Audiência Pública discute como a mídia trata da violência contra as mulheres

Homicídios contra mulher são causados após anos de agressão

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Homicídios contra mulher são causados após anos de agressão

Durante a tarde desta quinta-feira (18) mulheres de vários movimentos e entidades discutiram em uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa como a mídia trata os crimes cometidos contra mulheres. Com base nos dados que vem aumentando os representantes de diversas entidades buscam o apoio da imprensa para combater os crimes contra as mulheres.

Proposta pelo deputado Pedro Kemp (PT), audiência debateu também a lei que torna crime hediondo o homicídio contra mulheres. Segundo dados do governo federal, o Estado é o quinto em assassinatos de mulheres e o segundo com maior número de estupros, superando São Paulo e Rio de Janeiro. Em 2014, o índice aumentou 51,35%.

A delegada da DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), Roseli Molina, disse que só em 2015 foram registrados três mil boletins de ocorrência na delegacia e na Casa da Mulher Brasileira, além de sete mil atendimentos.

Segundo Molina a imprensa ajuda a divulgar o trabalho da polícia informando que os casos estão sendo investigados e que as vítimas podem denunciar. “Tudo que vier para ajudar a combater violência contra mulher é oportuno e bem vindo. Nós estamos agregando trabalho e projetos para ter uma eficácia no atendimento”.

Moline pontuou que em 1986 apenas a DEAM fazia o atendimento de mulheres vítimas de violência e com o apoio da Casa da Mulher Brasileira, da OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil – Mato Grosso do Sul) e de órgãos como a Assembleia Legislativa o combate à violência tem gerado mais resultados. “As denuncias aumentam não só porque os casos aumentam, mas também porque a mulher cria coragem de denunciar”.

De acordo com a delegada, desde 2011 até 2015 todos os homicídios contra mulher foram causados após anos de agressão. “Hoje em dia 80% dos boletins geram medida protetiva”. Para a presidente da comissão de Combate a Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, Tatiana Ujacow, o Estado precisa realizar ações mais concretas para combater a violência.

“Temos que ter a garantia que a vida será resguardada, a mulher tem medo de denunciar uma agressão e o pior acontecer”.

Segundo Tatiana, toda a medida de socorro deve ser implementada pelo Estado para que tenha uma coação e uma prevenção. De acordo com a representante da OAB-MS muito se fala e são necessárias ações concretas. “A cidadania não pode ser uma cidadania de papel. Tem que ter a garantia do direito nas leis e ter a efetivação na prática”. 

A vereadora de Dourados, Virgínia Magrini (PP), que acusa um parlamentar da Câmara do município de assedio sexual também esteve presente na audiência e ressaltou que a mulher não pode ficar calada e nem achar normal as atitudes machistas cometidas por alguns homens. Ainda incrédula com o acontecimento a Magrini ressaltou que ficou descrente com a atitude do colega no ambiente de trabalho.

“O sentimento de fica é de repulsa, de revolta. Eu estava no meu local de trabalho e sou tão vereadora quanto o rapaz, nós estávamos em uma sessão e eu não pude fazer nada a não ser pedir para que ele parasse”.

A parlamentar destacou que a sociedade ainda não compreende casos como este e muitas vezes julga a vítima como se fosse culpada. Virgínia pede que medidas de proteção sejam feitas e pontuou que muitas vezes recebeu mensagens de repudia pela denuncia feita na delegacia contra o colega.

“Eu como mulher e como vereadora não poderia ficar quieta em relação a essa atitude, eu pensei muito e mesmo sendo julgada por alguns eu tomei a atitude e denunciei o caso à polícia”, concluiu. 

Conteúdos relacionados

Bolsa Família