos e crianças é essencial nesta semana, já que são mais vulneráveis. A nutricionista Luciane Gonzalez diz que é importante observar a quantidade de líquido que essa faixa etária consome, pois, geralmente, crianças ingerem água quando é oferecido ou sentem muita sede, já os idosos tomam pouca água.

Ela sugere a quantificação de líquido e monitoramento para que crianças e idosos fiquem bem hidratados.

“Optar também pelas frutas da época e com maior quantidade de água. É importante saber que a hidratação reflete na ingestão hídrica e também umidade do ambiente, pois em casos onde o ambiente é sem umidade adequada necessitamos de maior quantidade de água. Por isso em ambientes com ar-condicionado e ambientes com umidade do ambiente baixa manter umidificador ligado o tempo todo”, explica.

Caso a água não agrade o paladar da ou , a recomendação da profissional é ter alternativas como sucos naturais, água gasificada e saborizada, frutas com maior quantidade de líquido e evitar alimentos industrializados.

“Alimentos gelados são mais refrescantes, colaborando com melhora da temperatura corporal. Além disso, precisamos ficar atentos para as pessoas que não falam como os acamados, pessoas com demência ou outras doenças neurológicas com suor excessivo, boca seca, urina concentrada, pois são sinais de desidratação. Sinais de boca seca, urina concentrada e ficar mais de seis horas sem urinar são sinais preocupantes, ou algum problema disfunção do próprio organismo, ou baixa ingestão hídrica”.

Cuidados com a pele

Há um mito que relaciona mínima direta ao sol sem prejuízo à pele, mas a dermatologista Gabriely Lessa Sacht explica que não existe uma quantidade de tempo fixo para tal dano na pele, mas há orientação de evitar o máximo possível em estar exposto ao sol das 10h às 15h.

“Sempre que estiver exposto deve usar filtro solar ou roupas de proteção e manter uma boa hidratação bebendo água. O intervalo entre a reaplicação de filtros solares é a mesma para qualquer idade, quando expostos ao ar livre reaplicar a cada duas horas durante o dia. Se estiver em lugares fechados, reaplicar a cada quatro horas durante o dia. Lembrando que os bebês menores de seis meses não podem usar filtros solares, devendo usar roupas e chapéus protetores quando estiverem expostos ao sol”.

A hidratação aliada ao uso de protetor solar com FPS maior ou igual a 30 em áreas de pele exposta, quando a roupa não cobre, podem garantir mínimas de bem-estar e proteção durante a onda de calor.

“Para esse período de clima muito quente também é importante reforçar o uso de roupas leves e que permitam a transpiração, como roupas de algodão, pois são importantes para regulação da temperatura do corpo e manutenção da hidratação”.

Reduza a intensidade do exercício físico

Joni Guimarães, vice-presidente do CREF11-MS (Conselho Regional de Educação Física da 11ª Região de Mato Grosso do Sul), relata que o profissional da área deve ficar atento as recomendações e reduzir impactos de saúde ao aluno. Há sugestões de evitar exposição ao sol em horários mais quentes, reduzir a intensidade dos exercícios físicos e redobrar a hidratação durante a atividade.

“Os professores devem orientar o aluno a se proteger do sol, usar a cobertura como o boné, roupas leves e com tecido tecnológico com proteção UV. Os exercícios em espaços de crossfit ou funcional a céu aberto devem evitar exposição ao sol, fazer exercícios em lugares arborizados e com sombra, com intensidade baixa. Dentro da academia, por conta da baixa umidade, é recomendável que os proprietários coloquem algum tipo de umidificador que joga água no ar. Algumas academias contam apenas com o ar condicionado, que retira a umidade, as academias que tem [devem] colocar alguns pontos de água para umidificar o local, um vaporizador ou climatizador a base de água”.

Ainda segundo ele, o professor de educação física que atua com crianças e adolescentes deve aumentar a hidratação durante as atividades nas escolas. “Sabemos que não é uma grande quantidade de uma vez que hidrata, mas aquela pequena por várias vezes ao longo do dia”.

Mato Grosso do Sul é centro de onda de calor

A análise do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) indica que a onda de calor é promovida pelas condições de tempo predominantemente seco, com aumento da insolação, e favorecida pela subsidência atmosférica – quando a pressão atmosférica entre os níveis médios e a superfície aumenta, inibindo o desenvolvimento de nebulosidade, aumentando, também, a temperatura da massa de ar.

“A configuração de um bloqueio atmosférico relacionado a este padrão de subsidência com o escoamento dos ventos em níveis superiores da atmosfera garante a persistência da onda de calor”, explica.

O alerta de risco da onda intensa de calor, que eleva temperaturas a 5°C acima do normal pela média histórica, continua válido em todo Mato Grosso do Sul.

Segundo o Inmet, o panorama previsto pelos meteorologistas do instituto aponta uma possível piora da situação a partir de sexta-feira (22), ultrapassando os 40°C no Centro-Oeste.