Carandiru no escuro: Audiência discute aluguel social ou realocação de famílias

Ministério Público pediu o religamento da energia elétrica para as famílias que vivem no Carandiru, mas teve pedido negado

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Carandiru foi alvo de operação policial no início de junho. (Foto: Divulgação/ PCMS)

A 1º audiência de conciliação para resolver o impasse das famílias que ocupam o Condomínio conhecido como Carandiru, em Campo Grande, aconteceu na tarde desta segunda-feira (10).

O local foi alvo da operação Abre-te Sésamo, da Polícia Civil, em 6 de junho, e desde então as famílias que moram lá estão sem luz. O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) chegou a pedir a religação da energia, mas o juiz negou. Desde então, um imbróglio se criou porque as famílias não tem para onde ir e nem como continuar ali sem energia.

Durante as tratativas, foram levantadas dois caminhos a serem discutidos: aluguel social para as famílias ou conseguir um realocamento junto a Ageah (Agência de Habitação Popular do Estado de MS).

Conforme a advogada da empresa Construtora Degrau, Hilda Correia Araújo, a empresa pode oferecer um valor para que as famílias tenham condições de ir para outro lugar. “Foram dadas algumas sugestões, porém vamos aguardar a defensoria ver com os ocupantes qual é o melhor caminho. E ainda não foi disponibilizado o laudo e levantamento feito pela SAS [Secretaria Municipal de Assistência Social]”, diz ao Jornal Midiamax.

Levantamento

Segundo a profissional, antes de tudo é preciso saber de fato quem e quantos são os moradores da ocupação. “Mas quem vai fazer o levantamento é a defensoria pública e coordenadorias de habitação”, explica.

De acordo com Hilda Correia Araújo, além da preocupação com o estado em que a estrutura está, a defesa busca regularizar a documentação do condomínio, que fica no bairro Mata do Jacinto e está ocupado desde 1994.

“Nossa maior preocupação também é com os clientes que moram ao lado, que tem os apartamentos quitados, que precisam de documentação. Para isso, a gente precisa terminar [a obra] para finalizar os documentos, mas com a invasão, não dá”, diz.

Entenda a Operação ‘Abre-te Sésamo’

O condomínio Carandiru, em Campo Grande, foi ocupado em 1994 depois que a empresa Construtora Degrau LTDA faliu e paralisou as obras devido à falta de recursos.

Os três blocos de apartamentos, cada um com 16 unidades habitacionais e que formariam o Residencial Atenas, estão localizados na Rua Jamil Basmage, no bairro Mata do Jacinto, na zona norte da Capital.

De acordo com o processo que pede a reintegração de posse dos imóveis pela Construtora Degrau LTDA, aberto em 2013, um dos três blocos foi finalizado e entregue aos compradores, que se mudaram para lá, enquanto outro bloco foi deixado semiacabado e o último apenas nos alicerces.

Conforme relatório elaborado pelo então 1º Tenente Edgard Godoes Almada, Comandante do 5º Pel. Margarida, o Residencial Atenas foi ocupado por 40 famílias, totalizando cerca de 200 pessoas, integrantes do Movimento Nacional em Prol da Luta pela Moradia.

Desde essa época, os vizinhos de outros blocos reclamavam de atos de vandalismo, o que provocou a desvalorização dos apartamentos.

Já em 6 de junho deste ano, os moradores do residencial acordaram assustados com a presença da polícia e barulhos de helicópteros.

As investigações começaram em agosto de 2022, quando foram investigados furtos e roubos ocorridos na região do Prosa. Foi constatada a existência de um ‘Centro de Criminalidade’ no condomínio, com crimes de furtos e roubos e outros de maior gravidade, como tráfico de drogas, posse ilegal de arma de fogo e homicídios.

Durante a Operação ‘Abre-te Sésamo’ foram apreendidas armas e dinheiro e algumas pessoas foram encaminhadas para a delegacia.

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