Chamar um motorista por aplicativo: uma atividade rotineira e simples para a maioria das pessoas, é praticamente uma saga para os cadeirantes em . Uma reportagem do Midiamax mostrou a história de César Aveiro, que perdeu a prova do vestibular da UFMS ( Federal de Mato Grosso do Sul) depois de ter a corrida recusada pelo . Porém, ele não é o único e pessoas com deficiência enfrentam dificuldades no transporte quase todos os dias.

A presidente da Associação de Mulheres com Deficiência em Mato Grosso do Sul, Mirella Ballatore, já viveu na pele uma situação parecida. Ela conta que estava na casa de uma amiga tarde da noite e, mesmo assim, o motorista recusou a corrida ao perceber que se tratava de uma cadeirante. 

“Chamei, quando o rapaz foi me pegar, não me levou. Depois, eu chamei outro, o motorista me pegou, mas veio reclamando o caminho todo. É complicado, já cancelaram muitas vezes. Às vezes nem param, passam, veem que é cadeirante e vão embora, não dão nem satisfação”, conta.

Nas redes sociais, pessoas com deficiência e mães que têm filhos cadeirantes também relataram que os problemas são constantes. “Meu filho usou cadeira de rodas por um bom tempo, muitas vezes perdemos consultas e terapias por não conseguir um motorista que aceitasse levar a pequena e dobrável cadeirinha dele”, contou uma leitora.

Por outro lado, não faltaram críticas ao candidato que perdeu o vestibular. Algumas pessoas comentaram que ele deveria estar preparado para o imprevisto ou até ter pego um ônibus. A presidente da associação alerta que as pessoas não conhecem a realidade de quem tem deficiência. “A grande maioria da sociedade não está preparada para a nossa realidade. A gente passa por isso todos os dias, não é só uma vez”, diz.

Mirella explica que falta acessibilidade, as pessoas com deficiência enfrentam até dificuldades para chegar aos pontos de ônibus, já que muitas calçadas não são acessíveis. Além disso, muitas vezes os elevadores dos ônibus estão quebrados ou os motoristas do simplesmente não param. 

“A pessoa com deficiência tem uma vida, além da sua deficiência. A deficiência é limitante, mas o que realmente nos impede de viver é a falta de acessibilidade, empatia”.

Presidente da Applic-MS (Associação dos Parceiros de Aplicativos de Transporte de Passageiros e Motoristas Autônomos de Mato Grosso do Sul), Paulo Pinheiro explica que os motoristas devem transportar os passageiros com deficiência. “Devem transportá-los com educação e respeito, não existe nada que impeça de transportar os cadeirantes, é obrigação atender sim”, disse.

Pinheiro ainda diz que pretende ir até a Câmara dos Vereadores de Campo Grande, para cobrar um projeto que obrigue os motoristas de aplicativo a transportar pessoas com deficiência física. “E aqueles que não fizerem sejam punidos, banidos das plataformas de transporte de passageiros de Campo Grande”.

Em nota, a Uber se manifestou sobre o assunto:

“A Uber possui uma política de tolerância zero a qualquer forma de discriminação em viagens pelo aplicativo. A empresa defende o respeito à diversidade e reafirma o seu compromisso de promover o respeito, igualdade e inclusão para todas as pessoas que utilizam o nosso app. A Uber fornece diversos materiais informativos a motoristas parceiros sobre como tratar cada usuário com cordialidade e temos como política que os motoristas parceiros cumpram a legislação que rege o transporte de pessoas com deficiência.

Nos casos em que usuários sentirem que o tratamento dado pelo parceiro não foi respeitoso, ou que desrespeitou os termos da lei, ressaltamos sempre a importância de reportarem esses incidentes à Uber, para que possamos tomar as medidas necessárias”.

O Jornal Midiamax entrou em contato com os aplicativos Uber e 99 para saber sobre as normas para transporte de pessoas com deficiência, a 99 ainda não se manifestou.

*Matéria alterada às 19:22 de 16/02/2021 para o acréscimo de informações.