Agropecuária é responsável por 62% dos gases de efeito estufa em MS
Dado está em levantamento do Observatório do Clima
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Dado está em levantamento do Observatório do Clima
O mesmo setor da economia que salvou o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de Mato Grosso do Sul nos últimos anos é, também, o responsável pela maior quantidade de gases de efeito estufa emitidas em Mato Grosso do Sul, segundo dados de 2014 divulgados recentemente pelo Observatório do Clima, rede de ONGs que reúne informações e ações sobre o tema no País. Conforme os dados do SEEG (Sistema de Emissões de Gases de Efeito Estufa), no ano passado, o Estado gerou mais de 55 milhões de toneladas de gases, das quais 62,5,%, ou mais de 34 milhões, vieram da atividade agropecuária.
O impacto do setor pode ser medido facilmente na comparação entre a participação geral de Mato Grosso do Sul no cenário nacional e apenas com o setor agropecuária. Se forem considerados os cinco itens em que as emissões de gases de efeito estufa são medidas, a representação sul-matogrossense equivale a 3,5% do total nacional, que passa de 1,5 bilhão de toneladas. Quando se compara apenas a emissão das atividades de pecuária e agricultura, esse percentual mais que dobra, passando para 8,5%.
Conforme o relatório, uma realidade nacional é sentida por aqui: a produção de energia está emitindo cada vez mais gases capazes de gerar o efeito estufa, apontado como responsável direto pelas mudanças no clima, entre elas o calor mais intenso. No ano passado, só no ambiente sul-mato-grossense, foram 8,8 milhões de toneladas desses gases. Isso representa 1,8% das emissões totais no País.
Resultado nacional
Segundo o SEEG, as emissões de gases de efeito estufa do Brasil em 2014 permaneceram estáveis em relação ao ano anterior, apesar da queda de 18% na taxa de desmatamento da Amazônia. O levantamento indica que o Brasil emitiu no ano passado 1,558 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente (t CO2e), uma redução de 0,9% em relação ao 1,571 bilhão de toneladas emitidas em 2013, ano em que a aceleração de 28% na taxa de desmatamento na Amazônia havia feito as emissões totais do país crescerem 8,2% em relação ao ano anterior.
O desmatamento menor em 2014 indicava queda também nas emissões, mas não foi o que se verificou, pois a alta de 6% na quantidade de carbono lançada ao ar pelo setor de energia impediu que a queda de 9,7% no setor de mudança de uso da terra (desmatamento) fizesse diferença na contribuição do Brasil para o aquecimento global no ano passado.
“Os novos dados consolidam o fim da fase de queda de emissões verificada entre 2004 e 2009. Desde então, as emissões têm flutuado em torno de 1,5 bilhão de toneladas de CO2”, afirma Tasso Azevedo, coordenador do SEEG.
O setor de energia emitiu, em 2014, 479,1 milhões de toneladas (mt) de CO2e, e hoje está lado a lado com mudança de uso da terra (486,1 mt CO2e) como principal fonte de gases-estufa da economia brasileira.
O crescimento, segundo a análise do Observatório do Clima, foi puxado pelos subsetores de transportes, que está emitindo 3% mais do que em 2013; de geração de eletricidade, que teve um aumento de 23%, devido principalmente ao acionamento de usinas termelétricas fósseis para fazer frente à seca que esgotou os reservatórios das hidrelétricas no Nordeste e no Centro-Oeste/Sudeste do país; e de produção de combustíveis, que teve aumento de 6,8% nas suas emissões em razão da produção e do refino de óleo e gás — que inclui a exploração do pré-sal.
“São níveis de emissão incompatíveis com o estado da economia, que ficou estagnada no ano passado”, diz André Ferreira, presidente do Iema (Instituto de Energia e Meio Ambiente), que coordenou as estimativas do SEEG de energia e processos industriais.
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