MPF investiga casos de perseguição e tortura nos tempos da ditadura em MS
Inquérito investiga casos ocorridos entre 1946 e 1988
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Inquérito investiga casos ocorridos entre 1946 e 1988
O MPF (Ministério Público Federal) abriu Inquérito Civil para apurar violações de direitos humanos por agentes do Estado na região de Campo Grande no período de 1946 a 1988, notadamente no período da ditadura militar. A ação atende solicitação de um levantamento feito pelo Comitê Memória, Verdade e Justiça de Mato Grosso do Sul, que relaciona vítimas e testemunhas dos casos ocorridos neste período.
A ação esta sendo promovida pela procuradora da república, Danilce Vanessa Arte Ortiz Camy, que recebeu a relação com 17 nomes, entre vítimas e testemunhas, encaminhado em ofício pelo Comitê na última sexta-feira (23). O documento encaminhado ao MPF também lista os locais e órgãos oficiais utilizados como prisões e locais de tortura.
De acordo com Haroldo Martins Borralho, uma das vítimas arroladas, o envio do documento, deve agilizar o processo de investigação. “ Nos reunimos com a procuradoria no início do mês. Ficou acordado que com a relação destes nomes, as pessoas começariam a prestar seus depoimentos e finalmente esclarecer todas as barbaridades que ocorreram na época”, explicou.
O pedido de investigação do Comitê ocorreu há aproximadamente dois anos, mas agora ocorre uma comoção nacional para esclarecer os fatos relatados. Segundo Haroldo, a procuradoria também pretende ouvir possíveis torturadores da época da ditadura.
Ainda de acordo a testemunha, Mato Grosso do Sul teve casos sérios de tortura e perseguições, que podem ser esclarecidos nesta ação do MPF. “Meu caso foi até simples. Não cheguei a ser preso, nem torturado, mas tive meu telefone grampeado e fui perseguido politicamente durante 20 anos. Hoje não consigo me aposentar. Tudo reflexo do que houve naquela época. Mas há casos piores, de gente torturada cruelmente em um navio prisão em Corumbá, por exemplo”, completou.
No documento encaminhado para procuradora Danilce, há registros de violações no período referido, como os casos do Navio-Prisão de Corumbá e das populações indígenas do sul e da região do Pantanal, do Povoado de São Carlos, em Caracol. A ação investiga ainda o uso do porão de uma antiga casa na esquina da rua Calógeras com a avenida Mato Grosso, como local de cárcere e tortura de adversários do golpe militar. Unidades do Exército também foram citadas no documento. (Com supervisão de Evelin Araujo)
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