Sinônimo de vida, Pantanal em chamas se transforma em paisagem assustadora para visitantes de MS
Há semanas o Pantanal é castigado pela seca, o fogo e a fumaça. Uma área um pouco maior que 3 milhões de hectares do bioma já foi queimada, se recortamos apenas a região localizada no Mato Grosso do Sul são 1,1 milhão de hectares perdidos para as chamas, de acordo com o Prevfogo (Centro Nacional […]
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Há semanas o Pantanal é castigado pela seca, o fogo e a fumaça. Uma área um pouco maior que 3 milhões de hectares do bioma já foi queimada, se recortamos apenas a região localizada no Mato Grosso do Sul são 1,1 milhão de hectares perdidos para as chamas, de acordo com o Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais).
A nova paisagem, que lembra cenários de filmes pós-apocalípticos, não choque apenas os profissionais que vêm trabalhando no combate às chamas, mas entristece e causa espanto nas pessoas que já puderam ver o verde, na área que hoje está cinza.
Stéphanie Brittes, de 31 anos, conhece bem a região, os pais são moradores de Corumbá, cidade que ele carrega no coração que se encheu de tristeza após sua última visita, no sábado (28). Se ele pudesse resumir a viagem em uma única palavra, seria “assustadora”.
“O que eu vi é assustador, é algo que que nunca tinha presenciado. A quantidade de animais mortos na estrada é assustadora, muitos atropelados fugindo das queimadas e outros mortos nas queimadas”, disse Stephanie.
Antes fosse um problema concentrado apenas nas estradas, Stéphanie conta que morar em Corumbá se tornou quase insuportável, “a cidade está embaixo de uma nuvem de fumaça, parece que você está em uma redoma, de tão quente. Já é uma região quente naturalmente, mas agora está impossível, ainda misturado com a fumaça”, relata a visitante.
A mesma fumaça que também impressiona Guilherme Delmondes, de 28 anos, que mora há sete meses na cidade branca, e comenta que há um tempo não conseguia mais ver o azul do céu, “há semanas está tudo cinza, alguns dias atrás deu uma chuvinha e melhorou a situação, já dava para ver o céu, mas agora está tudo ficando cinza de novo”, contou.
Guilherme não esconde as dificuldades e tristezas geradas pelas queimadas, “o que sentimos primeiro é a fumaça, nossa qualidade de vida cai bastante, a gente não respira, fica quente, incomodo. E logo depois, a tristeza tremenda, eu sempre vi o Pantanal como um lugar lindo, nunca vi um igual no mundo, existe alguns parecidos, mas não igual e agora está se transformando em cinzas”.
Ele conta ter transitado pela Estrada Parque e ficou impressionado com a quantidade de peixes e jacarés mortos, “como existem muitas pontes pela estrada foi fácil encontrar jacarés queimados às margens do rio, também vi alguns peixes queimados, apenas os ossos, mas os jacarés são os principais”, lembra Guilherme.
As chamas transformam um dos maiores biomas do planeta, rico em vida e verde, em um cemitério a céu aberto, ceifando fauna e flora. Temido por todos, o fogo foi visto por Stéphanie, durante a viagem, em meio a estrada, ela presenciou a força daquilo que destrói tudo que encontra pela frente.
“A gente tem medo que seja uma nova paisagem. Somos acostumados com a fauna do local, nós estamos acostumados com queimadas, mas nunca vimos uma quantidade de fogo tão intensa como essa e de forma tão evidente e que impactasse na vida de todos”, lamentou Stéphanie.
Guilherme não chegou a ver as chamas, apenas locais onde a passagem delas havia sido recente, com fortes fumaças, “dava para ver a fumaça saindo do chão, era fácil perceber que o local havia acabado de queimar”.
Tentando amenizar os efeitos, ele conta que as pessoas utilizam o que há disponível, “como nós já estamos usando máscaras por causa da pandemia ajuda um pouco na respiração, e dentro de casa é umidificador, muita água e assim tentamos não sentir os efeitos de forma tão forte”.
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