Após registrar gastos de R$ 3 milhões por mês com 595 comissionados, a nomeação de servidores para cargos em comissão no município de virou alvo de inquérito civil no (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), conforme publicação em Diário Oficial nesta sexta-feira (29).

Em fevereiro deste ano, matéria do Jornal Midiamax apontou que a contratação de comissionados havia batido recorde no município e, pela primeira vez desde que os dados referentes a pagamentos são disponibilizados publicamente, havia tantos comissionados na cidade exigindo tamanho desembolso financeiro dos cofres públicos.

Conforme o inquérito civil instaurado, será apurado se as nomeações estão sendo realizadas em desacordo com o estabelecido pela Constituição Federal. Conforme o artigo 37 da Carta Magna, o preenchimento de públicas deve ser feito considerando os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Nesse sentido, cargos comissionados precisam ser preenchidos nos percentuais mínimos previstos em lei e se destinando apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento. De acordo com o MPMS, o inquérito irá verificar se houve violação ao inciso II do mesmo artigo constitucional, que dispõe sobre a investidura em cargo público mediante prévia aprovação em concurso.

O procedimento corre em sigilo, sob a supervisão do promotor de Justiça Luciano Conte, da 5ª Promotoria de do Patrimônio Público e Social, Defesa do Consumidor, Curadoria dos Registros Públicos e Fundações.

Escalada de nomeações

No início do mandato de Ruiter Cunha – que faleceu em novembro e fez com que Iunes assumisse o comando de Corumbá, pois era vice – foi registrado em janeiro de 2017 o gasto de R$ 1 milhão com 204 comissionados. Em outubro do mesmo ano, último mês de Ruiter à frente a prefeitura, 410 comissionados receberam R$ 2,2 milhões.

Já no mês seguinte, com o município sob o comando de Iunes, o número de comissionados passou a ser de 451, com gastos também de R$ 2,2 milhões. Em janeiro de 2018, os dados indicam que R$ 2,3 milhões foram usados para pagar 467 comissionados.

O ano de 2019 começou com uma pequena queda no número de comissionados em janeiro com relação a janeiro de 2018: 456 funcionários renderam gasto de R$ 2,3 milhões, segundo o Portal da Transparência. Porém, daí em diante, os gastos e nomeações só cresceram.

É o que mostram os números de abril, quando R$ 2,5 milhões foi o tamanho da folha paga para os 493 comissionados daquele mês. Em julho, o total de comissionados passou dos 500, chegando aos 533, enquanto os gastos com estes foi de R$ 2,7 milhões.

Já em outubro, 565 comissionados custaram aos cofres públicos de Corumbá R$ 2.857.561,17, subindo para R$ 2.896.942,61 em novembro para pagar os 572 comissionados registrados naquele mês. Entre os meses citados, o 116 comissionados foram acrescidos à folha, gerando um impacto de aproximadamente meio milhão de reais.