O escândalo no (Tribunal de Contas do Estado de ), que levou a Polícia Federal para casa de três conselheiros, reacendeu críticas ao custo da corte e revelou episódio recente que serve de lição para políticos sul-mato-grossenses de olho na aposentadoria dos sonhos.

Para ficar com uma vaga, interessados precisam entrar em verdadeira briga de foice e usar todos os recursos disponíveis, como relatórios oficiais recém-revelados registram.

Além da negociação política que envolveria ‘blindagem' aos aliados que os colocam lá, ex-futuros conselheiros estariam implicados até em episódios de chantagem pela nomeação. Vale tudo para terminar a vida política no órgão com um dos maiores orçamentos regionais.

Agora, em véspera de ano eleitoral, tem gente prometendo questionar firmemente os muitos cargos para não concursados disponíveis e o custo para MS da posição privilegiada dos conselheiros com relação aos políticos e ordenadores de despesas ‘da ativa'.

Além disso, o escândalo deve impactar as tratativas que se arrastavam por vagas ainda nem abertas. Segundo interlocutores, já tem gente que chamou a equipe e retomou reorganização dos cabos eleitorais para garantir a reeleição em 2022, ao invés de esperar a boquinha antes considerada como certa.

Ex-crítico do TCE-MS implicado em escândalo 21 anos depois

Mas, não é de hoje que a classe política sul-mato-grossense tem oportunidade de repensar o papel do TCE-MS.

Recorte de jornal de 2000: 'Waldir Neves questionando 'despesa monumental' do TCE-MS" (Reprodução, Jornal Folha do Povo, 1/5/2000, p.4)
Recorte de jornal de 2000: ‘Waldir Neves questionando ‘despesa monumental' do TCE-MS” (Reprodução, Jornal Folha do Povo, 1/5/2000, p.4)

Há 21 anos, quem ocupou a tribuna da de Mato Grosso do Sul para criticar o custo e a relevância da corte de contas foi justamente Waldir Neves, então deputado pelo PSDB. “O Tribunal tem despesa monumental e precisamos ter coragem de enfrentar isso”, bradou em 1 de maio de 2000.

Na época, deputados como o atual secretário de saúde, Geraldo Resende, ou José Teixeira, reclamavam por gasto muito inferior ao atual: o peso do TCE-MS para os contribuintes sul-mato-grossenses era de ‘apenas' R$ 8 milhões por trimestre.

Em 2020, somente os gastos brutos com pessoal do Tribunal de Contas de MS passaram de R$ 241 milhões.

Nove anos depois das críticas inflamadas, Waldir Neves foi escolhido pelos colegas parlamentares e virou conselheiro na mesma corte cujos gastos milionários questionava. O ex-crítico, no entanto, se acomodou muito bem ao TCE-MS: em 2015, Neves foi eleito presidente em chapa única e comemorou: “nunca houve disputa entre nós”.

Agora, Waldir Neves, junto com os também conselheiros Osmar Jerônimo e Ronaldo Chadid, está entre os investigados na Operação Mineração de Ouro, que realizou buscas na sede do TCE-MS, além de endereços ligados aos três e apreendeu mais de R$ 1,6 milhão, além de dólares, libras esterlinas e euros.