Capital tem 2,9 leitos para cada mil habitantes e OMS recomenda de 3 a 5, por que falta?
Pacientes da capital competem com os do interior, diz presidente da Santa Casa
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Pacientes da capital competem com os do interior, diz presidente da Santa Casa
A Prefeitura de Campo Grande publicou nesta segunda-feira (6), no Diário Oficial, o Regulamento Operacional da Coordenadoria de Regulação Hospitalar. O documento informa os procedimentos e como funciona a regulação de leitos, bem como o total em Campo Grande – 2.488 – ou 2,9 leitos para cada mil habitantes. A soma está bem próxima do que recomenda OMS (Organização Mundial da Saúde), que é de 3 a 5 leitos para cada mil habitantes. Mas se estamos tão próximos do ideal, por que faltam tantos leitos em Campo Grande?
O secretário adjunto da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Victor Rocha, explica que o problema existe porque Campo Grande não atende apenas os cidadãos da Capital, mas os da macrorregião e até de cidades distantes, por não haver atendimentos especializados. “Na verdade, a gente tem toda uma estruturação da rede, atendemos a macrorregião além de outros municípios que não estão estruturadas. Esses pacientes do interior competem com a vaga para os pacientes de Campo Grande”, diz.
Para resolver o problema de falta de leitos, que é um dos problemas que mais afeta a saúde, e é motivo de diversas investigações no Ministério Público Estadual, a Sesau está “objetivando a ampliação da capacidade instalada para que consiga atender tanto paciente de Campo Grande quanto do interior”, explica o secretário adjunto.
Ele pontua que já existe parcerias da Prefeitura Municipal, com o Governo do estado e com o Ministério da Saúde. “O objetivo é de ampliar a capacidade instalada. Os recursos são das três instâncias, porque apesar de a gestão ser plena, o financiamento é tripartite”, diz.
Além disso, ele explica que para seguir recomendação da CGU (Controladoria Geral da União) e do MPE, a regulação passou a funcionar 24 horas, não apenas para casos de urgência e emergência. “Foi regulamentada a regulamentação, hoje já está funcionando 24 horas. A única que funciona era a do Samu e a pré-hospitalar, que faz a regulação de urgência e emergência de Campo Grande. Agora toda a regulamentação funciona 24 horas. Seguindo recomendação do MPE e da CGU”.
Já a assessoria de imprensa do Governo do Estado diz que um dos objetivos da Caravana da Saúde é a ampliação de leitos no Mato Grosso do Sul. Em Campo Grande são “50 leitos de UTI, 20 já foram entregues, sendo 10 no Hospital Regional e 10 na Maternidade Cândido Mariano, Outros 30 serão entregues na Santa Casa, Hospital Universitário e Hospital do Câncer. Esses leitos ainda estão em fase de pactuação com o município para fazer a entrega”, esclarece.
A assessoria ainda informa que há planejamento de ampliação do Hospital Regional, o que vai elevar o número de leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) para 82. Os leitos fazem parte do projeto de ampliação de um anexo do hospital.
Leitos em Campo Grande
Campo Grande tem 740 leitos cirúrgicos, 465 são do SUS (Sistema único de Saúde) e 275 são privados. A Santa casa é o hospital com o maior numero de leitos do SUS, 240.
O total de leitos clínicos é de 555, sendo 334 SUS e 221 privados. Já o de leitos complementares é de 265, sendo 211 SUS e 54 privados
Os leitos pediátricos somam 184, sendo 131 SUS e 54 particulares. 360 para outras especialidades, 263 (SUS) e 97 (particular). Mais 63 no Hospital Dia, sendo 56 do SUS e 7 particulares.
Maior hospital de MS
Presidente da Santa Casa, maior hospital do Mato Grosso do sul, e que absorve os casos mais graves do estado, Esacheu Cipriano Nascimento, explica que a resolução publicada hoje no Diário Oficial começa a organizar de fato a regulação das internações em Campo Grande. “A despeito de a saúde ser municipalizada, Campo Grande tem a gestão plena, e todos os dias chegam ambulâncias do interior. Somos um hospital de portas abertas e acabamos recebendo esse paciente. Havia tempo que reivindicávamos uma efetiva regulação. Quem chega não tem que vir aqui direto para cá, tem que ser regulado. Outro problema que sofremos é a endemia de acidentes de trânsito. A Santa Casa é mal utilizada. Deveria ser reservada para cumprir sua função que seria média e alta complexidade, mas qualquer acidente acaba vindo para cá. Quando inaugurarmos as unidades do trauma, esse problema deve ser mitigado. Serão 128 leitos a mais”, diz.
Ele ainda emenda e diz que a regulação séria, no sentido de mandar para a Santa Casa, as especialidades que são referenciadas, evitaria as filas. “No caso do trauma, os mais complexos. Pois, assim teriam a disponibilidade de leitos para todas as pessoas que estão nas listas, que muitas vezes não tem como atender porque os leitos estão ocupados”, diz.
Leitos no país
O número de leitos disponíveis por mil habitantes no Brasil está aquém da orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os últimos levantamentos, datados de 2009, mostram que a oferta corresponde a uma média de 2,4 leitos por mil habitantes – ou 2,1 para 1000 no SUS e 2,6 para mil entre os beneficiários de planos de saúde. O índice faz parte do Painel Saúde em Números, relatório semestral elaborada pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp).
O índice preconizado pela OMS é de 3 a 5 leitos para cada mil habitantes. Japão e Alemanha, por exemplo, tem média de 13,7 e 8,2 leitos para 1000 habitantes, respectivamente. Nos Estados Unidos a média é de 3 leitos para mil habitantes.
O levantamento mostra que o Brasil também se mantém abaixo em termos de número médio de leitos por hospitais, com 71 leitos por hospital – ante 161 nos Estados Unidos e 119 no Japão.
O Painel Saúde em Números, da Anahp, consolida em um único documento dados de diversas fontes, tais como ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar ), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Ministério da Saúde, OMS e SINHA (Sistema Integrado de Indicadores Hospitalares Anahp).
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