Energisa terá de ligar energia para moradores do prédio ‘Carandiru’

Liminar concedeu pedido feito pela Defensoria Pública    

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Liminar concedeu pedido feito pela Defensoria Pública

 

 

A Enersul terá que disponibilizar energia para moradores que ocuparam e vivem há mais de dez anos no ‘Carandiru’, prédio inacabado que tinha o nome de Residencial Athenas, na Mata do Jacinto, em Campo Grande na Capital.

Em decisão liminar, o juiz concedeu parcialmente o pedido da Defensoria Pública , de que a companhia de energia elétrica aceite a simples declaração de ocupante de prédio inacabado como documento para que os moradores do edifício possam solicitar energia, sob pena de multa de R$ 2.000,00 em favor da pessoa prejudicada.

A Defensoria Pública pretende a concessão da medida liminar para garantir aos moradores de edifício localizado no bairro Mata do Jacinto o fornecimento de energia elétrica porque, segundo alega, a companhia de energia estaria exigindo provas impossíveis aos moradores quanto à propriedade do bem ou quanto à sua posse.

Alega a Defensoria que esta prova é inviável, pois o prédio, embora ocupado por 54 famílias, está inacabado. Sustenta que as famílias invadiram o local em 1998, não havendo documentação de propriedade ou posse. Afirma que, sem a documentação, a empresa se recusa a fornecer energia elétrica, situação que leva as famílias a estarem no escuro ou fazendo uso de ligações clandestinas.

A decisão

Primeiramente frisu o juiz que o direito de acesso ao serviço de energia é inquestionável, “pois é um dos serviços públicos indispensáveis garantidos ao cidadão”. Ainda conforme o magistrado, a jurisprudência sobre o tema aponta no sentido de que o fornecimento de energia é serviço essencial, mesmo que situado em imóvel irregular, pois a recusa no fornecimento viola o princípio da dignidade humana.

“Faço apenas uma ressalva ao pedido formulado. Não será concedida a liminar exatamente como foi pedido, porque a dinâmica da vida pode fazer com que as pessoas descritas na listagem que acompanha a inicial não estejam mais no imóvel, ou haja algum tipo de equívoco naquela relação”, destacou.

Desta forma, explicou o juiz que, se a dificuldade imposta pela companhia para fornecer a energia é apenas cadastral, no sentido de que se comprove por documento idôneo a posse exercida sobre o imóvel, ele determina que deverá a requerida aceitar como documento a simples declaração do interessado, desde que os demais requisitos de segurança e de padronização de energia estejam preenchidos.

O conflito

Em julho, a Energisa, empresa responsável pelo fornecimento de energia elétrica de Mato Grosso do Sul, cortou a energia sob a justificativa que os moradores do prédio Carandiru não conseguem obter o serviço pelo fato de não possuírem documentos que comprovem responsabilidade pelo imóvel. 

“O fornecimento foi interrompido para garantir a segurança no local e aos clientes regulares. A empresa atua em todo o Estado no combate a furtos de energia, uma obrigação regulatória determinada pela Aneel”, explicou a empresa. Desde então, as famílias iluminam os apartamentos por meio de ligações clandestinas. Em protesto, moradores chegaram a atear fogo em entulhos e fechar uma rua. 

(Com informações do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul)

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