Intenção de voto deve mudar, dizem institutos de pesquisa

O alto índice de eleitores sem preferência por candidatos ou partidos eleva as expectativas sobre as pesquisas de intenção de votos a menos de três meses das eleições. Segundo diretores de institutos de pesquisa, as chances de uma reviravolta no cenário político são grandes, a exemplo do que ocorreu em eleições recentes. Fatores como candidaturas […]

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Foto. Ilustrativa.
Foto. Ilustrativa.

O alto índice de eleitores sem preferência por candidatos ou partidos eleva as expectativas sobre as pesquisas de intenção de votos a menos de três meses das eleições.

Segundo diretores de institutos de pesquisa, as chances de uma reviravolta no cenário político são grandes, a exemplo do que ocorreu em eleições recentes.

Fatores como candidaturas não confirmadas e o desconhecimento da população sobre as propostas dos políticos ajudam a explicar os votos brancos e nulos, as abstenções e os eleitores indecisos, cuja soma supera os 30%.

“O objetivo de uma pesquisa eleitoral não é antecipar resultados ou adivinhar quem vai se eleger, mas sim mostrar o cenário naquele momento e organizar a história da eleição”, afirma o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino. Ele acredita que o quadro atual registrado pela instituição será diferente do resultado do primeiro turno, em outubro.

Mudanças de preferência dos eleitores são comuns. Em maio, a senadora Kátia Abreu (PDT) chegou a liderar pesquisas de intenção de voto quando a campanha das eleições para mandato-tampão no Tocantins estava no início.

Tendência mais próxima ao verificado nas urnas foi registrada apenas no fim de junho, quando os institutos de pesquisa apontaram Kátia na quarta colocação, posição que de fato alcançou, com 15,6% dos votos.

Em Tocantins, um terço dos eleitores se absteve e 26% votaram branco ou nulo no segundo turno. A ausência nas urnas disparou alerta para as eleições de outubro, mas pode ser explicada também pela votação fora de época e prazo mais curto de campanha.

Trata-se também de um estado com recadastramento total. Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), dos 147 milhões de eleitores brasileiros, 87 milhões (59%) tinham feito o recadastramento até quinta (2).

A biometria será obrigatória em cerca de 2.800 cidades nas eleições deste ano.

Segundo Paulino, a questão do recadastramento já é abordada pelo Datafolha nas pesquisas. O objetivo é saber a real proporção dos que fizeram o registro biométrico e mapear seu perfil socioeconômico.

O recadastramento não representa, entretanto, uma dificuldade a mais para os institutos. Pelo contrário, pode facilitar as pesquisas ao atualizar o banco de dados dos eleitores.

No geral, os desafios dos institutos neste ano são maiores. Para Paulino, as trocas de posições dos candidatos nas pesquisas devem acontecer de forma rápida, especialmente a partir do horário eleitoral.

Tais oscilações devem se intensificar pela quantidade de informações entregues ao eleitor, que recebe fatos verídicos, mas também fake news.

“Hoje o eleitor toma uma decisão consolidada de voto mais tarde porque ele tem acesso a mais informações”, diz a CEO do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari Nunes.

Nesse sentido, as técnicas adotadas pelas instituições de pesquisa são determinantes para uma fotografia próxima à realidade. Há proliferação de entrevistas por telefone, que são mais baratas.

Para a Abep (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa), no entanto, entrevistas que não sejam face a face não são recomendadas, pois “nem sempre retratam com fidelidade a percepção real da maioria dos eleitores”, com amostras não necessariamente balanceadas.

O Datafolha é um dos institutos que utiliza o método presencial, além de apresentar ao entrevistado instrumentos que garantem a imparcialidade, como cartões circulares com os nomes dos candidatos -evitando hierarquia.

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