Reforma fica só na promessa e terminais de ônibus colecionam ‘nojeiras’ que revoltam passageiros
Reforma de 6 terminais de Campo Grande está paralisada há 1 ano e meio, desde que empresa desistiu das obras
Ranziel Oliveira, Aliny Mary Dias –
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Parte dos passageiros que utilizam o transporte público de Campo Grande precisam passar pelos oito terminais de transbordo para poder fazer integração nos ônibus e pegar outra linha para chegar ao destino. Com fluxo intenso de campo-grandenses o dia todo, o local em que passageiros esperam pelos coletivos é alvo de reclamações dos usuários e do descaso do poder público, que há pelo menos 1 ano e 6 meses viu empresa abandonar contrato para reforma dos terminais e até hoje não lançou nova licitação.
No Terminal Moreninhas, o ‘nojo’ pela situação precária do banheiro e do bebedouro liderou as queixas dos passageiros ouvidos pela reportagem do Jornal Midiamax. Também foram observados problemas como falta de acessibilidade, ainda mais se tratando de local público.
Para o vigilante Cleiton Ramos do Santos, de 37 anos, o uso do banheiro masculino é praticamente inviável. Eles estão situados na estrutura original do terminal e, para acessá-los, é preciso sair do ‘terminal’ interno que foi criado, como nos pontos do centro.
“Se eu estivesse apertado e precisasse ir ao banheiro, eu iria perder o meu passe porque eu teria que sair desse terminalzinho. Os banheiros são bem precários, está faltando um zelo, cuidado e higiene. Precisa de manutenção no espaço”, disse ele.
Em relação aos horários de chegada e partida no terminal, Cleiton também relatou a falta de respeito com os usuários. “Tem o horário [da televisão], mas eles sempre atrasam. Era pra ter um ônibus aqui, mas já está atrasado. Já perguntei para o fiscal e alguns amigos que trabalham na Viação Morena, eles nunca dão uma reposta concreta pelos atrasos. Eu cheguei atrasado no trabalho na semana passada porque o ônibus quebrou na entrada das Moreninhas”, disse ele.
Banheiro e bebedouro ‘nojentos’
Para a monitora infantil Maria Laura, de 16 anos, o banheiro também é um problema grave. “Poderiam mudar [reformar] o banheiro porque não tem como ir lá, é absurdo, ridículo. Ele é horrível: não tem luz, não tem porta, é feio demais e nojento. É claro que o banheiro público não é igual ao da nossa casa, mas deveriam mudar [melhorar] um pouco. Parece que nunca fizeram nada”, disse ela.
Quando a necessidade fisiológica é beber água, o Terminal das Moreninhas também deixa a desejar. “O bebedouro, não tem como tomar água naquele lugar. Porque é nojento aquilo ali”, pontuou Maria Laura.
Quem vem do interior também reclama
Ruzinete Pereira, de 37 anos, é professora em Corumbá. Vendo problemas na estrutura dos terminais de Campo Grande, ela faz uma comparação com a situação do seu município.
“Comprado com o terminal da minha cidade esse está melhor, porque tem mais ônibus. Lá é um a cada uma hora, isso se não atrasar ou quebrar. Mas aqui o [ônibus] vem superlotado. E nesse terminal falta segurança, qualquer um entra e não tem segurança nem na frente e nem no fundo. Você vê que o zinco está todo amassado, e se houver uma chuva forte todos se molham”, comparou Ruzinete.
Para o acadêmico de Direito Pedro Barbosa, de 19 anos, o local carece de acessibilidade. “Tem que melhorar bastante a estrutura dos ônibus e terminais, principalmente nesse. Você percebe que não tem infraestrutura moldada para uma pessoas que é deficiente visual, falta lajotas tátil e rampas para cadeirantes. Pra gente que não tem nenhum tipo de deficiência falta banco. As coisas estão mal pintadas, quebradas, depredadas e por aí em diante”, finalizou.
Empresa desistiu de contrato há 18 meses
O último anúncio de investimentos nos terminais de ônibus de Campo Grande aconteceu em agosto de 2019, ainda na gestão Marquinhos Trad (PSD). Na época, o município previa reformar os terminais Aero Rancho, Nova Bahia, Morenão, General Osório, Moreninhas e o ponto de integração Hércules Maymone.
