Uber já afeta taxistas na Capital, mas foge de ponto polêmico no Aeroporto
Taxistas relatam queda no número de corridas
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Taxistas relatam queda no número de corridas
Depois de 7 dias da Uber operando a todo vapor em Campo Grande e taxistas relatando queda no número de corridas, o Jornal Midiamax foi até o Aeroporto Internacional de Campo Grande para verificar se o serviço afetou de alguma forma as corridas no local, que é um dos pontos problemáticos na cidade para esse tipo de serviço. Segundo a Uber, em razão de uma ‘decisão de negócios’, o local ainda não foi liberado para o serviço e não há previsão de quando isso vá acontecer.
Mesmo com o bloqueio do serviço no Aeroporto, alguns motoristas que estavam em bairros próximos acabaram recebendo chamados de passageiros no local. Eles não souberam explicar como o sistema permitiu que as requisições fossem realizadas. Segundo um deles, levou cerca de 10 minutos para chegar ao local e não houve problemas com os taxistas, entretanto o sistema não estava disponível para iniciar a viagem. De acordo com o motorista parceiro, somente depois de aproximadamente 500 metros é que o aplicativo foi liberado para iniciar a viagem.
Os taxistas que atendem o terminal viário dizem que não houve alterações no número de corridas. “Se tem algum motorista do Uber trazendo ou levando passageiros, não sabemos, porque não é possível identificar”, informa o taxista Elias Penna, de 56 anos. Segundo ele, alguns colegas que atendem Campo Grande dizem que o número de corridas diminuiu.
Dificuldades
Não é incomum acontecerem constrangimentos quando passageiros tentam tomar um táxi que não pertence ao ponto do Aeroporto. Nos horários em que muitos voos chegam, o que geralmente acontecem no período noturno, passageiros reclamam da falta de táxis no local. Segundo a bancária Eda Piedade, de 51 anos, há muito movimento e os taxistas acabam abusando da velocidade para voltar rapidamente. “A gente percebe que quando vários voos chegam em horários próximos, os taxistas ficam desesperados, eles correm demais pra voltar rápido”, afirma ela.
A permissionária do Ponto 17, que atende o Aeroporto, Lígia Robert, revela que 38 veículos compõem a frota de táxis do local e que está fazendo articulações com outros pontos para selecionar taxistas para atuarem com reforço em horários de pico. “No período noturno, que em questão de 2 horas chegam 7 a 8 voos, eu tenho feito 3 viagens, sendo que antes eu fazia até 12 corridas por noite. O número de passageiros caiu cerca de 60% com a crise, mas quando é necessário, o reforço é chamado para levar as pessoas, assim não há mais fila de espera”, explica Lígia.
Há aqueles que pedem a amigos ou parentes que os busquem quando chegam de viagem. A pastora Maria Renilda de Assunção do Rosário, de 49 anos, diz que pegar carona é mais econômico. “Prefiro pegar carona com algum conhecido ou alguém da família porque táxi é caro”, explica ela. O engenheiro Orlando de Campos conta que já usou serviços da Uber em outros aeroportos e elogiou o serviço e lamentou que o Aeroporto esteja bloqueado. “Uso o uber em São Paulo e Belo Horizonte e o serviço é excelente. Os carros são melhores e os motoristas são mais educados. Nos outros aeroportos eu sempre chamo o Uber porque é mais barato”, finaliza Orlando, que foi levado pela sobrinha.
Queda nas corridas de táxi
Para o presidente do Sintáxi-MS (Sindicato dos Taxistas de MS) a novidade do serviço certamente deve causar alguma oscilação, mas acredita que as variações sentidas nesta semana podem estar condicionadas a mais motivos. “Precisamos lembrar que há uma greve dos bancos que está tirando o dinheiro de circulação. Não posso dizer com certeza que o Uber impactou mesmo. O setor pode se fragilizar num primeiro momento, mas é cedo para falar se é um indicador negativo”, pondera Bernardo.
Um dos motoristas parceiros da Uber afirma que nos momentos em que fica disponível recebe chamados constantemente. Ele não estabeleceu um horário fixo, trabalha algumas horas dos três períodos do dia e relata que à noite é o turno em que faz mais viagens, mas ainda não teve oportunidade de atender nos horários de pico.
Segundo Bernardo, os campo-grandenses sempre cobram melhorias de qualidade de serviço e preço e reconhece que o novo serviço atende essas demandas, porém ele faz uma série de questionamentos. “Como está a segurança? Os motoristas têm qualificação? São preparados psicologicamente? Qual a grade curricular do treinamento tiveram? Como são garantidas a qualidade e a segurança? Estamos operando com a autorização do município. O município e o Ministério Público deveriam se manifestar e a sociedade deveria fazer esses questionamentos”, pontua o presidente do sindicato.
Lígia, dona do ponto de táxis do Aeroporto, acha que é uma concorrência desleal. “Já que eles querem atuar no nosso ramo, vão ter que pagar os impostos. Os taxistas pagam os impostos, por que eles não pagam nada? Gostaria que o Uber fosse um serviço leal e mostrasse legalidade, que pagasse os impostos”, frisa ela.
Segundo a Uber, o serviço é completamente legal no Brasil. Os motoristas parceiros da Uber prestam o serviço de transporte individual privado, que tem respaldo na Constituição Federal e é previsto em lei federal (PNMU Lei Federal 12.587/2012). Quanto à questão da segurança, a Uber informou que a partir de julho de 2016, o seguro APP passou a cobrir motoristas e usuários em cada viagem, com as seguintes coberturas, em caso de acidentes: R$ 100.000,00 por pessoa para morte acidental, R$ 100.000,00 por pessoa para invalidez permanente total / parcial e até R$ 5.000,00 por pessoa para despesas médicas.
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