Operação da Polícia Civil “ficha” moradores de rua da região central

Será feito um álbum com as imagens de todos eles 

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Será feito um álbum com as imagens de todos eles 

Um operação da Primeira Delegacia da Polícia Civil de Campo Grande identificou e fichou 108 moradores em situação de rua. Eles foram cadastrados, fotografados e todas as informações serão reunidas em um álbum com as imagens de todos eles para que possam ser identificados. A ação tem como objetivo reduzir os índices de furtos na área central. De acordo com a polícia, a região registrou aumento de 30% desses crimes no último mês. Em um período de seis dias foram computados 20 furtos qualificados a estabelecimentos comerciais.  

Os levantamentos começaram em outubro do ano passado e há um mês os policiais estão trabalhando nessa operação, que engloba a antiga rodoviária e igrejas próximas, que são alvos de furtos. “Nós decidimos fazer uma operação para identificar esses moradores pois ninguém sabe quem é, estão roubando, matando, furtando e ninguém sabe quem é. Muitas vezes tem um homicídio e você não sabe quem morreu, nem viu quem matou, então resolvemos identificar todos”, disse o delegado titular da 1ª Delegacia de Polícia, Mario Donizete Ferraz.    

Cerca de 200 pessoas foram abordadas, das quais 108 estavam em situação de vulnerabilidade e foram encaminhadas à delegacia. Uma estrutura foi montada dentro da unidade e contou com o apoio da Secretaria de Assistência Social do município, através do POP (Centro de Referência Especializado à População em Situação de Rua) da região central. “Os moradores de rua vieram até a delegacia que já estava com uma estrutura montada, eles foram cadastrados, fotografados, checados, foi feito todo o trabalho de identificação desse pessoal e, por último, criamos um ambiente em que a Assistência Social os cadastrava e oferecia ajuda para quem quisesse voltar para sua cidade, ou tratamento de drogas, todas as oportunidades foram oferecidas a eles”, disse o delegado.

Nove pessoas aceitaram ser encaminhadas e abrigadas no Cetremi (Centro de Triagem e Encaminhamento do Migrante) e outras 10 pessoas pediram para retornarem aos seus Estados de origem.

Durante a ação, foi realizado o levantamento de todos os imóveis abandonados, bem como, com o apoio da prefeitura, todos os proprietários foram notificados, pois tais locais servem de moradia para usuários daquela região.

Furtos na região

De acordo com levantamento feito pela delegada Daniela Kades, no mês passado houve um aumento de furtos, principalmente em lojas da região central. De acordo com a polícia, num período de seis dias foram registrados 20 furtos qualificados a estabelecimentos comerciais. “Isso representa que houve um acréscimo de 30% nos números desses crimes”, afirma Kades. Ela diz ainda que após a ação, os números de furtos registrados na área central já baixaram.

Conforme o Departamento de Polícia da Capital, foram 108 pessoas atendidas; 1 Termo Circunstanciado de Ocorrência realizado; 1 Mandado de Apreensão de Menor; 1 adolescente entregue à família; e 1 Flagrante lavrado por tráfico de drogas, onde foi apreendido 443 gramas da substância análoga à maconha.

Ajuda que “atrapalha”

Outro ponto abordado pelos delegados foi a questão das entidades que levam alimentos para os moradores em situação de rua. Alguns deles já estão acostumados a receber esse alimento em pontos específicos, por esse motivo, muitas vezes não querem sais das ruas. Alguns deles chegam até a vender suas marmitas para comprar drogas. “Eles precisam ser alimentados, mas isso precisa ser feito em locais específicos, todas as igrejas, na hora que for fazer o levantamento para dar comida, ao invés de dar na base deles, porque eles ficam amontoado no local que eles recebem comida, eles podiam arrumar a comida toda e levar ao POP”, comenta o delegado Cláudio Zotto.

Os que dizem os moradores

A maioria dos comerciantes e moradores da região da antiga rodoviária considerou a ação positiva, porém eles acreditam que ainda há muito o que se fazer, pois muitos dos moradores estão aos poucos voltando para os mesmos locais. “Acho a ação boa, mas a maioria está voltando aos poucos, eles têm cama, comida de graça, por isso não querem sair da rua”, comenta Paulo Roberto, 71 anos, comerciante da região da antiga rodoviária.

Para o fotógrafo Roney Paes de Souza, 59 anos, a ação foi boa e até diminuiu o número de furtos. “Já senti uma diferença grande com relação à aglomeração de moradores de rua aqui na região”.

A operação foi realizada pelos delegados Mario Donizete Ferraz, Cláudio Zotto e Daniela Kades, é uma diretriz com orientação da atual diretoria da Polícia Civil da Capital que envolveu 40 servidores entre policiais e funcionários de órgãos públicos

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