Após acidente, onça-pintada é ‘eternizada’ como instrumento para educação ambiental no Aquário do Pantanal

Conheça o processo detalhado de taxidermização da onça-pintada que será utilizada para educação ambiental no Aquário do Pantanal

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Onça-pintada foi vítima de um atropelamento no município de Miranda (Foto: Stephanie Dias / Jornal Midiamax)

A morte de um animal silvestre abala todo o ecossistema e interfere diretamente no futuro de outras espécies, inclusive da humana. Para evidenciar essa importância, uma onça-pintada está sendo taxidermizada pela PMA (Polícia Militar Ambiental), em parceria com a UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), como futuro instrumento de educação ambiental e conscientização no Aquário do Pantanal.

O felino foi atropelado no dia 22 de março na BR-262, a 5 km do perímetro urbano de Miranda. O mesmo foi levada para a câmara fria da universidade e permaneceu até o início do curso de Taxidermia — no dia 30 de maio — com a presença de Militares Ambientais, Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), e acadêmicos de Ciências Biológicas e Medicina Veterinária da UCDB.

De acordo com o subtenente da PMA, Cleiton Lima de 48 anos, o animal a ser taxidermizado se trata de um macho de aproximadamente 3 anos, com 103 kg. “É um processo artesanal. No primeiro dia realizamos um corte na extensão barriga e começamos a remover os órgãos e a carne, separando a pele com bisturi e uma faca bem afiada”, detalhou.

 Em seguida, o trabalho é sucedido pela higienização da onça-pintada. “Do animal, mantemos somente a pele, os ossos da pata e da cabeça. Nós passamos produtos químicos para tirar a gordura e manter a conservação: fungicida, bactericida, bórax e água com detergente”, disse ele.

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Arara-azul também será destinada para o Aquário do Pantanal (Foto: Stephanie Dias / Jornal Midiamax)

Concluída a limpeza, é iniciada a estruturação interna do animal e o preenchimento com maravalha (serragem de madeira). “Para fixar a posição da onça na madeira, utilizamos arames de diâmetro Nº: 12. São 6 em cada pata. O corpo é preenchido com maravalha e costurado, já o crânio e as patas com algodão cru. São dois dias para concluir”, explicou.  

Depois de finalizado, o processo de secagem do couro demora de 30 a 40 dias, com o animal parado na posição escolhida.

Conscientização ambiental

O subtenente da PMA também ressaltou a importância da educação ambiental para as próximas gerações. “A onça-pintada e a arara-azul, que também estamos taxidermizando, serão usadas para educação ambiental no Aquário do Pantanal. A onça foi encontrado com um hematoma na parte traseira do corpo. As crianças serão ensinadas a respeitar a velocidade da via e a preservar a natureza, e levaram isso para os pais”, disse ele. 

E o significado que cada animal silvestre tem para o ecossistema. “Cada animal tem seu papel na natureza, da lagartixa à cobra. É importante preservar para manter o equilíbrio do meio ambiente, que nós [humanos] também fazemos parte”, disse ele.

Vivenciando a anatomia

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Onça foi vítima de um atropelamento no município de Miranda (Foto: Stephanie Dias / Jornal Midiamax)

Para a acadêmica do 7º semestre de ciências biológicas, Beatriz Zanata, de 21 anos, a participação no projeto garantiu o enriquecimento curricular.  

“É bem interessante porque a gente não tem muita noção, principalmente por ser uma onça. Eu nunca tinha visto uma de perto. Foi bem legal pela experiência de ver como ela é internamente, ver os órgãos de perto e poder mexer. Na teoria é uma coisa, e na prática é outra”.

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