Em greve por reajuste salarial, profissionais da enfermagem organizam acampamento no canteiro da Avenida Afonso Pena, em frente à Prefeitura de Campo Grande. De acordo com o sindicato da categoria, cerca de 500 pessoas estão envolvidas na manifestação que começou às 10h de hoje (27) com a suspensão de 70% dos atendimentos nas unidades de saúde.

“Hoje é o início de tudo. Estamos no escuro e precisamos que o Executivo reveja a legislação que não está sendo cumprida. Temos um plano de carreira que está em validade há 3 anos e não tem como Prefeitura dizer que nosso reajuste atrapalha a responsabilidade fiscal”, comentou Ângelo Macedo, presidente do Sinte/PMCG (Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Enfermagem de Campo Grande).

Carro de som foi usado em ato. (Foto: Henrique Arakaki / Midiamax)

Segundo ele, duas barracas serão montadas ainda hoje em frente ao Paço Municipal. Pela manhã, grupo de aproximadamente 30 profissionais se reuniu na rua lateral da Prefeitura para protestar com faixas, cartazes e carro de som. Os manifestantes não conseguiram ocupar a área em frente ao prédio porque tiveram passagem impedida por cavaletes e por quatro equipes da guarda municipal que estão no local. 

“Protestar por isso é uma falta de respeito com o profissional e temos percebido uma atitude desrespeitosa com quem lida com a saúde de Campo Grande. A prefeita colocou cavaletes na frente para ninguém entrar, imagina o que aconteceria se colocássemos cavaletes em frente a UPA”, comentou Lucilene dos Santos, de 45 anos. 

Há 15 anos na área, a enfermeira pontua as dificuldades da categoria, que precisa assumir altas jornadas para conseguir um salário razoável. 

“Diariamente profissionais trabalham 18 horas por dia, 12 de plantão e 6 de expediente. Tem gente que faz 8 horas de expediente na UBS e mais 12 de plantão para ganhar R$ 3 mil. Nosso reajuste nos daria um salário mais digno”, finaliza. 

Giani Mariana, de 55 anos, é uma das trabalhadoras que encara jornada de horas seguidas, divididas entre plantão e atendimento em uma unidade básica. Para ela, o atual cenário é desolador. “Sem dúvidas nunca passamos por um período tão desassistido”, avalia. 

Prefeitura bloqueou acesso à Prefeitura com cavaletes. (Foto: Henrique Arakaki / Midiamax)

Enfermagem em greve

A greve foi definida em assembleia da última quinta-feira (23). Os trabalhadores decidiram aguardar as 72 horas estabelecidas em lei para iniciar a paralisação dos atendimentos nas unidades de saúde de Campo Grande.

Os enfermeiros que atuam nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e outras unidades de saúde geridas pela prefeitura aderem à paralisação.

Segundo Ângelo Macedo, presidente do Sinte/PMCG (Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Enfermagem de Campo Grande), a greve respeita a legislação e apenas 30% dos trabalhadores continuam em atividade, enquanto 70% paralisam.

“O enquadramento na carreira tinha prazo legal já vencido, era para ter ocorrido até 31 de dezembro do ano passado. Isso somado ao desgaste de uma categoria desvalorizada resultou na aprovação do nosso movimento grevista”, relata.

Prefeita diz buscar consenso

Em agenda pública na última sexta-feira (24), a prefeita Adriane Lopes (Patriota) disse que a negociação para o reajuste do teto ainda está em andamento e enxerga como um direito da categoria.

“Já houve uma primeira conversa, recepcionamos a comissão no início de janeiro com a Sesau. É um direito dos nossos servidores e vamos buscar o consenso”, afirmou.