Contra descaso e insegurança, lojistas do Centro pedem ‘socorro’
Comerciantes querem ter voz e também reclamam de descaso e insegurança a que são submetidos na região central de Campo Grande.
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A operação policial que fichou mais de cem moradores de rua do centro de Campo Grande, no último dia 13, dividiu opiniões, conforme trouxe reportagem publicada ontem (27) no Jornal Midiamax. Todavia, há outra parte da equação que também é prejudicada pela insegurança da região central da Capital. E na luta por visibilidade às condições de insegurança a que estão submetidos, comerciantes do Centro querem ter voz.
A grande queixa dos lojistas é a falta de ação do Poder Público. Talvez por isso não tenham visto com maus olhos a operação policial que conduziu moradores de rua à 1ª DP (Delegacia de Polícia), mesmo sem acusações formais de crime. De acordo com a CDL, estima-se que, apenas durante o mês de abril, houve um prejuízo de cerca de R$ 300 mil, decorrentes de prejuízos físicos às lojas do Centro com furtos, tentativas de arrombamentos e outros danos patrimoniais.
“Nós viemos aqui para demonstrar apoio às ações da PM (Polícia Militar) e PC (Polícia Civil), que foram motivadas por solicitações nossas, depois de muito tempo sem fazerem qualquer coisa. Eu não posso avaliar se a operação não foi executada da forma correta, como estão falando por aí, mas pelo menos fizeram alguma coisa por nós”, declara Adelaido Vila, presidente da CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas).
Além de Adelaido, outros integrantes do que parece ser um movimento em prol de ações para o Centro da cidade estiveram reunidos na manhã da sexta-feira (27) ao lado da Morada dos Baís: Associação de Lojistas da Antiga Rodoviária, membros do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança do Centro) e moradores do entorno protestaram contra os altos índices de criminalidade na região. O trecho da Avenida Noroeste, onde foi construída a Orla Ferroviária, em 2011, é um dos pontos críticos, segundo os presentes.
“Moro aqui na Barão e depois que a Prefeitura desativou os vagões, a situação piorou muito. Já fui assaltada, ameaçada com facão. Só saio de casa sem celular. A insegurança é um absurdo, agora os moradores de rua moram nos vagões. Não tem guarda municipal o suficiente. A gente praticamente não tem a quem recorrer”, protesta a secretária executiva Valquíria Matos.
O lojista Gelásio Roquelani, que tem uma ótica nas imediações, afirma que nunca teve o comércio alvo de roubos. “Eu gasto com segurança, praticamente adotei dois moradores, dou comida, a gente faz o que pode pra ajudar. Mas eu não vou negar que o drama de outras pessoas é real, que elas sofrem com a insegurança”, explica o comerciante.
“É preciso fazer algo”
Com discurso moderado, Adelaido Vila defende que a Prefeitura e os órgãos de segurança pública sejam mais presentes e atuantes diante do claro crescimento da população de rua na Capital. “É claro que queremos que as pessoas sejam tratadas com respeito e dignidade. A gente sabe que são pessoas doentes, que as drogas destruirão a vida delas, mas nós também estamos ali, também somos vítimas. Estamos refém da falta de ação do Poder Público”, explica. “É preciso fazer algo”, completa.
O lojista revela que entre as ações para sobreviver como comerciante da região central, está basicamente terceirizar o serviço de segurança e até de acolhimento dos dependentes, que deveriam ser feitos pela Guarda Municipal, Polícias Militar e Civil, e SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social). “Nós aderimos ao projeto Cidadão Integrado, que é um app de celular que disponibiliza aos comerciantes as câmeras de segurança da região, criando uma rede entre eles. Também podemos disponibilizar as imagens à polícia”, resume.
O presidente do Conseg, Eliezer Melo Carvalho, também conhecido como Jacaré, descreve que uma das ações do Conselho Comunitário promoveu até encaminhamento de dependentes químicos para centros terapêuticos. “Fizemos uma ronda amigável e conseguimos levar 17 pessoas, dentre 40 que foram abordadas, para reabilitação gratuitamente”, revela.
O recado que eles querem passar, portanto, é uníssono: visibilidade.” Não entendemos essa morosidade, mas qualquer que seja a justificativa do Poder Público, queremos que as pessoas entendam que além dos dependentes químicos, que são vítimas das drogas, nós também somos vítimas disso. E não só os lojistas, a economia da cidade sofre”, conclui Adelaido.
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