Em sigilo, polícia busca ‘mandante’ de carta anônima que envolve cúpula do MPE-MS
Caso surgiu com envio de carta anônima para desembargador
Eser –
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A delegada Ana Cláudia Medina, titular da Deco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado), investiga sob sigilo o episódio que implica a cúpula do Ministério Público de Mato Grosso do Sul com o envio de uma carta anônima para um desembargador do Tribunal de Justiça. O caso levou à demissão da assessora de assuntos institucionais do gabinete do procurador-geral de justiça, Paulo Cezar Passos.
Caso seja necessário investigar a participação de Paulo Cezar dos Passos no episódio, seria necessária uma autorização do TJMS. Como o caso segue sob sigilo, a delegada não se manifestou e se limitou a confirmar a existência do procedimento na Delegacia.
Tatiana Armôa Machado era assessora direta de Passos e admitiu que foi quem mandou a carta. Ela atuava havia 15 anos no MPE sem concurso público, era apontada como ‘braço-direito’ de Paulo Passos e recebia em torno de R$ 16.856,58 mensais.
A investigação preliminar tenta descobrir quem teria sido o ‘mandante’ na trama, que teria tentado implicar o promotor de Justiça, Marcos Alex Vera, ex-chefe do Gaeco, num suposto vazamento de informações para a imprensa. No entanto, foram usados emails inexistentes e o amadorismo levantou suspeitas sobre a real motivação do episódio que começou a ser investigado por ordem do desembargador Paulo Alberto Oliveira, que já comandou o MPE.
O caso é tratado também em segredo pela cúpula do MPE. Na última quarta-feira (20), no entanto, o atual chefe do ministério, Paulo Passos, demitiu a assessora de assuntos institucionais que estava com ele por mais de dez anos e confirmou que a exoneração sumária tem a ver com o caso.
Tatiana era assessora direta de Passos e admitiu que foi quem mandou a carta. Ela recebia R$ 16.856,58 mensais e só foi descoberta porque a investigação sobre o envio da carta chegou até o marido dela, assessor de um vereador na Câmara Municipal de Campo Grande.
Inicialmente, ele chegou a implicar diretamente Paulo Cezar dos Passos no caso, afirmando que cumpriu a ‘missão’ a mando e com anuência do Procurador-Geral. Mas, após uma reunião com o chefe da esposa, ele mudou a versão inicial e disse que se enganou. Pouco depois, a mulher foi exonerada.
A tal carta anônima indicava que Marcos Alex recorria a e-mails para enviar as mensagens mantidas em segredo. Informalmente, ele disse que a correspondência é uma “montagem primária, aparentemente feita para ser descoberta, sem a mínima consistência”. Sustentou ainda que o supostos vazamentos “são apenas links para notícias antigas de outros jornais”. O promotor afirmou que quer o caso investigado logo.
Nesta sexta-feira, o Midiamax tentou entrevistar Marcos Alex, por meio da assessoria de imprensa do MPE, contudo, no fim da tarde, o jornal foi informado que o diálogo seria agendado para esta segunda-feira (25), num horário ainda a ser combinado.
Por WhatsApp, a delegada que conduz o caso, Ana Cláudia Medina, disse que “a apuração preliminar tramita em sigilo” e “quando puder se manifestar estará à disposição [da imprensa, no caso].
Sherlock
Tão curioso quanto ao histórico da correspondência foi o modo como foi descoberto de onde saiu a carta anônima que parou nas mãos do desembargador.
De acordo com o apurado pelo Midiamax, assim que o envelope foi entregue nas mãos de Paulo Alberto Oliveira, empossado desembargador em fevereiro deste ano, ele quis saber quem foi que havia entregue e a mando de quem.
Usando imagens do circuito interno do TJ-MS e até laudos papiloscópicos, a investigação identificou um motorista lotado no gabinete de um vereador na Câmara Municipal, como a pessoa que entregou a mensagem na portaria da corte.
Assim que localizado, o servidor implicou Jean Fernandes, assessor do vereador Eduardo Romero (Rede). Confrontado, o servidor afirmou que o material teria sido enviado com conhecimento, participação e anuência de Paulo Passos, o chefe do MPE.
Depois, descobriu-se que Jean é marido da então assessora de Passos, Tatiana Armôa, demitida nesta semana por declarar que ela mandou a carta anônima. Contudo, até agora a agora ex-servidora do MPE não justificou o motivo do envio da correspondência. O principal objetivo da investigação em andamento deve, portanto, ser apontar a real motivação e quem seria o ‘mandante’ da denúncia falsa.
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