Com velório realizado neste domingo (26), o corpo de Vitor Fernandes — Guarani Kaiowá morto durante ação do da Polícia Militar de — será sepultado apenas na segunda-feira (27). Isto porque os indígenas aguardam apoio do MPF (Ministério Público Federal) para enterrar Vitor no local onde ele foi morto.

A tradição é de que o corpo seja sepultado no local onde ocorreu a morte. A cova já foi até mesmo aberta, porém, os indígenas temem não conseguir seguir o costume e que o sepultamento seja impedido.

“Diante da pressão, a comunidade entendeu que é melhor deixar o sepultamento para amanhã. Queremos a presença da PF e do MPF para garantir os direitos da nossa ancestralidade “, relatou uma liderança indígena ouvida pela reportagem do Midiamax. Mais cedo, uma jovem afirmou que o clima estava tenso desde cedo, pois “as polícias estão circulando ainda”.

O clima ainda era de tensão no final da tarde deste domingo (26), segundo liderança que não será identificada por questão de segurança. “Com o clima de tensão que permanece instalado na Reserva, a comunidade decidiu continuar com o velório até a chegada, além disso outros representantes permanecem na área da retomada”, explicou à reportagem.

Morte de indígena

Na última sexta-feira (24), Vitor Fernandes, 42 anos, da etnia Guarani Kaiowá, foi morto durante retomada de terra em . Ele foi morto durante ação de policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul no território Guapoy, área de retomada dos Guarani Kaiowá.

O corpo de Vitor é velado na Aldeia de Amambai, que está em luto pela perda. A tradição é de que o corpo seja sepultado no local onde ocorreu a morte.

A cova já foi até mesmo aberta, porém, os indígenas temem não conseguir seguir o costume e que o sepultamento seja impedido. Segundo uma jovem Guarani Kaiowá, os indígenas temem novas ações policiais, porque “as polícias estão circulando ainda e estamos aguardando o Ministério Público”.

Jornal Midiamax entrou em contato com todos os pré-candidatos ao Governo do Estado. O espaço segue aberto para manifestação.

Indígenas em Amambai

Desde o dia 19 de junho, a aldeia indígena de Amambai, cidade a 352 quilômetros de Campo Grande, pedia apoio para providências na área de retomada, por questões de conflitos internos. Os problemas antecederam a invasão a uma propriedade rural no dia 23 deste mês e conflito com policiais militares, que resultou na morte do indígena. 

Já no dia 23, marco das primeiras movimentações na Fazenda Borda da Mata, ofício foi encaminhado para a Funai (Fundação Nacional do Índio), MPF (Ministério Público) e (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública). No pedido, foi reforçada a situação de conflito interno na aldeia.

A ação do Batalhão de Choque da Polícia Militar aconteceu após indígenas da etnia Guarani e Kaiowá retomarem uma parte do território de Guapoy, em Amambai. Os militares foram enviados à região e houve conflito. Pelo menos nove indígenas ficaram feridos e um acabou morrendo. Foi confirmada a morte do indígena Vitor Fernandes, de 42 anos. Três policiais militares tiveram ferimentos e foram atendidos no hospital da cidade.

Cimi (Conselho Indigenista Missionário) manifestou solidariedade à comunidade Kaiowá e Guarani do tekoha Guapo’y e aos familiares de Vitor Fernandes. Segundo o Conselho, Vitor foi “vítima de uma violenta e ilegal ação de despejo praticada pela Polícia Militar (PM) do estado de Mato Grosso do Sul no dia 24 de junho de 2022″.

Neste domingo (26), o MPF (Ministério Público Federal) deu um prazo de 72h para órgãos e entidades oficiais para o envio de informações sobre o confronto. Em nota, o MPF diz que uma perícia antropológica será feita na retomada Guapoy entre os dias 28 de junho e 1º de julho. A perícia será conduzida por analista em antropologia do ministério.