A indígena Estela Vera, de 67 anos, assassinada a tiros na tarde de quinta-feira (15) em , cidade a 477 km de Campo Grande, era rezadora, uma liderança espiritual do povo Guarani e Kaiowá. O caso foi registrado na Polícia Civil como feminicídio.

Segundo a ANMIGA (Articulação Nacional das Mulheres Guerreiras da Ancestralidade), a região onde a idosa teve a casa invadida e foi assassinada é um território de retomada Yvy Katu em Mato Grosso do Sul.

A articulação ainda afirmou que se solidariza com a família da Nhandesy Estela Guarani e Kaiowá. “Estela ancestralizou lutando pelo demarcação do Tekoha do seu povo. De luto em luta gritamos por socorro pelos corpos território das Mulheres Indígenas que seguem sendo violentadas cotidianamente”.

Segundo o coordenador do (Conselho Indigenista Missionário), Matias Benno, há várias versões para o crime, porém ainda sem confirmação. “Há uma suspeita, sim, de que o assassinato tenha sido encomendado, como também há uma versão de que teria sido por desavença familiares, uma suspeita do marido, mas a gente está esperando um pouco mais de informações para poder chegar em um panorama mais claro, direto e concreto. Há inclusive também boatos de intolerância religiosa, mas para essa informação teria que ter mais aspectos para conseguir compreensão de que a motivação se deu pelo fato dela ser uma rezadora”, explicou.

“É uma pessoa fundamental ali que tem ampla participação na vida e recuperação do território e também na manutenção dos aspectos de espiritualidade própria”, a descreveu.  

Assassinato

O caso a princípio foi registrado como feminicídio. Estela foi morta a tiros após dois homens encapuzados invadirem sua residência, na Aldeia Porto Lindo. Tudo aconteceu na frente do filho, que conseguiu fugir dos atiradores.

Segundo informações do boletim de ocorrência, o cacique acionou a informando que a vítima estava em óbito. Ao chegarem ao local, os policiais constataram que o suspeito estaria na companhia de outra pessoa, que seria seu irmão.

O filho da vítima, que presenciou o crime, estava em estado de choque, mas conseguiu explicar que os autores saíram de uma mata e foram em direção a ele e sua mãe, que estavam no quintal. Ao ver os autores encapuzados e armados, ele disse ter saído correndo, mas sua mãe não conseguiu escapar e foi baleada.

Estela conseguiu correr por cerca de 30 metros, sendo atingida pelo primeiro tiro, caindo no pasto com várias perfurações. A perícia foi acionada e encontrou um cartucho de arma calibre 36. Os autores fugiram e não foram localizados.