Na busca por uma ‘Terra 2’, equipe identificou objeto na órbita de estrela parecida com nosso Sol

 

Uma equipe internacional de pesquisadores liderada por um astrônomo brasileiro descobriu um planeta extrassolar que pode ser considerado um “gêmeo” de Júpiter. Identificado na órbita de uma estrela muito parecida e com a mesma idade de nosso Sol, designada HIP 11915, a uma distância semelhante à que Júpiter está de nossa estrela e com uma massa também similar à do maior planeta de nosso Sistema Solar, o novo exoplaneta representa um importante passo na busca por um sistema planetário que seja similar ao nosso e que talvez abrigue um pequeno mundo rochoso no tamanho e posição certos para ser considerado uma possível “Terra 2”.

De acordo com algumas da teorias mais aceitas atualmente, a vida só teria conseguido se desenvolver e evoluir na Terra graças à influência que o gigante Júpiter exerceu na configuração de nosso Sistema Solar. Sua enorme gravidade, por exemplo, teria ajudado a evitar que o Sistema Solar interior fosse “invadido” por detritos da formação de nosso sistema planetário, que na forma de grandes asteroides poderiam extinguir a vida no planeta diversas vezes em eventuais colisões, efetivamente “limpando” o caminho para sua evolução.

Até agora, porém, a maior parte dos sistemas planetários extrassolares já descobertos tem uma configuração muito diferente do nosso. Neles, gigantes gasosos como Júpiter e planetas até maiores ocupam as regiões mais próximas das suas estrelas, onde impediriam ou dificultariam a formação de pequenos mundos rochosos como o nosso na chamada zona habitável, onde não estariam nem perto nem longe demais da estrela de forma que sua temperatura permitisse a existência de água em estado líquido na sua superfície, condição necessária para o desenvolvimento da vida como conhecemos.

Já no nosso Sistema Solar, são os pequenos mundos rochosos – Mercúrio, Vênus, Terra e Marte – que habitam as regiões mais próximas do Sol, com os gigantes gasosos Júpiter, Saturno, Urano e Netuno ocupando órbitas bem mais afastadas. Assim, localizar um sistema planetário com um “gêmeo” de Júpiter em uma órbita afastada similar é um passo significativo no caminho para encontrar um que seja um “espelho” mais próximo do nosso, destaca Jorge Melendez, astrônomo da Universidade de São Paulo (USP) e o líder da equipe responsável pela descoberta:

– A saga por uma “Terra 2”, e por um “Sistema Solar 2” completo, é uma das buscas mais excitantes da astronomia. Estamos muito satisfeitos de fazer parte destas pesquisas de ponta, possibilitadas com o uso dos equipamentos de observação fornecidos pelo ESO (sigla em inglês para Observatório Europeu do Sul).