PF indicia José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula
Bumlai pode ter usado o nome de Lula
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Bumlai pode ter usado o nome de Lula
A Polícia Federal indiciou nesta sexta-feira o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, pelos crimes de corrupção passiva e gestão fraudulenta de empresas. O interrogatório de Bumlai foi marcado para a próxima segunda-feira, para que se manifeste em relação a diversos documentos apreendidos pela Polícia Federal em endereços da família. Várias fotos de Bumlai junto com Lula foram apreendidas pela Polícia Federal, incluindo de uma de viagem a Angola. Os advogados do pecuarista não quiseram se manifestar.
A Polícia Federal ressalta que Bumlai pode ter usado o nome do ex-presidente Lula para obter vantagens em negócios relacionados à Petrobras. Para os investigadores, as investigações devem ser aprofundadas e, embora o pecuarista tenha dito que não tinha ligação direta com o PT, foi encontrado documento em que o filho dele, Maurício Bumlai, pede ao partido sua desfiliação em fevereiro de 2014.
De acordo com as investigações, os R$ 12 milhões emprestados do Banco Schahin por Bumlai foram repassados a empresas do Grupo Bertin, do empresário Natalino Bertin, que podem ter se encarregado de fazer pagamentos a terceiros. A família Bumlai também não soube explicar, em depoimentos dados à Polícia Federal, a transferência de R$ 2 milhões para a empresa de fachada Legend, de Adir Assad, condenado na Lava-Jato por lavagem de dinheiro.
Em escritórios do Grupo Bertin, suspeito de repassar propina em negócios vinculados a Bumlai, foram encontradas anotações que relacionam o grupo a Lúcio Funaro, apontado pela PF como um dos operadores do Mensalão. Numa das reuniões agendadas teriam estado presentes Flávio Barra, ex-diretor da Andrade Gutierrez e réu na Lava-Jato e Luiz Alberto Meiches, um dos investigados no Supremo Tribunal Federal – segundo o a PF, “por fatos que envolveriam agente político com prerrogativa de foro”. Foram encontradas ainda anotações que se referem a telefonemas feitos a João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT e condenado na Lava-Jato a 15 anos e quatro meses de prisão.
A PF também relacionou documentos apreendidos em escritórios da família Bumlai a outros negócios da Petrobras, como uma correspondência da Mitsui & Co, fornecedora da estatal, dirigido à Agropecuária JB, uma das empresas do pecuarista, com cópia a um ex-gerente da estatal investigado num esquema que envolveu pagamento de propina por meio da agência de propaganda e marketing Muranno Brasil – que também recebeu repasses do doleiro Alberto Youssef e segue como investigada na Lava-Jato.
Foi apreendida uma correspondência encaminhada em abril de 2013 pela empresa Seadrill Serviços de Petróleo a Gerência de Sondas Contratadas, da Exploração e Produção da Petrobras. A correspondência trata das negociações mantidas pela Seadrill com a Petrobras para a renovação das sondas SS-68 (West Taurus) e SS-69 (West Eminence) e estava num dos endereços comerciais de Maurício Bumlai e Guilherme Bumlai, filhos do pecuarista.
“Indaga-se por qual motivo a minuta de um documento encaminhado pela filial brasileira da norueguesa Seadrill à Petrobras, relativo a tratativas para prorrogação de contratos de operação de sondas, era mantido em sala comercial pertencente aos filhos do principal investigado nesta etapa da Operação Lava-Jato”, assinala a PF.
2010: ANO DOURADO
Outro documento apreendido na residência de Maurício Bumlai em São Paulo, intitulado “Um ano dourado 2010”, traz cifras de supostos contratos futuros da Petrobras com a empresa Estre, que tem como sócios o BTG Pactual. O documento é de janeiro de 2010 e, segundo a PF, relaciona “projetos e fatos futuros de interesse de Maurício Bumlai e seus familiares”. Também foi apreendido um cartão de visitas com o logotipo da empresa, no qual aparece o nome de José Carlos Bumlai.
Em relatório encaminhado à Justiça Federal, a PF relaciona a existência de empréstimos não pagos, como o de R$ 12 milhões que Bumlai tomou no Banco Schahin, que teria como destinatário o PT, ao “modus operandis” do Mensalão, onde o Banco Rural concedeu créditos milionários a empresas do publicitário Marcos Valério.
PAGAMENTOS A EDISON LOBÃO
Entre os documentos apreendidos em endereços do Grupo Bertin foram localizadas oito notas promissórias, no valor total R$ 8 milhões, em nome do ex-senador e ex-ministro Edison Lobão Filho. As notas estão em nome da empresa Santri Participações Societárias. Os pagamentos foram feitos entre agosto de 2014 e maio de 2015. “Trata-se de análise preliminar e que demanda maior apuração acerca de indícios de possíveis ilicitudes”, diz o relatório da PF.
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