Nem ônibus respeita corredor da Rui Barbosa, que custou R$ 18,9 milhões
Corredor começou operações nesta semana e rende críticas de motoristas, passageiros, pedestres e comerciantes
Aliny Mary Dias –
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Com o início das operações na última terça-feira (20), o corredor de ônibus da rua Rui Barbosa, no Centro de Campo Grande, gera críticas de motoristas, passageiros, pedestres e comerciantes. Seja pelos ‘pontões’ espalhados pela via ou pelo ‘estrangulamento’ do trânsito em uma rua estreita, a indignação ganha novos capítulos.
Isso porque leitor do Jornal Midiamax registrou um fato inusitado neste fim de semana: nem o próprio ônibus circula no corredor de ônibus. Vale lembrar que a obra já custou R$ 18,9 milhões dos cofres públicos, e a construtora responsável ganhou um extra de R$ 1,5 milhão esta semana.
Com as mudanças no trânsito impostas pela implantação dos corredores, os ônibus transitam à esquerda, que teve uma faixa exclusiva destinada para os coletivos. A ideia é que, com a faixa livre, o tempo de viagem dos ônibus diminua.
Ao longo da Rui Barbosa, pontões instalados à esquerda da vias, e que também geram dúvidas para os motoristas, fazem com que os motoristas do transporte público executem um ‘zigue-zague’ no trânsito, já que em alguns trechos eles precisam passar por pontos tradicionais à direita e, onde há os pontões novos, devem acessar a faixa da esquerda.
Para orientar motoristas, a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) afixou faixas pelo Centro, informando que desde o dia 20 de dezembro não pode estacionar ou parar à esquerda na Rui Barbosa, porque ali é corredor de ônibus.
Mas como é possível ver nas imagens enviadas ao Midiamax, o motorista deste coletivo usa faixas centrais para transitar no Centro. Só quando se aproxima da Afonso Pena, a alguns metros do ‘pontão, o motorista vai para a faixa do corredor, à esquerda.
É exatamente esse tipo de manobra que tem gerado revolta de motoristas, já que os ônibus acabam ‘cortando’ as faixas de uma rua que já é estreita e com intenso fluxo de carros nos horários de pico.
Motoristas, passageiros e comerciantes criticam obra
Entre as dúvidas de quem passa pelos corredores estão: por que as estações de embarque estão posicionadas do lado esquerdo da faixa de trânsito e não nas calçadas ou no lado direito das vias, onde tradicionalmente estão os pontos de ônibus? Por que a instalação dessas grandes estruturas em uma rua que já era estreita na região central?
Raimundo Gomes, de 65 anos, relembra que achou estranha a movimentação de um ônibus de transporte coletivo que passou para a pista do lado esquerdo da rua e depois retornou para a faixa da direita. “Realmente não consegui entender o que o motorista quis fazer”, relembra.
Na Rui Barbosa, são cinco “pontões” e o corredor exclusivo de ônibus. “Fizeram isso [as obras] e não deram nenhuma explicação para saber o motivo. Para mim era um corredor, mas não vejo nem os ônibus de passageiros parando aí. Não acho que seja viável. Agora, se fosse um corredor exclusivo para ônibus, como existe em outras cidades para que as pessoas pudessem chegar mais rápido, eu concordava, mas essa parada não consegui entender”, expõe Raimundo, demonstrando a confusão sobre o funcionamento do corredor, que começou a operar nesta terça.
Prefeita admite reavaliar corredor da Rui Barbosa
Durante agenda pública na manhã desta quarta-feira (21), a prefeita Adriane Lopes (Patriota) afirmou que críticas de motoristas, comerciantes e passageiros sobre o funcionamento do corredor da Rui Barbosa, uma das vias mais estreitas do Centro da Capital, fazem parte do que é esperado no período de implantação.
“O mesmo questionamento foi feito na Rua Brilhante, onde otimizamos em até 8 minutos o tempo dos ônibus, muito do que ouvimos são especulações”, disparou a prefeita diante das reclamações dos usuários e motoristas, que enfrentam nó no trânsito causado, principalmente, pela localização dos ‘pontões’ ao longo das vias.
Em relação a uma reavaliação sobre a operação dos corredores, a prefeita afirmou que processos relacionados ao corredor da Rui Barbosa só podem ser mudados depois de uma avaliação técnica.
“Nossas equipes especialistas em trânsito estarão avaliando todos o percurso e a execução e se tiver oportunidade de melhorias, podemos fazer, mas até o momento não há nada divergente do que está posto”, disse Adriane.
Vereadores também criticam obras e falam até em intervenção da Justiça
Assim como os moradores, vereadores de Campo Grande também não pouparam críticas em relação às obras.
O presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), avaliou que os corredores de ônibus se tornaram um problema, mas que não cabe ao Legislativo intervir, e sim ao Judiciário. Ele defende que cada caso seja revisto.
Outros parlamentares também cobraram investigação e citaram até criação de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar os recursos investidos nas obras.
O que justifica a prefeitura sobre os corredores
A diretora adjunta da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Andréa Figueiredo, em entrevista ao Jornal Midiamax, afirmou que os corredores de transporte coletivo devem trazer mais agilidade no trânsito e tentar assegurar a pontualidade do transporte coletivo nos embarques e desembarques.
Além disso, os “pontões” oferecem mais segurança aos usuários de ônibus porque são obrigados a entrar e sair dos locais pela faixa de pedestre, sem acesso direto pela rua.
“Os pontos de parada de transporte coletivo [atuais] são realizados em meio de quadra, então há menos segurança do que hoje com os corredores de transporte. Todas as estações ao longo dos corredores estão posicionadas nas esquinas, dotados de sinalização horizontal e vertical, faixa de pedestre, rampas de acessibilidade e botoeiras para pedestres. Os semáforos vêm também para dar maior agilidade para esse transporte coletivo”, afirma a diretora.
Os únicos trechos com as estações de pré-embarque e corredores de ônibus em atividade são os das ruas Guia Lopes e Brilhante. A diretora da Agetran pontua que os condutores de veículos têm a opção de procurar rotas alternativas para chegar até o destino final por ruas paralelas ou perpendiculares, diferente do transporte coletivo que tem um itinerário fixo.
Sobre a Gunter Hans, a diretora da Agetran afirma que a paralisação das obras deve ser tratada com a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), pois possui os contratos e fiscais de obras. O Midiamax solicitou à Prefeitura uma entrevista com o titular da pasta, Rudi Fiorese, mas o município informou que apenas a Agetran responderia sobre os corredores de ônibus.
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