Em 2020, o município anunciou o começo de obras em outros três terminais: Júlio de Castilho, Bandeirantes e Guaicurus. A reforma nas plataformas teve investimento de R$ 5,5 milhões e previa, além de postos da Guarda Municipal, tomadas para recarga de celular, internet e portões para fechar os terminais à meia-noite.
Para os seis terminais, a previsão da prefeitura de Campo Grande era gastar R$ 2.704.201,2 milhões nas obras, mas houve aditivo no contrato e o valor final saltou para R$ 3.337.653,21 milhões. Parte dos recursos eram federais, do PAC Mobilidade. A licitação foi finalizada em fevereiro de 2020.
Meses se passaram e a prefeitura celebrou contrato com a empresa Trevo Engenharia, em outubro de 2020, por intermédio da Agetran (Agência Municipal de Trânsito), responsável pelos terminais. A previsão era que tudo ficasse pronto até agosto de 2021, quando Campo Grande completaria 122 anos. O aniversário chegou, passou e nada aconteceu.
A empresa contratada pela prefeitura desistiu da obra em julho de 2021 e, ainda naquele ano, a Agetran anunciou que o município preparava nova licitação para retomar a reforma dos terminais.
Conforme anunciado anteriormente, essa reforma inclui: reforma dos banheiros e bebedouros; revisão das instalações elétricas e hidráulicas; plano de segurança contra incêndio e pânico; cobertura; reforço do piso rígido do pátio; pintura geral; troca dos bancos; sala para descanso dos funcionários; guarita dos guardas municipais ou seguranças; e grades móveis para o fechamento dos terminais durante a madrugada, quando não há circulação de ônibus.
Mais 18 meses se passaram e até o momento nenhuma nova licitação com foco em reforma de terminais foi lançada pelo município. O Jornal Midiamax entrou em contato com a prefeitura para mais detalhes sobre o planejamento das reformas nos locais e aguarda retorno.
Quatro novos terminais não saíram do papel
Como o Midiamax mostrou em reportagem publicada no início de janeiro, Campo Grande tinha a previsão de ter mais quatro novos terminais com recursos garantidos desde o PAC (Projeto de Aceleração do Crescimento) Mobilidade Urbana, que foi aprovado para a Capital. No entanto, o projeto não foi tirado do papel.
Os quatro terminais – Cafezais, Tiradentes, Parati e São Francisco – estavam no PPA (Plano Plurianual) 2014/2017 de Campo Grande, com previsão de entrega em 2015. O projeto entrou novamente no PPA com previsão de entrega até 2021, mas não foi licitado.
Preocupação com terminais deu espaço a caos de corredores
Recentemente, o Midiamax mostrou em uma série de reportagens o caos espalhado pela Capital com as obras de corredores de ônibus, muitas inacabadas, que custaram mais de R$ 110 milhões aos cofres do município.
Dinheiro público escoando pelo ralo, falta de planejamento e trânsito caótico são só alguns dos problemas apontados pelos leitores que diariamente precisam ter paciência redobrada para passar por vias onde os corredores com seus ‘pontões’ foram instalados.
O Midiamax revelou que na gestão de Marquinhos, apenas 24% das obras dos corredores foram concluídas.
A administração pública municipal ainda foi selecionada em 2020 para um financiamento de mais R$ 93,1 milhões para modernização da malha viária da cidade, o Avançar Cidades. Ou seja, para recapear ruas e vias urbanas ao invés de insistir em tapa-buracos. No entanto, a Prefeitura perdeu a linha de crédito.
Isso porque a gestão de Marquinhos deixou a cidade negativada no Cauc (Sistema de Informações sobre Requisitos Fiscais) e no Cadin (Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal), acima do teto da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) e com mais de R$ 1,5 bilhão de financiamentos já contratados para fazer desembolso.
Com isso, Campo Grande ficou à mercê do Orçamento Geral da União, com recursos sujeitos a contingenciamento, e que acabaram comprometendo o cronograma de execução das obras, como as que estão atualmente paralisadas, na Avenida Gunter Hans e outra que nem começou, na Avenida Cônsul Assaf Trad, licitada no início de novembro de 2022.
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