Este março marca os 50 anos do final do mandato do Presidente Emílio Médici, cujo governo pode ser avaliado como um dos três melhores da história republicana, segundo dados, realizações, resultados, nível da equipe. Não se trata de narrativa, mas de fatos registrados e inquestionáveis.

Quem pode contestar que foi em seu governo que o Brasil viveu seus anos prósperos? Que o crescimento médio anual foi de 11% e a renda per capita teve aumento de 40%? Que foi tocada as obras da Ponte Presidente Costa e Silva, da Rodovia Transamazônica, assinado o acordo de Itaipu, a inflação caiu 20% no período, que fundou a Embrapa e a Embraer? Criou o Funrural, que deu aposentadoria aos agricultores?

No mais, ele e seus filhos foram de conduta exemplar, discretos, austeros, corretos no comportamento. Talvez tenha sido o único na República que chegou ao cargo de maior mandatário do país sem ter ambicionado, e sim como missão patriótica. Teve como vice um grande brasileiro, Almirante Augusto Rademaker.

O presidente do tricampeonato foi também campeão ao formar um time admirável de ministros e ter chancelado uma boa safra de governadores. Sua seleção ministerial incluiu nomes consagrados de notáveis como o chanceler Mário Gibson Barbosa, os economistas Delfim Neto e Reis Veloso, relevantes como Antônio Dias Leite e Cirne Lima, Costa Cavalcanti, juristas como Alfredo Buzaid e Leitão de Abreu, militares competentes como Mario Andreazza, Jarbas Passarinho em ministérios civis.

Os governadores eleitos pela Arena estão entre os melhores que seus estados tiveram, como os casos de César Cals no Ceará, Antônio Carlos Magalhães, na Bahia, Rondon Pacheco, em Minas, e João Walter, no Amazonas.

Médici foi convocado em momento delicado da vida nacional, após o falecimento do presidente Costa e Silva, seu companheiro ao longo da carreira militar. Teve de enfrentar atos de um grupo radical denominado de “luta armada”, responsável pelos sequestros de embaixadores, atentados, execuções sumárias, inclusive de companheiros que abandonavam a aventura. Um período em que foram perdidas vidas desnecessariamente entre equivocados jovens idealistas e militares e civis, vítimas diretas ou indiretas dos que apelaram pela ação armada. Mas o positivo é que foram sufocados os focos revolucionários e o Brasil não viveu os horrores da perda de milhares de vidas como ocorreu em alguns países do continente. Nestes embates, como é praxe na história universal, não tivemos heróis, e sim vítimas.

Uma pena que o ressentimento dos derrotados provoque ainda a narrativa negativa, fraudulenta, sobre um período positivo de nossa história, em que, apesar da ação de influenciados por regimes totalitários, alcançamos bons resultados econômicos e sociais. E com homens da melhor qualidade.