Após se despedir da mãe, há cerca de duas semanas, o Bruno Nascimento agora também precisa se despedir o pai, o cinegrafista e jornalista Auro Sávio, vítima da covid-19. “O senhor sempre vai ser meu exemplo, carrego muito de você e agora vou carrega-lo no meu coração”, escreveu ele em suas redes sociais. 

Auro morreu na madrugada desta segunda-feira (10), em Campo Grande. “[…] a dor continua a ser imensurável!”, descreveu ele em uma postagem de agradecimento e despedida com as lembranças vividas entre pai e filho. 

“Graças a você paizinho eu sou jornalista, e aprendi a amar a profissão. Graças a você escuto , leio livros , assisto a filmes e torço pelo Corinthians”, diz Bruno. 

Companheiros de shows, o filho relembrou o primeiro show de rock que Auro levou ele e seus irmãos: “Fiquei em cima dos seus ombros assistindo ao show dos Raimundos no Albano Franco”.  

Mas as memórias musicais não pararam: “Como esquecer da viagem a São Paulo, para assistir a nossa banda favorita Iron Maiden, eu , você e meu irmão. Um sonho realizado! Outro sonho realizado, foi levar a minha irmã para assistir ao show do Bon Jovi”. 

Pai e filhos curtiram show da banda favorita em São Paulo. (Foto: Arquivo pessoal)

 

“O senhor sempre vai ser meu exemplo, carrego muito de você e agora vou carrega-lo no meu coração. E como dói meu coração! Dê um abraço apertado na vó Jesus e diga que também tenho saudades. Até logo! Te amo muito paizinho, para sempre!”, despediu-se Bruno. 

Bruno é namorado da jornalista Súzan Benites, que em março passou o inimaginável: em um período de oito dias perdeu a mãe, o pai e o irmão para a covid-19. “Em uma semana três colunas foram arrancadas sem nenhum aviso prévio. Eu me pergunto: como uma única coluna vai sustentar esse teto?”, questionou-se ela, na época. 

Auro é o oitavo jornalista morto na pandemia de coronavírus em Mato Grosso do Sul, conforme divulgado pelo Sindijor-MS (Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul). A última morte de jornalista por conta do coronavírus aconteceu em abril, com o falecimento de Hermano de Melo, de 73 anos. Entre as vítimas da em MS, também estão os profissionais Denilson Pinto, Leyde Pedroso, Guilherme Filho, Valdenir Rezende, Armandinho Anache e Oscalino Rezende.