Obra de Ceinf de R$ 2 milhões está parada há mais de dois anos

Obra de Nelsinho Trad deveria estar pronta em 2013

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Obra de Nelsinho Trad deveria estar pronta em 2013

A obra do Ceinf da Vila Nasser, orçada em mais de R$ 2 milhões, está há mais de dois anos parada. Iniciada em 21 de agosto de 2012, sob a gestão de Nelsinho Trad (PMDB), a obra que custou R$ 2.164.936,03 deveria estar pronta em 27 de agosto de 2013, conforme a placa da obra da Prefeitura de Campo Grande e do Governo Federal.

Entretanto, o local está abandonado, o que gera a revolta da população. A equipe de reportagem do Jornal Midiamax foi até o futuro Ceinf e se deparou com um terreno de um quarteirão que mais parecia um campo de paintball do que uma futura creche.

Mato e sujeira tomam conta do local. Materiais de construção estão espalhados por todo canto. Além disso, há diversos quartos, cobertos, sem portas. Até um par de botinas foi encontrado no terreno, prova de que o local não passa por uma supervisão e é visitado com frequência por moradores de rua e usuários de drogas. A estrutura da caixa d´água está toda enferrujada por conta das chuvas.

Três funcionários, enviados a pedido da Associação dos Moradores da Vila Nasser estão carpindo o terreno desde segunda-feira (8). Segundo eles, ainda vai um mês para carpir todo o local para que a Prefeitura possa vir com a máquina e dar continuidade à obra.

Vizinhos se indignam

Os vizinhos da obra já até se acostumaram com a situação de abandono. O marceneiro Emerson Ferreira, de 34 anos, não consegue nem estimar quando o Ceinf ficará pronto. “Do jeito que tá vai demorar ainda. O que me revolta é o valor gasto e o tempo parado”.

Segundo o marceneiro a obra parada serviu para transformar o local em esconderijo de malandro. “Virou esconderijo de usuário de drogas, de bandido, tem até lugar coberto para eles. O que era para o bem da comunidade trouxe insegurança, medo”.

Emerson ainda contou que até um tempo um guarda cuidava do Ceinf, mas ele abandonou o serviço após completar oito meses sem receber. “A empresa que pagava ele faliu e ele não recebeu nada. Vai até entrar na Justiça”.

O churrasqueiro Hilton Cesar de Almeida, de 28 anos, diz que a obra abandonada virou ponto de droga e de desova. “Virou tudo que a gente não queria, ficou perigoso. Esses dias a polícia estava aqui porque encontraram uma moto depenada lá dentro”. Hilton relata que além de tudo, sua casa vive infestada de insetos por conta do matagal do terreno.

Ceinfs parados

De 34 obras de Ceinfs na Capital, somente duas estão em andamento, e das 32 paradas, 19 são por falta de dinheiro da Prefeitura, nas quais seria necessário gastar pelo menos mais R$ 27 milhões para conclusão. O balanço foi mostrado em audiência pública na Câmara pela Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação) em março.

Segundo a Seintrha, os 34 projetos começaram entre 2011 e 2012. Em muitos casos, em virtude do tempo que as obras estão paradas, as empresas abandonaram os canteiros e estão sendo notificadas para a Prefeitura saber se há interesse, por parte delas, em tocá-los, ou se será necessário fazer novas licitações.

Inicialmente, convênios previam 75% das verbas do governo federal e 25% para o Município, mas, por causa da deficiências no projeto, como a falta de pisos, mais dinheiro teria que sair dos cofres municipais, equalizando os investimentos em meio a meio.

Fora as 19 paradas por falta de dinheiro, há 13 que, ainda de acordo com a Prefeitura, foram iniciadas por meio de convênio entre o Governo Federal e a construtora Casa Alta, com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. A empresa não teve “musculatura” para tocar os projetos que assumiu e os Ceinfs foram transformados em depósito de material, sem terem saído do papel.

Outro lado

Segundo a Prefeitura de não há cronograma para retorno das obras paradas e um dos motivos é o atraso no repasse de recursos federais, já que todos os Ceinfs em construção estão no Programa Pró-infância do Governo Federal.

A Prefeitura afirma haver atualmente cem Ceinfs funcionando, que atendem 13,8 mil alunos. Cada Ceinf atende crianças de cinco meses a quatro anos de idade, em período integral.

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