A flexibilização do comércio em Campo Grande está relacionada a um aumento dos casos de Covid-19 na Capital, segundo defendeu na manhã desta quarta-feira (17) a infectologista Priscilla Alexandrino. Apesar da influência, os hábitos da população também foi determinante para este aumento de caso.

A médica participou de uma transmissão ao vivo sobre protocolos de biossegurança de bares e restaurantes, promovida pela Comissão Especial em apoio ao Combate à Covid-19 da Câmara Municipal de Campo Grande.

A infectologista reforçou que a situação de Dourados é a mais preocupante em MS, mas também comentou o crescimento de casos na Capital e pediu conscientização da população. Ela destacou que os hábitos dos campo-grandenses ganham protagonismo diante da necessidade de flexibilização para a manutenção mínima da economia e de empregos.

“Não estou debatendo ou entrando no mérito [se a reabertura do comércio na Capital] foi acertada, mas se faz necessário que a população se conscientize e mude hábitos”, pontuou, destacando que a transmissão pessoa a pessoa é a mais preponderante entre as formas de contaminação. “Usem máscaras e façam isolamento social”, defendeu.

Logo após a primeira confirmação na cidade, Campo Grande entrou em lockdown, no dia 15 de março, com autorização de funcionamento apenas a estabelecimentos essenciais, como hospitais, supermercados e farmácias, além da indústria que fabricava insumos, como álcool em gel. A flexibilização, porém, foi gradativamente iniciada em 6 de abril.

Aumento de casos

Com 868 casos confirmados até a manhã desta quarta-feira (17), Campo Grande já soma 20,8% dos casos oficiais de Covid-19 registrados em MS. O aumento foi mais expressivo a partir da 20ª semana epidemiológica, conforme números da SES (Secretaria de Estado de Saúde), o que ocorreu após a reabertura do comércio.

Porém, segundo a médica, o aumento de casos não é a única referência para adoção de lockdown: taxa de letalidade e de ocupação de leitos também integram a equação. “Se temos superlotação, ou seja, 80% dos leitos de UTI ocupados, isso deve ser levado em conta para que o poder publico tome medidas restritivas. Agora, quando temos 50%, temos um bom indicador. Podemos ter esta flexibilização”, explicou, ressaltando que lockdown pode ser novamente adotado caso este índice aumente.

Conforme o boletim da SES, 106 pacientes com Covid-19 estão internados, dos quais 49 estão em leitos clínicos (35 SUS e 13 privados, mais um em SP) e 60 em UTI (34 públicos e 26 provados). A taxa de ocupação, porém, considera tanto casos suspeitos como confirmados e o total em MS já é de 10% e 23%, de leitos clínicos e de UTI, respectivamente, em MS.

Dourados tem 11% dos leitos de UTI com pacientes infectados, 9% com suspeitos e 26% com outras doenças (46% do total). Três Lagoas tem 9% de internações em UTI por COvid-19 e 34% por outras ocorrências (43% do total). Já em Campo Grande, os 212 leitos SUS disponíveis já têm 66% de ocupação, sendo 6% por Covid-19 e 60% pode demais doenças.

Isolamento é necessário

Além de defender medidas como uso de máscaras, higienização de mãos e adoção de isolamento e distanciamento social, Alexandrino também defendeu que grupos de risco, como idosos e pessoas com comorbidades, devem ser ainda mais cuidadosas.

“Acredito firmamente que vamos evoluir mais [em termos de medicamentos e vacina]. Nunca pensaríamos que corticoide poderiam ser bom para conter a doença em estágios avanços”, disse, referindo-se à descoberta de que a dexametazona é eficaz no tratamento de casos extremos.

Alexandrino posicionou, durante a live, que a possibilidade de vacina é real para 2021, devido a testes promissores, mas não para antes disso. Por esta razão, ela pediu cautela. “Nesse momento, acho que devemos protelar a contaminação das pessoas, pra que a ciência desenvolvesse medicamentos efetivos e vacinas”, defendeu.