Comum no fim do ano, Moai pode ajudar a levantar uma grana, mas também dar muita dor de cabeça
Consórcio entre amigos virou tradição no Brasil, mas cuidados devem ser tomados para evitar calotes e transtornos
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Fim de ano chegou e muita gente está em busca de uma grana extra, seja com emprego temporário, tirando férias que se somam ao 13°, ou ainda aderindo a possibilidades mais ortodoxas, mas não menos eficientes, como o Moai ou consórcio entre amigos — uma espécie de poupança em que pessoas se juntam e pagam uma mensalidade e, a cada mês, um integrante do grupo é sorteado. Existem modelos também em que a data em que cada um vai retirar o dinheiro já é combinada previamente.
Vitória Martins, enfermeira de 25 anos, é uma adepta antiga dos Moais e já até organizou alguns. O deste ano vai começar em dezembro e segue até setembro do ano que vem. “Então, quando eu não estou fazendo eu entro em algum que eu conheço a pessoa que está organizando. Me ajuda bastante, é um dinheiro que você investe, mas ele retorna para você depois”.
Porém, ela toma alguns cuidados que servem como dicas. “Participo com pessoas bem próximas e que tenho contato sempre, que sei da procedência e tudo mais. Até porque se alguém não pagar certinho quem tem que assumir a parcela é quem está organizando, então é bem sério”, diz ela.
É preciso ter cuidado mesmo, pois, apesar de parecer um instrumento de economia financeira seguro, já aconteceram tragédias por discordâncias no pagamento do Moai.
Em 2014, um jovem de 26 anos foi assassinado por uma dívida de Moai. Na época, assim como agora, segundo a Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul), por se tratar de uma ação entre amigos, não há uma lei que regulamente este tipo de “poupança”.
No entanto, caso alguém se sinta lesado, como, por exemplo, não receber o montante depois de ter quitado todas as parcelas previstas no acordo, pode procurar qualquer delegacia para formalizar a queixa com o fato tornando-se um ilícito civil.
Modo
O Moai teria surgido por influência dos japoneses que imigraram para o Brasil há algumas décadas, sofrendo adaptações. De uma forma geral, trata-se de um grupo formado por amigos que combinam uma mensalidade e de que forma o rateio será repassado.
O mais difundido é a forma na qual é combinado o valor de uma parcela, e marcada uma data para que seja feita a reunião para a entrega do rateio a um dos integrantes do grupo. Na primeira reunião, o montante fica com o administrador e as seguintes ficam com quem der o maior lance. Nas reuniões seguintes, o montante a ser repassado é acrescido do “juro”, proporcionado pelo acréscimo do lance oferecido na reunião anterior.
No caso de ninguém oferecer lance, é feito um sorteio para ver quem ficará com o dinheiro. Neste caso, o vencedor pagará, além de sua cota, um valor tido como “lance mínimo”.
Existe também o Moai de objetos ou perfumes, em que é escolhido o produto e definido o valor. É formado o grupo, estipulado o valor da parcela e todos os meses é feito um sorteio para ver quem fica com a mercadoria.
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