Incluindo MS, 57% dos municípios da Mata Atlântica têm menos de 30% de vegetação natural
Agricultura foi o tipo de uso de solo que mais cresceu na Mata Atlântica
nos últimos 37 anos
Fábio Oruê –
Notícias mais buscadas agora. Saiba mais
A Mata Atlântica tem perdido sua configuração original com o passar dos anos. Mato Grosso do Sul e outros 16 estados brasileiros possuem o bioma, mas apenas 24,3% desse território ainda resiste com a formação florestal.
Segundo os mais recentes dados do MapBiomas, esse tipo de cobertura, que ocupava 27,1% em 1985, caiu para 24,3% em 2021. Mais da metade (57%) dos municípios possuem menos de 30% da vegetação nativa.
Os estados com menor cobertura nativa em 2021 são Alagoas (17,7%), Goiás (19,5%), Pernambuco (23,4%), Sergipe (25,5%), São Paulo (28,4%) e Espírito Santo (29,3%).
Enquanto os estados com maior cobertura nativa de Mata Atlântica no ano passado são Piauí (89,9%), Ceará (76,9%), Bahia (49,7%) e Santa Catarina (48,1%). Mato Grosso do Sul tem 31% de cobertura.
Perda de Mata Atlântica madura
Além da redução em área, existe um processo de redução da qualidade dessa cobertura vegetal: entre 1985 e 2021 houve uma perda de 23% de floresta madura.
Em 37 anos, a vegetação primária foi suprimida em 9,8 milhões de hectares de vegetação e se regenerou em vegetação secundária em 8,8 milhões de hectares. Elas respondem por 26% de toda a cobertura florestal da Mata Atlântica.
“As florestas secundárias são essenciais para proteção dos rios, diminuição da distância entre fragmentos
e absorção de carbono da atmosfera, mas não possuem a mesma biodiversidade de uma floresta primária”, alerta Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas.
Agricultura
Enquanto a cobertura florestal recua, cresce a área destinada à agricultura: esse foi o tipo de uso de solo que mais cresceu na Mata Atlântica nos últimos 37 anos. Essa atividade avançou 10,9 milhões de hectares. Se em 1985 ela ocupava 9,2% do bioma, em 2021 esse percentual alcançou 17,6%.
Nesse período, a silvicultura (cultivo de florestas) ganhou 3,7 milhões de hectares, passando de 0,7% (1985) para 3,5% do bioma. Juntos, agricultura e silvicultura já ocupam um quinto da Mata Atlântica.
O uso da terra prevalente no bioma ainda é a pastagem. Embora essa atividade tenha tido uma perda líquida de 10,5 milhões de hectares nos últimos 37 anos, um em cada quatro hectares desse bioma ainda é de pasto, que perde espaço para agricultura, mas ainda avança sobre áreas de floresta.
São 32,2 milhões de hectares, ou 24,6% da Mata Atlântica. A agropecuária, agricultura, pastagens, áreas de mosaico de usos e a silvicultura ocupam 60,1% da Mata Atlântica. Mato Grosso do Sul registrou esse fenômeno e o que antes era pasto, se transformou em terras para agricultura.
Urbanização da Mata Atlântica
O bioma também passou por um forte processo de urbanização nos últimos 37 anos. As áreas urbanizadas passaram de 674 mil hectares em 1985 para 2,03 milhões de hectares em 2021 – um aumento de 1,4 milhão de hectares. Embora 87,5% da expansão tenha se dado sobre áreas já alteradas, em 1985, 12,7% cresceu sobre áreas que eram naturais.
A degradação da Mata Atlântica já pode ter os efeitos percebidos. Um dos serviços ambientais prestados pelas florestas é produção e proteção de água. No período analisado, de 1985 a 2021, a bacia do Paraná teve sua cobertura nativa reduzida de 22,5% em 1985 para 21,6% em 2021.
A do Paranapanema e do São Francisco também tiveram uma redução da cobertura nativa, de 21,3% (1985) para 20,3% e de 57% (1985) para 52,9%, respectivamente.
“Depois de sucessivas crises hídricas afetando dezenas de cidades ao longo da Mata Atlântica, é preocupante ver a capacidade de fornecimento de serviços ambientais deste bioma ser continuamente fragilizada”, adverte Luís Fernando Guedes Pinto, diretor-executivo da SOS Mata Atlântica.
“A preservação do que restou de Mata Atlântica e a restauração em grande escala são essenciais para preservarmos alguma resiliência dessa região à dupla ameaça da crise climática e da crescente irregularidade do regime de chuvas, decorrente do desmatamento da Amazônia”, ressalta, recordando que estamos da Década da Restauração de Ecossistemas da ONU.
Alguns exemplos positivos foram a bacia do Tietê, com muito pouca cobertura nativa, mas que passou de 14,29% (1985) para 15,0% (2021) e do Rio Grande, que aumentou de 17,6% para 19,7%.
Tipos de formações
Mas não foi só a cobertura florestal que diminuiu nos últimos 37 anos. Entre 1985 e 2021, houve uma perda líquida de 9% da área de formações savânicas, sendo que, em 2021, 14% delas eram de vegetação secundária.
As formações campestres repetem o mesmo processo: elas recuaram 25% entre 1985 e 2021. As restingas arbóreas perderam 12% de superfície.
O levantamento do MapBiomas a partir do mapeamento de imagens respeitou os contornos determinados pela Lei n° 11.428 de 2006, também conhecida como Lei da Mata Atlântica. Com isso, foram analisados todos os remanescentes florestais, incluindo os encraves do Piauí, Ceará e interior da Bahia.
Embora os 465.711 km² remanescentes da Mata Atlântica sejam encontrados em 17 estados, a área contínua estende-se por apenas 15 estados.
Notícias mais lidas agora
- VÍDEO: Moradores denunciam mulher por racismo e homofobia em condomínio de Campo Grande
- Semadur admite que constatou irregularidades em bar que virou pesadelo para moradores no Jardim dos Estados
- Dono de espetinho preso por vender carne em meio a baratas e moscas é solto com fiança de R$ 1,4 mil
- ‘Discoteca a céu aberto’: Bar no Jardim dos Estados vira transtorno para vizinhos
Últimas Notícias
Acidentes de trânsito lotam Santa Casa e hospital tem 6 vezes mais pacientes que sua capacidade
Cenário pode ficar ainda mais grave, já que, neste período do ano, há aumento de traumas
Nas proximidades do Natal, Campo Grande tem estabilidade nas vendas do comércio
O acumulado no ano chegou a 6,3%
Rapaz é flagrado furtando desodorantes e chocolates de mercado em Dourados
Mercadorias estavam em uma mochila que também era furtada de uma loja no shopping
Newsletter
Inscreva-se e receba em primeira mão os principais conteúdos do Brasil e do mundo.