Metade do ano já se foi e a volta às aulas – após miniférias deste período – estão acabando ou já acabaram para muitos estudantes. Alguns, inclusive, não estarão na mesma escola, seja por notas baixas, problema com algum colega, professor ou outro motivo desconhecido. No entanto, será que os pais ou responsáveis acompanham este processo? Aí, na sua casa, existe um momento diário, de partilha, de discutir as atividades escolares? Se a resposta for não, a sugestão é “contratar um pai particular”.

No típico discurso “contém ironia”, a fala é do diretor de uma escola particular de Campo Grande, Lúcio Rodrigues Neto, de 39 anos. Com pouco mais de duas décadas na área da educação, também empreendeu e disponibiliza vagas do ensino infantil ao superior, acompanhando cada etapa dos alunos. “Hoje nas escolas o desafio não são as crianças ou professores. Muitas vezes são os pais, que precisam assumir o papel deles”, opina.

Conforme o diretor, no dia a dia do ambiente escolar é possíve ver que muitos alunos estão carentes e não é de bens materiais. “Criança precisam de atenção, carinho e tempo de qualidade com os pais. E estes precisam renunciar as vontades individuais, muitas vezes, para atender a necessidade do filho. Se não estivermos dispostos a isso, penso que é melhor nem ter filho”, comenta ao Midiamax.

Foto: Henrique Arakaki/Jornal Midiamax

Número de crianças de recuperação cresceu pós-pandemia, avalia diretor

Neste ano em específico, após as primeiras férias pós-covid, o diretor fala que cresceu o número de crianças de recuperação na escola. “A pandemia agravou os problemas, as crianças ficaram muito tempo em casa jogando. Agora não conseguem se concentrar nas atividades mínimas e o brasileiro está com um hábito de achar que a escola não é importante, que a educação não faz sentido e por isso estamos uma geração de alunos que não dão valor para o aprendizado acadêmico. Acham que o mercado ensina tudo”, ressaltou.

Desta forma, o educador comenta que está sendo comum ver alunos que não fazem tarefas, trabalhos, esquecem material em casa ou então perdem pelo simples fato de nem colocar nome na capa. “Aí vem o boletim, as notas baixas e os pais recorrem aos professores particulares. Quando não resolvem, os pais trocam a escola. Mas e o real motivo? Será que ao escolher ter um filho, lembramos que o primeiro ensinador é o pai? Ou a mãe. Ou os dois quando possível”, disse.

Ainda de acordo com o diretor, se os pais ou responsáveis não derem importância para o conhecimento e a escola, a criança também não vai dar. “É por isso que eu digo que precisamos de pais particulares, não de professores. Todos os dias, um momento de partilha. Fortalece o vínculo de afeto, dá importância ao que é importante pra criança. A criança descobre junto, pesquisa junto e, de repente, até aprende junto. Não que o pai tenha que dominar todos os conteúdos ou fazer a tarefa. Mas ter o momento da tarefa/pesquisa/trabalho, juntos, é mágico. Se não há esse tempo, não tem como culpar a criança pelo fracasso”, argumenta.

Por fim, Rodrigues fala que é nítido o quanto algumas crianças precisam de ordem, amor e respeito. “Muitas imploram por atenção e afago dos pais. E estes, acham que elas querem somente brinquedos e celulares. Se há o acompanhamento, o pai consegue até avaliar a escola melhor. E decidir se o caminho está de acordo com suas ideologias e expectativas. Aula extra não resolve, quando o problema é falta de hábito de estudo, dentro e fora da escola. É por isso que eu digo: caso o pai esteja sem tempo, contrate um pai particular”, finalizou.

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