Prefeitura pressionou Estado para ‘dividir a conta'

O Secretário de Estado de Saúde Nelson Tavares afirmou nesta sexta-feira (10) durante reunião na Santa Casa de que não é possível que a administração estadual arque com os R$ 1,5 milhão que a prefeitura vai deixar de contribuir com a unidade de saúde. “Outros sete hospitais do interior também precisam de ajuda. A Santa Casa não é o único hospital que passa por dificuldades”, explicou.

Segundo Tavares, há uma falta de ordenamento no repasse de recursos da Saúde em todo o Mato Grosso do Sul. “Estamos estudando uma forma de distribuir melhor os recursos da saúde e agora não temos condições de arcar com esse compromisso”.

A prefeitura de Campo Grande tem gestão plena dos recursos da saúde, que são repassados do Estado diretamente para a administração municipal. Com isso, o Estado não tem obrigação de colaborar, mas historicamente tem contribuído com os hospitais da Capital.

Para o secretário de saúde, é possível que o Estado volte a colaborar com a Santa Casa após uma consultoria, que seria realizada para que a administração de saúde estudasse a aplicação dos recursos.

Impasse

A Santa Casa trabalha com déficit orçamentário desde que a ABCG (associação Beneficente de Campo Grande) voltou a gerir o hospital, segundo o diretor da entidade Wilson Teslenco. Nos últimos quatro meses, o município estava repassando R$ 3 milhões ao hospital, mas afirmou neste último mês que não vai conseguir aumentar a verba.

Isto porque em dezembro do ano passado, a prefeitura disse que depois dos quatro meses iria aumentar o repasse em um milhão. “Além de não aumentar o repasse, a prefeitura anunciou que vai diminuir para R$ 1,5 milhão”, disse Teslenco.

Com isso, o hospital, que já opera abaixo do orçamento, deve fechar algum setor de atendimento para cortar gastos. Segundo o gestor, em setembro o hospital ficou devendo R$ 4,5 milhões, em outubro R$ 5,9 milhões, em novembro R$ 2,7 milhões e em dezembro 6,3 milhões. Em janeiro, quando começaram os repasses da prefeitura, a Santa Casa ficou devendo R$ 900 mil e em fevereiro R$ 1,2 milhão.

Após não sinalizar uma ajuda, a ABCG, a Sesau e a promotoria, além dos conselhos de saúde e vereadores, devem se reunir na quarta-feira (15) para tentar alternativas de angariar fundos para manter o hospital.