Sem reforço na frota de ônibus, trabalhadores saem até 2h antes de casa e chegam atrasados
O reforço prometido nas linhas de ônibus durante a quarentena supostamente não aconteceu em Campo Grande, já que os trabalhadores mesmo saindo de casa com até 2 horas de antecedência estão chegando no trabalho com quase 1h30 de atraso, conforme relatos. Além disso, desde o começo da semana, quando o transporte coletivo foi liberado para […]
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O reforço prometido nas linhas de ônibus durante a quarentena supostamente não aconteceu em Campo Grande, já que os trabalhadores mesmo saindo de casa com até 2 horas de antecedência estão chegando no trabalho com quase 1h30 de atraso, conforme relatos. Além disso, desde o começo da semana, quando o transporte coletivo foi liberado para toda a população, o Jornal Midiamax tem recebido várias reclamações.
Nesta quinta-feira (9) véspera de feriado, a auxiliar administrativo Fabiane Silva, 37 anos saiu de casa às 5h30, mas só conseguiu chegar no trabalho às 9h. “Eu tinha que estar no trabalho às 7h30, mas só tem ônibus velho circulando, os articulados que cabem mais pessoas não estão rodando, então o ônibus enche rápido e os motoristas não estão parando, a gente acaba de se atrasando muito para o trabalho. Eu fiquei parada no ponto 1h30 e todos os ônibus que passaram estavam cheios”, relatou.
Também chegando atrasado mesmo saindo de casa com 1h40 de antecedência, o auxiliar de perecíveis Marcos Henrique, 22 anos, conta que o patrão cobra horário e fica difícil para o trabalhador que depende o transporte coletivo e só está chegando atrasado.
“Eu preciso entrar às 8h no trabalho. Às 6h20 estava no ponto de ônibus, mas só passou às 7h, aí chego no centro preciso esperar mais um ônibus que não passou até agora quase 8h. Todo dia chego no trabalho pelo menos 50 minutos atraso, porque os motoristas não param e não tem reforço de ônibus para ajudar”, disse.
Ele diz ainda que quando vê que vai atrasar muito ele acaba terminando o percurso a pé. “Eu venho até o ponto de Prefeitura e subo a pé até o shopping quando vejo que vai atrasar muito para tentar diminuir o tempo. Quando não tinha ônibus o chefe até entendia, mas agora ele cobra horário né”, contou.
Para a operadora de caixa, Juluiany Souza, 23 anos, a ajuda da Guarda Civil é boa para ter segurança, mas impedir que as pessoas entrem no ônibus prejudica quem depende do transporte coletivo para o trabalho. “Não tem mais ônibus rodando, eu fico no ponto esperando, mas o ônibus passa cheio e não para. Eu pegava o ônibus às 6h30, agora não passa mais nesse horário. Demora e não tem ônibus a mais, o trabalhador acaba prejudicado”, contou.
Sequência de reclamações
Desde a segunda-feira (6), quando os ônibus foram liberados para a população, a reportagem recebeu inúmeras reclamações. Desde atraso, problemas na integração, ônibus lotados enfim.
A integração, que pode ser feita apenas para quem usa o cartão cidadão, foi a principal reclamação nesses dias. Os trabalhadores, que não tiveram um prévio aviso, chegavam aos terminais e eram orientados a entrar pela porta da frente pagavam uma nova passagem.
Muitos que dependiam de até 3 linhas, precisaram pagar várias passagens, mas segundo o Consórcio Guaicurus as reclamações eram infundadas, porque no sistema da empresa a integração, que foi ampliada em até 2h e para duas linhas, estava acontecendo normalmente.
Além disso, a orientação para que os ônibus circulassem apenas com passageiros sentados não foi cumprida e deixou a população apreensiva com a aglomeração de pessoas. Um leitor, que preferiu não se identificar, filmou na manhã da quarta-feira (1°), antes mesmo da liberação para o público em geral, a linha 192 lotada às 5h na rua da Divisão. E no fim da tarde da segunda-feira (6), primeiro dia da liberação, a linha 061, uma leitora registrou pessoas aglomeradas e em pé no coletivo.
Na ocasião, ao Jornal Midiamax, o Consórcio Guaicurus informou que deve reforçar as linhas, colocando mais veículos nas ruas. E durante uma live no Facebook, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) anunciou que após várias reclamações e denúncias dos passageiros sobre a quebra da quarentena no transporte coletivo, a situação precisaria ser revista.
E nesta quarta-feira, após 3 dias de denúncias de no transporte coletivo, Marquinhos informou que a Guarda Civil Metropolitana estaria garantindo o cumprimento das regras e não descartou a possibilidade de nova suspensão no serviço.
“A partir de hoje (8), nós vamos dar uma endurecida nesse regramento: nós com ajuda da Guarda Civil Metropolitana estamos autorizando motoristas a não saírem com os ônibus caso existam passageiros em pé. Eu sei que muitos deles estão preocupados com sua própria segurança”, informou o prefeito em transmissão feita em suas redes sociais, sobre o reforço da Guarda.
70% da frota
De acordo com o prefeito Marquinhos Trad, atualmente 70% da frota do transporte coletivo estava rodando – aproximadamente 417 ônibus nas ruas -, mas a ordem é para que menos pessoas estejam dentro do coletivo, por isso esse atraso. “A ordem foi minha de não parar quando não tiver lugar para ir sentado e os motoristas estão cumprindo. Antes eram 596 ônibus rodando em dias normais e hoje temos 70% dos ônibus rodando na nossa cidade, então não é verdade que não tenha ônibus. É verdade sim que diminuiu o número de passageiros dentro do ônibus. É uma coisa muito lógica, se você tinha um bolo, onde nesse bolo comiam 30 pessoas, e agora nesse mesmo bolo só vai comer 10, evidentemente 20 vão ter que esperar sair outro bolo. O ônibus tá passando direto por orientação minha”, destacou.
Maquinhos ainda diz que o momento pede que a população faça sua parte e se preciso façam o revezamento na fila para quem tiver mais atrasado. “Nós estamos fazendo a nossa parte. Pediram o ônibus nós devolvemos, pediram limpeza estamos limpando, agora é a parte da população fazer a sua parte. É hora do trabalhador ligar para o patrão e avisar que não vai chegar no horário. É hora de se conversarem nas filas e perguntar quem tá mais atrasado, que tem mais urgência e se ajudarem nisso. A ordem é minha. Se tiver gente em pé no ônibus, o motorista vai parar, desligar o carro e acionar a Guarda, se não vai ser multado”, afirmou.
* matéria editada às 9h20 para acréscimo de resposta.
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