Dois homens presos na Operação Arnaque, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), são servidores municipais em Mato Grosso do Sul. Um é professor e tem cargo comissionado em Japorã, enquanto o outro atua na limpeza de uma escola, em .

Contra os dois servidores foram cumpridos mandados de preventiva e o servidor de Anaurilândia ainda foi preso em flagrante por ter munições em casa. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra os investigados.

O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) se manifestou favorável ao pedido de liberdade provisória do servidor municipal de Anaurilândia, pelo flagrante, sendo mantida a prisão preventiva quanto à operação. Ao Midiamax, o prefeito Edson Takazono afirmou que será aberto procedimento administrativo.

No entanto, ainda relatou que conhece o servidor e que acredita que ele tenha sido enganado pelos advogados. “Ele vive em situação de pobreza”, afirmou. Em depoimento, o servidor confirmou que recebe um salário mínimo por mês e atua na limpeza de uma escola.

Já o prefeito de Japorã, Paulo César Franjotti, afirmou que terá reunião com o setor jurídico da Prefeitura para definir as medidas que serão tomadas quanto ao professor. Em março deste ano, o professor foi nomeado coordenador pedagógico no município.

Vereadora também foi alvo da operação

Na quarta-feira (5), a presidente da Câmara de Paranhos, vereadora Professora Beth, foi presa preventivamente pelo , na Operação Arnaque. Ela ainda passou por audiência de custódia no mesmo dia e deve ser encaminhada ao presídio.

O Midiamax entrou em contato com um vereador de Paranhos, que relatou que a Câmara está em recesso até agosto. Por isso, ainda não devem se manifestar sobre a prisão da presidente da Casa de Leis, Elizabeth Brites Benites (PSDB).

Ao todo, na lista de réus estão 39 alvos da operação, com mandados de prisão preventiva. Entre eles, advogados e também servidores públicos. Além da vereadora de Mato Grosso do Sul, um vereador e policial militar da reserva, também foi preso.

Operação Arnaque

Conforme o Gaeco, a organização criminosa, a princípio chefiada por advogado de – cidade onde outros advogados também foram presos – teria movimentado R$ 190 milhões em 5 anos. O advogado, morador de Iguatemi, tem atuação em 10 estados.

No Piauí, escritório que teria prestado serviços para ele foi alvo de buscas, com notebooks, pen drives e celulares apreendidos. Também o próprio advogado foi preso naquele estado, conforme apurado pelo Midiamax.

Já em Iguatemi, além do escritório do advogado, a casa da família foi alvo de cumprimento de mandado de busca e apreensão. Na casa, foram apreendidas várias armas de fogo, entre elas dois fuzis, também espingardas, revólveres e pistolas.

Ao todo, 7 advogados foram presos. Além dos dois vereadores, dois servidores públicos estão na lista dos acusados. Em MS, foram cumpridos mandados em Naviraí, Paranhos, Tacuru, Sete Quedas, Eldorado, Anaurilândia e Chapadão do Sul.

Também foram cumpridos mandados nos estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, e Piauí, sendo todos expedidos pelo Juízo da 4ª Vara Criminal de Competência Residual da comarca de Campo Grande.

Os mandados de prisão foram cumpridos pelos crimes de integrar organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e uso de documento falso.

Advogados fraudavam empréstimos

Foram identificadas pelo Gaeco duas organizações criminosas lideradas por advogados responsáveis por mais de 70 mil ações judiciais em todas as regiões do país, muitas delas consideradas temerárias pelo Poder Judiciário.

As organizações criminosas agiam obtendo procurações de idosos, deficientes e indígenas para, ao final, ajuizarem múltiplas demandas em nome deles contra instituições financeiras, terminando cerca de 10% dos casos com procedência; quando não são feitos acordos em massa com instituições financeiras.

As investigações revelaram que os crimes, apesar de explorarem pessoas em grave situação de pobreza e vulnerabilidade social, permitiram que líderes das organizações criminosas movimentassem cerca de R$ 190 milhões em menos de cinco anos de atividade.

O cumprimento da ordem judicial, no caso da Paraíba, foi acompanhado por representantes da Comissão de Prerrogativas da OAB.