Presidente da Câmara diz que corredores de ônibus viraram ‘BO’ e defende intervenção da Justiça
Carlão afirma que projeto é equivocado e está atrelado a verba federal, que dificulta mudanças
Adriel Mattos –
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O presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), avaliou que os corredores de ônibus se tornaram um problema, mas que não cabe ao Legislativo intervir, e sim o Judiciário. Ele defende que cada caso seja revisto.
O Jornal Midiamax mostrou nesta semana que os corredores vêm provocando caos na Capital, levantando questionamentos de moradores sobre as estações no meio das vias. O projeto, que está orçado em R$ 110 milhões e não teve ¼ executado, pode ser reavaliado, segundo a atual prefeita Adriane Lopes (Patriota).
“CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] é a última instância. Esse projeto foi feito lá atrás, equivocado e ultrapassado. Não podia mudar porque não viria o dinheiro. Reclamação vai ter porque ficou esquisito. Esses corredores deram esse BO aí”, disse Carlão.
Para ele, as reclamações precisam ser ouvidas e mudanças impactantes só viriam através da Justiça. “Esses terminais no meio da pista não cabe CPI, é a Justiça que tem que interditar esse projeto tão ruim. A Câmara vai continuar acompanhando, já fizemos várias audiências públicas”, concluiu.
Corredores trazem caos, questionamentos e muito debate
Em uma tentativa de salvar o péssimo serviço prestado pelas empresas que detêm a concessão do transporte na cidade, a Prefeitura de Campo Grande iniciou em 2014 projeto para implantação de corredores de ônibus em várias regiões. O mais recente entrou em operação na Rua Rui Barbosa.
As ruas que já receberam a estrutura e seguem em obras são Brilhante, Bandeirantes, Rui Barbosa e Gunter Hans. A Rua Bahia, que também integra o projeto dos corredores, por enquanto só recebeu recapeamento e sinalização. Outra que deve passar por obras em breve é a Cônsul Assaf Trad, prolongamento da Coronel Antonino.
O prazo final para a conclusão dos corredores de ônibus é 2024 e, até lá, os campo-grandenses lidam com os problemas causados pelas obras.
Os motoristas até tentam, mas não entendem a dinâmica do trânsito em ruas com estações. Entre as dúvidas de quem passa pelos corredores estão: por que as estações de embarque estão posicionadas do lado esquerdo da faixa de trânsito e não nas calçadas ou no lado direito das vias, onde tradicionalmente estão os pontos de ônibus? Por que a instalação dessas grandes estruturas em uma rua que já era estreita na região central?
Campo Grande conta com R$ 110 milhões do PAC (Projeto de Aceleração do Crescimento) Mobilidade Urbana liberados para recapeamento de vias e construção dos corredores de ônibus. Mas as obras estão longe de serem concluídas, já que a prefeitura construiu durante a gestão de Marquinhos Trad (PSD) apenas 24% do total, conforme levantamento feito pelo Jornal Midiamax no Painel + Brasil e com a Caixa Econômica Federal.
A administração pública municipal ainda foi selecionada em 2020 para um financiamento de mais R$ 93,1 milhões para modernização da malha viária da cidade, o Avançar Cidades. Ou seja, para recapear ruas e vias urbanas ao invés de insistir em tapa-buracos. No entanto, a prefeitura perdeu a linha de crédito.
A prefeita Adriane Lopes afirmou que críticas de motoristas, comerciantes e passageiros sobre o funcionamento do corredor da Rui Barbosa, uma das vias mais estreitas do Centro da Capital, fazem parte do que é esperado no período de implantação.
“O mesmo questionamento foi feito na Rua Brilhante, onde otimizamos em até 8 minutos o tempo dos ônibus, muito do que ouvimos são especulações”, disparou a prefeita diante das reclamações dos usuários e motoristas, que enfrentam nó no trânsito causado, principalmente, pela localização dos “pontões” ao longo das vias.
Em relação a uma reavaliação sobre a operação dos corredores, a prefeita afirmou que processos relacionados ao corredor da Rui Barbosa só podem ser mudados depois de uma avaliação técnica.
“Nossas equipes especialistas em trânsito estarão avaliando todos o percurso e a execução e se tiver oportunidade de melhorias, podemos fazer, mas até o momento não há nada divergente do que está posto”, disse Adriane.
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