Água fria e banheiro limpo: passageiros pedem pelo básico no terminal Aero Rancho
Reclamação unânime entre os passageiros entrevistados pelo Jornal Midiamax é a falta de água fria para beber e a sujeira e precariedade dos banheiros
Priscilla Peres –
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Em uma rápida caminhada pelo terminal Aero Rancho é possível encontrar diversos problemas, como a sujeira, diversas goteiras, falta de placas de informação. Mas a reclamação unânime entre os passageiros entrevistados pelo Jornal Midiamax é a falta de água fria para beber e a sujeira e precariedade dos banheiros.
A reclamação é comprovada pelas condições encontradas. No bebedouro, apenas uma torneira de pia instalada de maneira improvisada, oferece água limpa e natural aos passageiros.
Nos banheiros a situação é crítica e falta tudo. De sabão para lavar as mãos a energia elétrica, os itens básicos estão ausentes. No banheiro feminino, não há nem interruptor para acender a luz e, além da escuridão, quem precisa usar o sanitário ainda precisa conviver com outros problemas.
O local se assemelha ao melhor imaginário de “banheiro de rodoviária”, sujo e extremamente precário. No banheiro masculino, o cenário não é diferente e o mau cheiro pode ser sentido de longe.
O Jornal Midiamax publica nesta semana uma série de reportagens sobre a situação dos terminais de ônibus de Campo Grande. Confira as matérias sobre o Nova Bahia, Júlio de Castilho e Moreninhas.
O básico é fundamental
Norma Machado, 49, diz que o terminal Aero Rancho tem muito para melhorar. “Falta higiene, um banheiro decente, água fria para beber, até porque o preço que pagamos é alto”, reclama ela.
Vendedor ambulante, Ney Juliano concorda com a reclamação. Ele e a família revezam o tempo na venda de alimentos e bebidas no terminal e passam várias horas por lá. Para ele, o terminal precisa de muitas melhorias.
“Nós passamos o dia inteiro aqui, não tem água fria, o banheiro é horrível, fora que tem uma estrutura de calha caindo”, detalha ele sobre os problemas locais. No terminal Aero Rancho a cantina está desativada e em condições físicas precárias.
Dessa forma, quem deseja comer ou beber algo precisa comprar de ambulantes que têm autorização para vender no local, onde um salgado custa R$ 5, a água gelada é R$ 3 e o refrigerante a partir de R$ 3,50.
Falta de informação e painel
Assim como em outros terminais de Campo Grande, no Aero Rancho as placas que informam onde cada ônibus para também foram retiradas. No local, algumas sulfites são coladas de forma improvisada com informações.
Também há um único painel digital com dados dos horários em que os ônibus chegam. Porém, a maioria das pessoas nem sabe da existência deste recurso. “Eu não sei que horas meu ônibus passa, mas demora bem mais de uma hora”, conta Deidiana Lucia, 39.
No terminal Aero Rancho, as paredes e pilares foram pintados de azul no fim do ano passado. Foi a última manutenção pela qual a estrutura passou, apesar de estar entre os anúncios de reforma em 2019.
Em nota, a prefeitura de Campo Grande informou que a pintura realizada no Terminal Aero Rancho faz parte das ações continuadas de conservação e manutenção que a Agetran realiza em todos os terminais urbanos de transbordo.
Sobre a reforma, a prefeitura diz que está em fase de levantamento de dados para a elaboração de projeto e orçamento e assim dar início ao processo licitatório.
Reforma foi anunciada em 2019
Em agosto de 2019, ocorreu o último anúncio de investimentos nos terminais de ônibus de Campo Grande, ainda na gestão Marquinhos Trad (PSD). Na época, o município previa reformar os terminais Aero Rancho, Nova Bahia, Morenão, General Osório, Moreninhas e o ponto de integração Hércules Maymone.
Em 2020, o município anunciou o começo de obras em outros três terminais: Júlio de Castilho, Bandeirantes e Guaicurus. A reforma nas plataformas teve investimento de R$ 5,5 milhões e previa, além de postos da Guarda Municipal, tomadas para recarga de celular, internet e portões para fechar os terminais à meia-noite.
Para os seis terminais, a previsão da prefeitura de Campo Grande era gastar R$ 2.704.201,2 milhões nas obras, mas houve aditivo no contrato e o valor final saltou para R$ 3.337.653,21 milhões. Parte dos recursos era federal, do PAC Mobilidade. A licitação foi finalizada em fevereiro de 2020.
A empresa contratada pela prefeitura desistiu da obra em julho de 2021 e, ainda naquele ano, a Agetran anunciou que o município preparava nova licitação para retomar a reforma dos terminais. Mais 18 meses se passaram e até o momento nenhuma nova licitação com foco em reforma de terminais foi lançada pelo município.
Caos se estende a corredores
O caos na estrutura que atende o transporte público de Campo Grande se estende também aos corredores de ônibus, que são alvo de reclamações tanto de passageiros como de motoristas e comerciantes.
Série de reportagens do Midiamax mostrou a situação dos corredores, que custaram mais de R$ 110 milhões aos cofres públicos, alguns até com obras inacabadas.
As obras foram iniciadas em 2017, na gestão de Marquinhos Trad, e ainda não estão completamente concluídas. O reordenamento no trânsito de onde a mudança já foi implementada gerou caos e é alvo de reclamações.
Quatro novos terminais ficaram só no projeto
Como o Midiamax mostrou em reportagem publicada no início de janeiro, Campo Grande tinha a previsão de ter mais quatro novos terminais com recursos garantidos desde o PAC (Projeto de Aceleração do Crescimento) Mobilidade Urbana, que foi aprovado para a Capital. No entanto, o projeto não foi tirado do papel.
Os quatro terminais – Cafezais, Tiradentes, Parati e São Francisco – estavam no PPA (Plano Plurianual) 2014/2017 de Campo Grande, com previsão de entrega em 2015. O projeto entrou novamente no PPA com previsão de entrega até 2021, mas não foi licitado.
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