Messias Cordeiro de Lima, de 25 anos, foi condenado a 45 anos de prisão pelo feminicídio de Karolina Silva Pereira, de 22 anos, e qualificado de Luan Roberto de Oliveira, de 24 anos, ocorrido na frente da casa de Karolina, no dia 30 de abril do ano passado, no Monumento em . Foram mais de 14 horas de julgamento.

Na época do crime, foi confirmada a premeditação do feminicídio. Messias planejou o crime por ciúmes de Karolina com Luan. Caio Moura, advogado, falou na época que antes de se entregar à polícia, Messias disse que, dias antes de atirar contra Luan e a ex-namorada, viu os dois se beijando em frente à casa dela e, a partir daí, começou a planejar a morte da ex-companheira de 22 anos. A versão diverge do relato das famílias das vítimas, que afirmam que os dois eram só amigos.

O rapaz ainda teria dito ao advogado que, como tinha cinco balas, o plano era usar duas contra Karolina e as três restantes em si mesmo e, inicialmente, não planejava matar Luan. A arma usada para cometer o crime foi comprada de um desconhecido há muito tempo e ninguém tinha conhecimento da pistola porque era guardada em um quarto onde ninguém entrava.

O advogado ainda contou que o autor do crime tinha esperanças de reatar o relacionamento que durou seis meses e que tinha sido rompido havia cerca de uma semana. No dia do assassinato, ele mandou por três vezes mensagens perguntando para a ex-namorada se estava se relacionando com outra pessoa e ela negou. Porém, ainda conforme o relato do advogado, o suspeito supostamente teria visto ela com Luan, considerou a atitude “desonesta” e continuou com o plano de assassiná-la.

O homem, então, foi até a casa dela para esperá-la. Quando viu os dois, se aproximou e apontou em direção à ex-namorada, atirou na jovem e Luan reagiu perguntando: “o que é isso?” Em seguida, ele atirou no tórax de Luan e atirou novamente na ex-namorada. Luan morreu no local e a mulher ficou internada em estado gravíssimo na Santa Casa.

O advogado Caio Moura diz que o cliente contou a ele que não tinha a intenção inicial de assassinar Luan e que se ele tivesse corrido não teria atirado contra ele. A intenção do assassino no início era matar a ex-namorada. Depois do crime, ele contou que ainda teria tentado se matar, mas as balas “picotaram”.

Depoimento das mães das vítimas durante julgamento

Muito emocionada, a de Karolina relembrou a mudança drástica de comportamento da filha após iniciar o relacionamento com quem viria a ser seu assassino. O colega de dela, Luan Roberto de Oliveira, que levava ‘Karol' para casa por causa das ameaças do réu, também foi morto por Messias.

A mãe Patrícia da Silva Leite foi uma das declarantes. Ela foi arrolada como testemunha tanto da defesa quanto da acusação, assim como a mãe de Luan Roberto, Ednamar Braga de Oliveira. Patrícia descreve a filha como dócil, amável e muito amigável. Além de filha, Karolina também era amiga da mãe. “Ela sempre lutou pelos objetivos dela por conta própria. Em casa sempre foi uma menina feliz, presente, gostava muito de estar com os amigos dela, com a família”, conta.

A partir do relacionamento com Messias, a filha mudou. “Parecia estar cega nesse relacionamento. Passou a aceitar certas coisas e brincadeiras que a Karol de antes jamais aceitaria”. A mãe relembra, também, que a filha deixou de frequentar alguns lugares por causa do novo namorado.

Patrícia também relatou que, em fevereiro de 2023, quando Messias terminou com Karolina, o réu passou a enviar mensagens para a ex-sogra, dizendo que Karolina estava com muitas dívidas. A mãe, então, conversou com a filha, que realmente confirmou dever R$ 22 mil em empréstimos.

Foi então que a mãe incentivou Karolina, que trabalhava em um escritório durante o dia, a arrumar outros trabalhos. Por isso e porque o sonho da filha era pagar o Coren (Conselho Estadual de Enfermagem) e finalmente seguir no ramo de técnica de enfermagem.

Antes da pizzaria surgir, Karol começou a trabalhar como maquiadora. Foi então que uma amiga e cliente a indicou na pizzaria, onde conheceu o colega de trabalho Luan Roberto.
Não possuíam relacionamento

A mãe de Luan também foi ouvida no Plenário do Tribunal do Júri. Ela reforça que Luan nunca mencionou Karol para ela. Mãe e filho eram muito próximos. “O Luan me deixou e eu entrei em desespero porque nunca tinha ficado sozinha em casa. Agora eu vivo sozinha, meu filho mora aos fundos, mas eu vivo sozinha o tempo todo”, lamenta a ausência do filho.

Patrícia também mencionou em seu depoimento que Luan não tinha nada a ver com o caso. “Por quê? Minha filha era uma menina boa, aquele rapaz que não tinha nada a ver com nada, só foi ajudar minha filha. Por que, meu Deus?”, questiona.

O crime ocorreu em 30 de abril de 2023 e Luan levava Karolina para casa por um acaso, já que o outro motoentregador da pizzaria, que revezava com o colega para deixar Karol em casa por causa das ameaças de Messias, estava dormindo.

O assassino esperou a ex-namorada chegar em casa embaixo de uma árvore. Ele disparou em Karolina e depois em Luan. A ex-namorada conseguiu correr e foi baleada nas costas. A mãe, Patrícia, conta que recorda de ter escutado três disparos na noite do crime.

“Eu pedi para meu esposo ver o que tinha acontecido, mas falei para ele olhar por cima do muro para não sair direto. Foi então que ele viu um rapaz [Luan] caído de bruços. Ele falou liga para o socorro”, explica.

Foi somente depois que avistaram o corpo de Karolina caído na casa da frente. “Nesse momento a gente saiu desesperado, sem se importar se era um assalto. Minha filha estava agonizando, parecia que queria falar alguma coisa. Os vizinhos começaram a sair porque eu gritava muito”, disse.

Luan chegou a ser socorrido, mas morreu no local do crime. Karolina foi levada para a Santa Casa e teve a morte confirmada em 2 de maio, dois dias após o crime.
Dia muito difícil

Patrícia falou ao Jornal Midiamax sobre a dor da perda da filha e o que espera com o júri. “Espero que a Justiça faça o correto para que sirva de exemplo e que fique preso”, disse.

A mãe de Luan, Ednamar também conversou com nossa equipe e disse que espera que Messias pegue a pena máxima. “Creio na justiça de Deus, primeiramente, porque essa não falha e ninguém escapa, e na justiça do homem. A gente espera pena máxima, porque eles não tiveram nem chance de defesa”.

Jovens foram mortos no dia 30 de abril, no Jardim Monumento, em Campo Grande (reprodução)